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sexta-feira, 11 de março de 2016

A faculdade de Letras-Libras da UFG, o que fiz?

A Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás - UFG, obedecendo as resoluções do Conselho Nacional de Educação, proporciona ao graduando desde sua entrada na Universidade a possibilidade de ingressar na pesquisa através da Prática como Componente Curricular, este é um projeto obrigatório para o processo de formação do graduando e são necessários 400 horas de pesquisa.
No início de cada semestre letivo, a Coordenação do curso de Letras aconselhará os alunos a, em grupos, procurarem um professor efetivo da unidade para a realização dessa prática, entendida como a inter-relação da teoria com a realidade social.(Projeto Pedagógico curso de Letras da UFG.)
A primeira Prática da qual participei foi sobre o tema: Perfil do aluno do curso de letras/libras na modalidade a distancia da Universidade Federal de Santa Catarina – Polo Goiás,  para concluir o tema pesquisado escolhi a pesquisa no semestre próximo o tema : Perfil do aluno do Curso de Licenciatura em Letras/Libras da Universidade Federal de Goiás.
Aqui nestas pesquisas os grupos tiveram a oportunidade de trabalhar com pesquisa quantitativa, lembrando que esta forma de pesquisa visa reconhecer um determinado perfil com perguntas e respostas definidas. Nestes trabalhos foram utilizados perguntas fechadas que foram analisadas as respostas através de gráficos demonstrativos dos percentuais alcançados.
Há diversas formas de se obter quantificações, dependendo da natureza do objeto, dos objetivos do investigador e do instrumento de coleta. Podemos, grosso modo, distinguir três tipos de dados: categóricos, ordenados eméticos. Para cada um deles há possibilidades de tratamentos específicos. (GATTI, 2004)
A natureza do objeto pesquisado foram os próprios alunos dos cursos de graduação que por sua vez, mostraram o perfil dos alunos destes cursos naquele período, lembrando que se passaram alguns anos e muitos alunos surdos puderam adentrar na Universidade o que pode ter alterado o resultado da pesquisa sobre o perfil dos alunos do curso de Letras Libras da UFG em 2011.
Com estes trabalhos surgiu a oportunidade de minha primeira comunicação oral, onde apresentei sobre o perfil do aluno do curso de letras libras na modalidade a distancia da UFSC- Polo Goiás. A experiência de ministrar uma “palestra” para o publico foi enriquecedora em um sentido muito amplo, pois a responsabilidade de representar um grupo é tremenda.
O ato da oratória exige treino para se alcançar o objetivo pretendido na comunicação, portanto saber usar as palavras para ser compreendido é necessário para uma boa apresentação.Há algum tempo atrás a necessidade de saber falar estava contida apenas em algumas profissões porém hoje com a difusão e disseminação do conhecimento é necessário que nos utilizemos bem da oratória, segundo Santos:
"A oratória passou assim a ser fundamental, já não apenas para aqueles que aspiravam à política que era a ambição ou a carreira mais normal para cidadãos livres daquele tempo. Mas nem toda gente, porém, era capaz de falar em público com brilho e eficácia. Os menos hábeis na oratória tinham de pedir a ajuda dos mais preparados. A partir daí floresce uma nova classe de profissionais especialistas na arte de bem falar e escrever." (2010, p.9):
Com esse sentimento a respeito da comunicação e oratória, durante a apresentação de trabalho e o sentimento de responsabilidade pela pesquisa científica que se há de propor a fazer, busquei a partir dai encontrar em uma Prática algo que pudesse me agradar intelectualmente, para que assim os estudos passassem a ser algo prazeroso, tornando possível a aquisição do conhecimento.
Após esses estudos outras práticas foram realizadas, na ordem: A visão dos Alunos sobre as disciplinas de libras em cursos superiores em Goiânia, também um tema fundamental para o desenvolvimento de práticas lúdicas para o ensino intitulada: Estratégias Lúdicas para o ensino de Libras como segunda língua: nível Básico.
Enfim encontrei uma Pesquisa com a qual eu me identificasse, e a partir dela escolhi o tema do meu trabalho de conclusão de curso. O tema proposto: Surdez, acessibilidade e os programas televisivos. Com este trabalho pude apresentar em dois diferentes congressos, em uma na modalidade de comunicação oral e em outro como pôster.
O que de fato mais me incomoda com relação ao tema estudado é a privação que o individuo surdo sofre de sua língua desde sua infância, aparada por algumas leis e decretos os estudo se tornam pertinentes e atuais, priorizando o individuo surdo como sujeito de valor e capaz de conviver em sociedade e que através de sua língua é fruto de um meio, construindo sua identidade a partir de suas concepções adquiridas pelo uso da televisão.
"A principal consequência da surdez refere-se aos prejuízos na comunicação natural dos sujeitos surdos que atingem vários aspectos de seu desenvolvimento global.Não tendo acesso ao mundo sonoro, a criança com surdez é extremamente prejudicada no que concerne aos processos de aquisição e desenvolvimento de linguagem e fala, o que acarreta a dificuldade de se comunicar e de receber informações através da linguagem oral. Enquanto o desenvolvimento da linguagem ocorre naturalmente em uma criança ouvinte, no caso da criança surda, este desenvolvimento depende da intervenção de profissionais devidamente preparados, levando-o a adquirir uma língua de forma consciente e de liberada."( POKER, p.1)
O decreto de Lei 5.296 de 2 de dezembro de 2004, regulamenta as leis 10.048 e 10.098, leis que estabelecem normas gerais para a acessibilidade e em seu artigo 8º diz:
"d) barreiras nas comunicações e informações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos dispositivos, meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa, bem como aqueles que dificultem ou impossibilitem o acesso à informação;"

