A proposta é de compreender e discutir a questão da mobilidade em países desenvolvidos e quais são as consequências desse modelo implantado por eles. O local escolhido para esta análise foi a União Européia, e como se faz a integração dela por meio do transporte ferroviário. Quais são as vantagens e desvantagens desse transporte alternativo, como os trens balas, etc. Por que a implementação desse modelo é viável economicamente tanto para o país como para o povo. Após a discussão desses dados, a análise se cabe ou não ao Brasil esse modelo.
Para melhorar a mobilidade das cidades é necessário várias transformações dentro do espaço público. Para ela ser totalmente móvel deve ter sua acessibilidade garantida, pois quanto mais perfeito for o sistema, mais certo dará o plano de mobilidade. A educação e cultura de um povo faz a diferença. Exemplo de Acessibilidade é a União Européia onde seus países garantem há muito tempo os direitos de pessoas com mobilidade reduzida, deficientes, surdos, etc.
Para dar certo, a acessibilidade, foi necessário também uma mobilidade adequada, portanto seus ônibus, metrôs e calçadas são acessíveis a todas as pessoas e com qualidade de atendimento e pontualidade. Mas analisando a União Européia será que é possível identificar soluções para os problemas de mobilidade dentro do território nacional? O desperdício de alimento que chega a 60% desde a produção até o consumidor final, poderá ser reduzido se tivermos maneiras mais eficientes e seguras de transporte? Essas são apenas duas questões que poderão ser enfrentadas no decorrer desta análise.
1. A questão da Acessibilidade:
Acessibilidade deve ser entendida não somente como algo que pessoas com cadeiras de rodas possam alcançar, a acessibilidade é feita para todos, tanto que a arquitetura dos últimos tempos tem se preocupado com ela, pois um local acessível é bom não somente para os cadeirantes, mas também para as gestantes, os idosos, e pessoas com mobilidade reduzida por decorrência que algum problema momentâneo ou permanente. A acessibilidade é importante não somente no espaço físico das cidades, em seus prédios públicos e privados, como também nas calçadas, nos transportes coletivo e claro na vida das pessoas como com a internet, etc. Portanto podemos perceber que a acessibilidade é o elemento fundamental para que seja desenvolvido o direito da igualdade de participação de pessoas sendo elas deficientes ou não.
2. A questão da Mobilidade:
O conceito de Mobilidade Urbana é entendido como, "Um atributo associado às pessoas e aos bens; corresponde às diferentes respostas dadas por indivíduos e agentes econômicos às suas necessidades de deslocamento, consideradas as dimensões do espaço urbano e a complexidade das atividades nele desenvolvidas. "(MINISTÉIRO DAS CIDADES, 2007, p.41).
A mobilidade dentro de uma cidade portanto, deve promover a articulação das políticas de transporte, trânsito e acessibilidade a fim de proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço de forma segura, socialmente inclusiva e de qualidade. A implementação de um projeto que prioriza o transporte coletivo de massa como metrôs, deve colaborar para o desenvolvimento sustentável de uma cidade.
O conceito de Mobilidade Urbana nos diz que as políticas públicas de transporte, trânsito e de uso e ocupação do solo devem ser elaboradas de maneira conjunta e harmoniosa. Mas ao que tudo indica não é bem analisado, as soluções tomadas pelas cidades e estados são momentâneas, como aumentar as pistas de carro, recapear rodovias para o acesso de ônibus e caminhões que transportam a população brasileira e a alimentação dela por todo o Brasil. Essa prática leva somente ao crescimento da frota nacional privilegiando o transporte individual. Não é necessário portanto, que as pessoas deixem de possuir seus carros, mas é importante que elas tenham o direito de escolha de um meio de transporte mais seguro e eficiente, com qualidade no transporte público elas passam a deixar seus carros na garagem pois com a eficiência do transporte ela economiza e chega a seu destino talvez mais rápido do que de carro.
Mas o conceito de Mobilidade Urbana no Brasil é um termo novo para a sociedade em geral, uma parcela significativa de nossos cidadãos não tem em sua mente a concepção de quais são os problemas relacionados a essa questão. No estatuto das cidades podemos perceber que teoricamente as cidades devem ser construídas para o povo e não mais para os automóveis, priorizando então a qualidade de vida e portanto o transporte coletivo entra em discussão fundamental.
3. Veículos sobre trilhos:
3.a. Metrô;
O metrô é o mais eficientes meio de transporte do mundo moderno, Metrô é um sistema de trens em sua grande maioria por transporte subterrâneo e é usado para transportar grande quantidade de passageiros em áreas urbanas.Em uma grande cidade ele é um recurso fundamental para a mobilidade dela, por isso deve possuir a capacidade de transportar grande quantidade de passageiros e permitir a estes, facilidade ao seu acesso e claro qualidade e pontualidade em seu funcionamento.
