Fichamento: BENVENUTO, Sara Mabel Ancelmo. LIMA, Paulo Victor Bezerra de. Cinema e Audiodescrição: Um manual teórico-prático para audiodescrição de filmes. Fortaleza: UECE, 2017. Disponível em http://www.ava.uece.br/mod/folder/view.php?id=24023. Acesso em 12/10/2017.
O diretor do filme é o olhar que
nos é apresentada uma determinada narrativa, portanto é necessário entender a
forma de organização do diretor, pois este tem consciência do que está fazendo,
entendemos então que um filme não é apenas uma narrativa mas que esta está
cercada de mensagens geradas, ainda que o espectador da obra não perceba, com
diferentes linguagens artísticas, gerando concepções estéticas nos filmes.
Sendo assim um filme conta com diferentes códigos conhecidos e praticados
mundialmente.
As possibilidades que uma imagem
nos remete são bem maiores, e as concepções e condições para melhor escolha de
termos, e outros, é orientado por qual gênero fílmico estamos falando. Também é
importante saber compreender os códigos, lembrando que a Audiodescrição é uma
modalidade de tradução e sendo assim conhecer as peculiaridades do código fonte
de determinada peça é fundamental para um melhor aproveitamento nessa
experiência estética visual, deixando um produto “bonito” de ser ver através
dos ouvidos.
O nível do plano, é a menor
unidade entre os pontos de corte do filme, já o enquadramento é a composição do
espaço dentro do quadro da câmera, diferentes enquadramentos gera diferentes
perspectivas e construção de sentido para a compreensão do filme. Plano aberto normalmente é utilizado
para ambientes amplos que objetiva mostrar o espaço onde acontece a ação, o Plano americano coloca a pessoa no
enquadramento a partir dos joelhos, esse plano tinha como objetivo mostrar as
cartucheiras com revolveres nos filmes de faroeste Norte americano. Já o Plano Médio os personagens são filmados
da cintura para cima, onde podem ser expressados/compreendido a expressão
corporal destes. Em primeiro Plano o
personagem é do busto os para cima, essa
mostra maior ênfase no personagem , sendo que assim é possível evidenciar
intenções, emoções e atitudes dos personagens. O close, mostra o rosto do personagem,
do ombro para cima, dando a definição da expressão dramática do ator. O plano de detalhe mostra em foco mais
aguçados diferentes objetos e partes do corpo dando destaque a eles. O contra plano, ou a Câmera sobre ombro, é
muito utilizado em diálogos, para que o expectador compreenda a posição e visão
da posição em que se encontram os personagens.
Em relação ao ponto de vista, é a
câmera e onde ela está que te dará uma perspectiva objetiva ou subjetiva, A câmera objetiva quando a filmagem
acontece de um ponto de vista de um espectador imaginário, parecendo que este
esta de fora da cena, somente observando, o teatro é conhecido como quarta parede, pela logica a quarta
parede é o publico pois, no teatro existem apenas 3 lados de cenário e o quarto
lado é o publico de onde vem a perspectiva para a encenação, então quando
existe um olha do ator para essa quarta parede, é como se o personagem tivesse
feito um corte, criando um paradigma onde o telespectador passa a fazer parte
da obra, desconstruindo a percepção tradicional onde o publico e era imparcial.
A maioria dos filmes são concebidos de modo objetivo, porto não é necessário
descrever essa perspectiva na áudio descrição pois estão subentendidas. Já a câmera subjetiva é aquela que representa
o olhar de alguém, portanto ela é um participante da ação, tendo então o
telespectador a sensação de estar dentro da cena, na Audiodescrição é bem
importante como caracterizar a perspectiva dessa câmera subjetiva,
principalmente observando se o telespectador já conhece esse personagem que
está na posição de observador, no caso negativo é interessante também manter o
suspense, é importante que o roteiro mantenha a caraterística que o diretor
pretende repassar!