Por ultimo o tema escolhido foi: A tradução de textos da língua portuguesa para a Libras. Neste trabalho pude perceber o quão doloroso e prazeroso é o processo de tradução e também de interpretação da Libras. Lembrando que a realidade faz do intérprete também um tradutor, que deve conhecer a fundo o tema que se propõe traduzir. Para Nida (apud Mounin, op. cit.:252):
a tradução consiste em produzir na língua de chegada o equivalente natural mais próximo da mensagem da língua de partida, em primeiro lugar no que diz respeito à significação e em seguida no que diz respeito ao estilo.
Portanto a ato de traduzir não significa apenas transpor palavras de uma língua para outra, mas sim conseguir transmitir o sentido da mensagem através de uma língua respeitando o estilo do autor, que se pretendeu traduzir, no caso da tradução para a Libras há também que se atentar para a interpretação desta tradução.
A realização da Oficina Aberta de Libras realizada para a disciplina de estágio quatro foi de extrema importância no que diz respeito a difusão e propagação da Língua de sinais, levando em consideração o local de realização desta. A RTVE/TVUFG, sendo que a UFG é uma das poucas Universidades que possuem um canal de televisão estruturado como a nossa.
A proposta de levar o curso para aqueles profissionais foi o de conscientizar da importância de alcançar um público tão carente de informação e ainda não explorado. O objetivo proposto parece ter sido alcançado, sabemos agora que a TV UFG tem o objetivo de iniciar uma proposta de interpretação em um de seus programas, os apresentadores que participaram da oficina se sentiram responsáveis em passar o conhecimento para essa comunidade Surda.
A produção do Trabalho de Conclusão de Curso foi um processo prazeroso, levando em consideração que durante minha trajetória acadêmica fui em busca do tema que me fosse interessante, acredito que com a escolha consciente pude elaborar um trabalho pertinente ao que foi proposto, uma reflexão sobre a surdez e a mídia televisiva.
Este também foi um trabalho que me trouxe a oportunidade de apresentá-lo em dois eventos, sendo um em forma de pôster e outro em forma de comunicação oral, neste segundo aconteceu também a banca avaliadora do trabalho. Contando com a presença do diretor da faculdade de Informação e Comunicação da UFG que elogiou e também acrescentou sua opinião a respeito da acessibilidade televisiva.
Os estudos para concretizar este trabalho foram os mais diversos, sendo o autor Berlo a base para compreensão do processo de comunicação, ele diz:
“Ao empregar a linguagem para descrever um processo, precisamos escolher certas palavras, precisamos como que congelar de algum modo o mundo físico. Alem disso, temos de dispor certas palavras primeiro e outras depois.” (p.25-26), com o pouco conhecimento da língua portuguesa por parte dos indivíduos surdos a instigante questão da acessibilidade televisiva se tornou um objeto de estudo.
O ultimo trabalho elaborado e apresentado durante a graduação foi o relato sobre a disciplina de estágio, apresentado em forma de pôster, onde houve a presença de um avaliador. A escolha pelo tema do relato da formação da identidade docente se deu por ter observado o quão importante foi as intervenções em diferentes campos de estágio, e também como a utilização de abordagens corretas podem colaborar para o ensino de Libras.
A prática do estágio para a formação da identidade docente, tem características importantes para a aquisição das competências necessárias ao ato de lecionar, sabendo que cada espaço de educação possui suas especificidades essa pratica proporciona ao graduando a experiência necessária para sua atuação profissional.
"A competência docente não é tanto uma técnica composta por uma série de destrezas baseadas em conhecimentos concretos ou na experiência, nem uma simples descoberta pessoal. O professor não é um técnico nem um improvisador, mas sim um profissional que pode utilizar o seu conhecimento e a sua experiência para se desenvolver em contextos pedagógicos práticos pré-existentes."(Sacristan
,1991:74)