3.b. Trens;
Uma composição ferroviária, o trem consiste em um ou vários veículos ligados entre si e capazes de se movimentarem sobre um trilho, para transportarem pessoas ou carga de um lado para outro, segundo uma rota previamente planejada. Os trens foram fundamentais durante algumas épocas no mundo como na revolução industrial, permitindo o deslocamento da matéria prima para as fábricas. No Brasil o primeiro trem a circular foi em 1854 com o Barão de Mauá, ligando o Porto de Mauá a Fragoso, no Rio de Janeiro, uma via de 14,5km. Podemos perceber que a tentativa de implementação desse meio de transporte no Brasil é de muitos anos, em 1889 já existiam mais de dez mil quilômetros de ferrovias. No inicio do século XX a Central do Brasil era um marco importante na história ferroviária Brasileira. Ela era a única ferrovia verdadeiramente nacional, já que ligava entre si os três principais estados do Brasil, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Esta interligação tinha um enorme movimento de pessoas e cargas.
3.b.1. Trens Bala;
O trem Bala é um comboio de alta velocidade, velocidade que gira em torno dos 250km/h a 300km/h, existem trens balas que podem chegar a mais de 500km/h, como é o caso do protótipo japonês de levitação magnética que estabeleceu o recorde de velocidade de um trem ao atingir os 582 km/h. No mundo já existem linhas desses trens em vários países como na Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Reino Unido entre outros fora da União Européia como Japão, China e Coréia. Na Europa esse modelo é usado para interligar os países, como por exemplo a ligação dos países baixos com a Bélgica e a França, tem também a questão do Reino Unido que tem seu trajeto pelo túnel do canal da mancha e chega na Europa Continental.
3.c. Veículos Leves sobre Trilhos;
Esse modelo de transporte como o próprio nome já diz são veículos projetados para transportar passageiros que rodam sobre trilhos. São elétricos ou a diesel, e hoje são uma solução encontrada em países da Europa e Ásia, principalmente para desafogar o trânsito dessas cidades. Esse transporte é solução para as cidades com custo menor do que intervenções como viadutos e ampliações de rodovias e ruas que com certeza só irão colaborar para a aquisição de novos automóveis pela população. Os VLTs são capazes de desafogar o transito em 50 carros, com economia maior que a dos ônibus e também designes mais bonitos e modernos. No Brasil o primeiro VLT a ser implantado será em Maceió, que já tem um investimento do Governo Federal no valor de R$150 milhões, mas mesmo assim os custos de implementação dessas linhas na região Nordeste do Brasil é de baixo custo pois existe muita malha ferroviária parada que pode ser utilizada, portanto já existem estudos de implementação desse modelos em várias cidades nordestinas como em Recife, Fortaleza e é claro Maceió.
4.Veículos sobre trilhos no Brasil:
No Brasil o desenvolvimento ferroviário sempre se deu devido a intenções políticas, segundo o estudioso engenheiro José Eduardo Castello Branco essa evolução das ferrovias é dividido em fases, a primeira de 1835 a 1889, com o segundo reinado teve seu inicio lento com empresas privadas mas após o ano de 1873 houve uma expansão acelerada dessa malha ferroviária mas também patrocinada por empresas privadas. A partir de 1889 até 1930 houve uma continuidade no crescimento, mas desta vez o estado se viu obrigado a assumir o controle financeiro em várias empresas com dificuldades, essa época se dava a República Velha. Com Vargas no poder a partir de 1930 até 1960 houve uma diminuição desse ritmo acelerado de expansão com o pós- guerra principalmente, havendo então um controle do estado sobre essas empresas antes privadas. Após esse período até 1990 compreende-se que vivemos praticamente sobre o regime militar, e o governo dominava a malha ferroviária nacional, com a falta de investimento do governo em manutenção, a malha ferroviária no Brasil teve um sucateamento parcial de sua frota.Então a partir de 1992 começaram as discussões para privatização, os leilões começaram em 1996. Atualmente o transporte de cargas sobre Trilhos está em uma boa fase, ainda se recuperando das perdas sofridas durante o tempo de estatal.
5. Veículos sobre trilhos na Europa:
Na Europa os trilhos são parte do cotidiano, sempre ocorre investimentos e atualizações nos sistemas como trens mais modernos e trilhos bem cuidados, os investimentos com esse meio de transporte é enorme na Europa, mas seus lucros também são significativos. Cerca de um milhão de pessoas tem seus empregos garantidos graças ao meio de transporte mais utilizado por lá, o transporte ferroviário é um meio viável e competitivo de transferir mais tráfego de mercadorias para fora das estradas congestionadas do continente, melhorando assim a circulação do tráfego e reduzindo a poluição provocada pelos veículos, portanto ecologicamente correto.