Quanto aos ângulos da câmera,
pode remeter ao telespectador diferentes sensações e sentimentos importantes
para a caracterização da narrativa e compreensão por parte do espectador. Sendo
com a câmera parada, três ângulos o alto, baixo e plano, o primeiro, ângulo
alto também é chamado de plongée, é caracterizado de um ângulo onde a câmera
foca na pessoa com um ângulo de cima para baixo; o segundo, ângulo baixo,
também chamado de contra-plongée, enquadra a pessoa de baixo para cima, dando a
sensação de grandeza do objeto focalizado e o ultimo o Ângulo plano, é um
ângulo recorrente, ele focaliza o objeto/personagem horizontalmente com relação
a câmera. E existem os movimentos de câmeras, a panorâmica, um movimento de
reconhecimento do ambiente fazendo com a câmera um ângulo de 180° , O
Travelling, é o equivalente a um deslocamento, como se a câmera tomasse vida e
observasse enquanto percorre, ele também pode conter um zoom, caracterizando a
sensação de estar vendo por um binoculo, esse é muito usado em suspense e
terror.
Quanto a sequencia, combinações
de planos dentro de cada cena, para composição da narrativa. É importante
destacar a fotogenia e significação de cada filme, na sequência temos o corte que demarca cada plano onde começa e onde termina, por isso é
necessário um sensibilidade para encaixar cada plano de modo que a narrativa se
complete, o encadeamento é a
sequencia desses planos sendo ela organizada pelo diretor. Existem também as
transições entre um plano e outro, o mais comum é o fade, esse é um efeito que
relaciona duas sequencias que são separadas por um corte, o fade-out, a luz da
cena diminui e em seguida inicia a outra sequencia, já o fade-in é ao contrario
a luz aumenta dando a impressão de uma nova sequencia ou plano, também são
chamados em português de dissolvimento, o Foco da câmera também é utilizado
nessa demarcação. Os cortes podem ser perceptíveis e muitas vezes servem para
trazer sentido a narrativa.
São também diferentes as funções
narrativas da montagem cinematográfica, algumas delas sendo: montagem
alternada, as montagens dos trailers, onde é necessário destaque de situações
de tensão para aguçar a vontade de assistir do telespectador. A montagem ritmo
sonoro e ritmo visual, são filmes harmoniosos entre a melodia sonora do filme e a cadencia
visual, o corte repentino, muito utilizado em filmes de terror, onde o
espectador tem um choque emocional. Em melodramas a discrição dos cortes é
necessária para criar empatia com o espectador e o flashback onde o personagem
retoma há algum tempo passado que pode já ter sido mencionado anteriormente ou
um memoria do personagem. Essas caraterísticas de filmes da abordagem clássica,
sendo típica da montagem hollywoodiana.
As narrativas se baseiam no princípio
da causalidade, onde os efeitos possuem uma causa, é assim que se constrói
sequencias logicas e o espectador é capaz de conseguir acompanhar a narrativa e
descobrir emaranhado ligando um fato ao outro, no roteiro de Audiodescrição
também é necessário observar essas características para que o roteiro fique
compreensível. Leitmovit, é a organização do discurso em torno de um tema
recorrente, assim o espectador pode antes do fato acontecer prever devido a
essa organização.
A expectativa é uma estratégia muito utilizada para prender a atenção
quando um assunto não se conclui naquele momento deixando um pouco de mistério
e uma inquietação para acompanhar o fechamento da trama. Outra função a empatia e envolvimento do espectador com relação a obra fílmica, temos também
a alternância onde com montagens
alternadas pode se acompanhar mais de uma ação; existe também a reiteração onde
o apresenta repetidamente uma informação, dando a sensação de ciclos.
Quanto ao tom e ao ritmo sabemos
que esses é subjetivo e volátil são tons com que a narrativa é apresentada, com um tom suave,
melancólico ou depressivo, dentre outros, o ritmo geralmente está ligado a
musica e causa um a harmonia entre as duas, tentando essa a característica de
transmitir a visão do autor. Os diferentes sons apresentados também influenciam
na compreensão narrativa, no segmento do áudio visual pretende-se aguçar todos
os sentidos e o sons traz a coesão para acontecer o filme, sendo os principais,
os diálogos, a sobreposição com efeitos sonoros, os sons diegéticos, e por fim a trilha sonora com suas características
tonais ou melódicas, que trazem coerência a cena. A musica traz a menção de alguma ação , o efeito sonoro pode ser para
causar um choque, principalmente quando feito bruscamente, e o dialogo, esse por vezes é interrompido
para dar continuidade a outra cena, depois retomando. Portanto com tantas
informações o diretor expressa a narrativa através de sua lente demonstrando
algo que faça sentido para ele.