quinta-feira, 10 de março de 2016

Meu aprendizado na Creche UFG, como me tornei professora


Ao entrar no curso de Letras/Libras da Universidade Federal de Goiás, me senti preza ao trabalho e houve a necessidade de me desvincular de outros caminhos que não fossem acadêmicos. Iniciei então a busca por campo de estágio dentro da Universidade, e logo em meu segundo período iniciei minha trajetória como educadora da Creche, durante os meses de agosto a dezembro de 2010 participei do quadro de educadores como estagiária PROCOM, um vinculo de 20 horas, que eram exercidos no ato da educação infantil, com crianças de zero a 3 anos. Durante este período fui orientada quanto aos cuidados, também sobre educação infantil e a maneira de agir com as crianças.
No ano de 2011, logo em seu inicio tive a oportunidade de retornar ao quadro dos educadores, porém desta vez como estagiária PROGRAD, com um vinculo de 30 horas semanais pude me dedicar a apenas um agrupamento, criando vínculos e aprendendo cada vez mais a respeito da educação como um todo. O tempo passado como educadora, me proporcionou experiência no campo da docência, mesmo com crianças tão pequenas o ato de contação de histórias e também o planejamento e execução de diversas atividades, relacionadas a áreas de atuação da creche, como brinquedos e brincadeiras, artes, música, passeio, dentre outros.
Durante esse tempo estive sob orientação de diversos profissionais da área da educação, com eles pude aprender e desenvolver habilidades, jamais pensadas por ora, como a própria autonomia na formulação de atividades lúdicas. Neste caminho consegui visualizar a importância dos planejamentos prévios e também estudo, para que a aula se torne de fato produtiva, pois o domínio do conteúdo demonstrado pelo professor, faz com que os alunos, se sintam interessados a aprender.
Crianças são diferentes dos adultos em muitos aspectos, mas a experiência de lecionar para elas, tão pequenas, me trouxe a reflexão sobre o que o homem é capaz, as crianças mostram que com a abordagem correta é possível prender a atenção, ensinar e dialogar a respeito dos conteúdos ministrados anteriormente, essa perspectiva traz a tona as possibilidades que nós adultos deixamos de alcançar por falta de metodologias adequadas para o ensino de qualquer disciplina.
Durante o percurso dentro da Creche executei a disciplina de Estágio três dentro da instituição, e desta vez ensinei de fato para crianças de 4 anos, o ensino efetivo da língua de sinais para aquelas crianças, foi de extrema importância na construção de minha identidade docente, levando em consideração o pouco tempo para a execução do estágio, foi necessário um grande esforço para elaborar estratégias e abordar a questão de forma significativa.

O tempo para execução de cada intervenção variou conforme o interesse das crianças, por ora foi necessário o acréscimo de outros conteúdos, a experiência trouxe respostas positivas quando por vezes pais de crianças contam seus depoimentos sobre como as crianças reagem com a Libras.
Após concluir dois anos como estagiária PROGRAD o contrato foi encerrado no inicio do ano de 2013, porém retornei ao quadro como monitora com carga horária de 12 horas semanais, nesta função colaborei com a Unidade de educação infantil no que se refere aos cuidados com as crianças e também na elaboração de um projeto intitulado “Leitura de Colo” que teve seu inicio no ano de 2014. O projeto visa construir uma consciência da importância do contato com a leitura desde os primeiros anos de vida.
A Unidade de Educação Infantil da UFG trabalha em uma perspectiva sócio cultural, embasada nos preceitos do autor Vygotsky, e toda a atuação nela se deu nesta perspectiva. A concepção sócio cultural é onde acreditamos que a criança e o ser humano está inserido em uma sociedade, e dela faz parte, sendo um sujeito de ações por vezes influenciado por ela. (Vygostsky,1996)
Sendo assim nossas atitudes como educadores potencializam a criança como um sujeito que vive em sociedade e nela aprende, sendo necessário o apoio da família para real concretização da abordagem na educação infantil. Para Vygostky o individuo exerce seu papel convivendo em sociedade e sua individualidade foi constituída através da relação com essa sociedade.(Vygostky, 2001)
Portanto segundo essa abordagem a criança se desenvolve a partir do convívio em sociedade, por isso a proposta desta Unidade de Educação Infantil tem características peculiares, sendo realizadas atividades que possibilitem a efetiva participação das crianças de zero a cinco anos de idade. Por diversas vezes somos questionados a respeito da utilização desta abordagem com crianças do berçário, mas com o convívio e a prática é possível visualizar as teorias de Vygotsky. (Vygotsky, 2001)