6. Vantagens de Implementação em caráter nacional:
A implementação de trens de todas as espécies no Brasil, é sem dúvida uma nova maneira de crescimento, mais acelerado e com maior qualidade. Em caráter nacional hoje podemos ver cargas e passageiros sendo transportados por rodovias federais e estaduais em ônibus e caminhões, esse meio de transporte além de prejudicial a natureza emitindo gases poluentes, também é prejudicial ao bolso do brasileiro em todos os sentidos.
Quando nossa produção alimentícia é transportada em caminhões por todo o território nacional o preço desse alimento chega com alterações como o tempo de percurso, a qualidade do alimento, e com certeza o desgaste das estradas que causa a perda dos alimentos e também a necessidade de recapear por quase todo tempo as rodovias nacionais, o peso de nossos caminhões e ônibus fazem com que nossas estradas sejam cada vez mais perigosas.
A criação de “linhas” exclusivas para o transporte de cargas será algo de grande valia, a economia de tempo e a qualidade do transporte, sendo menor o risco de acidentes, pois não será tão pesado o trânsito em nossas rodovias.
A vantagem do Brasil em relação aos demais países em desenvolvimento é sem dúvida sua malha ferroviária já existente, pois o custo para a implementação desse modelo é maior quando há necessidade de construção desses trilhos.
O transporte ferroviário pode ser também de passageiros em rotas alternativas como Brasília-Goiânia, São Paulo-Rio de Janeiro, Belo Horizonte-Rio de Janeiro, dentre outras rotas que podem ser implementadas com os trem-bala, tornando o acesso mais rápido, seguro e barato do que o transporte aéreo.
Qualquer modelo a ser implantado exige muita dedicação e perseverança por parte dos governantes. É necessário que ocorra continuidade de um governo para outro, a modernização da malha ferroviária no Brasil depende da força política, afinal esse meio de transporte desde seu inicio foi influenciado pela vontade política de cada época, e agora a modernização e o “encurtamento” de espaço faz com que seja necessário se analisar a viabilidade e importância desta implementação no Brasil.
Portanto podemos perceber que com essa modelo implantado no Brasil a expansão comercial se dará de uma maneira mais acessível a todos, a produção alimentícia chegará mais barata e com mais qualidade em todo o território nacional, os prazos de entrega serão cumpridos de maneira mais pontual pois o risco de acidentes e o problema com atrasos nas estradas devido a buracos não acontecerá. Porém é necessário é claro a responsabilidade por parte dos órgãos interessados em manter a qualidade do serviço prestado, com manutenção constante das ferrovias. Quanto a segurança sabe-se que o meio de transporte ferroviário é o mais seguro, além é claro de tirar de nossas rodovias os caminhões pesados com excesso de peso e irregularidades, e mantendo as nossas rodovias em melhores condições de uso. Portanto a implementação de um transporte ferroviário mais eficiente beneficiará também o transporte rodoviário, permitindo que nossas estradas sejam melhores conservadas, gastando menos para isso, e mais seguras também.
Esse estudo me fez perceber qual a importância de um bom planejamento de infra-estrutura nacional, e que os fatores históricos e sociais são de fundamental importância para se entender e estabelecer uma relação de prioridade nacional. Pude observar que por motivos políticos se implementou a 1ª ferrovia nacional e também por motivos políticos as rodovias e maquinas existentes no país foram deixadas de lado e sucateadas. Portanto agora por motivos políticos novamente o Brasil está em um crescimento de sua malha ferroviária, a copa de 2014 trouxe para o Brasil a ânsia de correr e alcançar os países desenvolvidos, em modernidade e agilidade. Andando pelo Brasil vemos hoje a construção da ferrovia Norte – Sul, que já está praticamente em seu término, e a modernização da região Nordeste em seu sistema coletivo, integrando os VLTs, ao cotidiano do nordestino.
obs: texto escrito em 2010
Bibliografia:
Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 10.257/01)http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2010/10/27/maceio-tera-o-primeiro-veiculo-leve-sobre-trilhos-do-pais. Acesso em 17/11/2010
http://www.cbtu.gov.br/ acesso em 17/11/2010
http://veja.abril.com.br/240210/entrando-trilhos-p-087.shtml acesso em 17/11/2010
http://www.antf.org.br/, acesso em 17/11/2010
http://ec.europa.eu/research/leaflets/surface_transport/article_2772_pt.html, acesso em 17/11/2010
http://europa.eu/legislation_summaries/competition/state_aid/tr0004_pt.htm, acesso em 18/11/2010