Quanto ao nível do filme, esse é
uma junção de diferentes sequencias que formam um todo coerente ao espectador,
então nos filmes conhecidos como clássicos hollywoodianos, apresenta um enredo
muito coerente, onde são apresentados os personagens bem definidos, e existe um
protagonista com uma história que circunda este. Portando essa arte de narrar
acaba por colocar o espectador em pé de igualdade com o a criação, pois ele
pode acompanhar seu desenrolar, interligando fatos ocorridos anteriormente. No
cinema clássico o espectador carrega uma bagagem subliminar sobre diferentes
filmes, com isso ele acredita adivinhar o que vai acontecer, mas existem em
contra partida o cinema realista ou experimental, que também se preocupa com o
filme, porem de modo diferente, em ambos existe uma sequencia de cenas para
expor uma narrativa, coerente a maneira daquele que o fez, com isso gera
diferentes características determinadas pelos gêneros, que organizam e orientam
a comunicação entre espectador e obra, orientando o discurso fílmico, existem
alguns filmes que extrapolam esses limites e entram em uma nova categoria, os
chamados cinema de arte ou cinema de autor .
Os principais gêneros fílmicos
são o Drama, são em sua grande maioria histórias cotidianas,
normalmente com ritmos desacelerados, contendo diálogos e muitos momentos de
pausas reflexivas possuem essa característica para aproximar o público gerando
empatia são usados planos como close para enfatizar as expressões e sentimentos
e primeiro plano dando essa impressão de proximidade entre o personagem e o
espectador. Já o Suspense tem seu ritmo alternado, pode ser acelerado e logo em
seguida melancólico, pode ser de diferentes temáticas, são filmes com tensões
em momentos cruciais, a ponto de prender a atenção, gerando sentimentos de
angustia, medo, insegurança, etc., nessa categoria os efeitos sonoros e trilhas
são muito importantes para o acompanhamento da obra. Os filmes de Aventura,
são distintos e se desdobram em diferentes segmentos, como ação , ficção científica,
faroeste, fantasia etc, mas segue a estrutura comum de um protagonista onde a
história é contada de modo bem aventureiro onde este percorre diferentes
questões e problemas fazendo o possível para solucionar todos, são comuns
planos abertos com enquadramentos direcionados a ação, o ritmo desse gênero é
mais acelerado do que nos dois anteriores, mas existem pequenos intervalos de
descanso a fim de proporcionar mais “folego” ao espectador. Os filmes de Comédia,
possuem quadros semelhantes ao drama, porém o filme é considerado mais leve, no
sentido que não alcança tanta a subjetividade dos personagens quanto no drama,
no nível narratológico quase sempre as comedias possuem finais felizes, sendo
elas comedias românticas ou as “escrachadas”, o espectador tende a esperar por
esse final feliz. Existem também os
musicais, nesses a característica principal são sequencias musicais com danças
executadas pelos personagens, tendem a ser filmes de comedia, drama e aventura,
porem também é possível encontrar suspense e terror com esse gênero. Os filmes
de documentários,
são de não ficção e tem por objetivo registrar um fato ou acontecimento, é
comum o uso de câmeras subjetivas e o uso de flashbacks, o diretor por vezes
utiliza de características estéticas para prender a atenção do espectador. E
por fim o chamado Cinema de autor, esses existe uma sensibilidade maior por parte
do espectador, pois extrapola os limites impostos pelos gêneros fílmicos, por
isso é também chamado de cinema de arte.
“A Audiodescrição, então, deve
também preocupar-se em observar essa estrutura genérica, bem como as convenções
particulares do filme dentro do gênero . o roteiro de AD deve refletir também os elementos que
permitem ao espectador identificar a que gênero determinado filme pertence .”
p. 33
BENVENUTO, Sara Mabel Ancelmo. LIMA, Paulo Victor Bezerra de.
Cinema e Audiodescrição: Um manual teórico-prático para audiodescrição de
filmes. Fortaleza: UECE, 2017. Disponível em http://www.ava.uece.br/mod/folder/view.php?id=24023. Acesso em 12/10/2017.