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terça-feira, 11 de outubro de 2016

Fichamento: Arte e interatividade: Autor-obra-recepção.

Mais um fichamento, acho que vou colocar sempre algum fichamento por aqui!!!


PLAZA, J. Arte e interatividade: Autor-obra-recepção. disponível em :http://www.mac.usp.br/mac/expos/2013/julio_plaza/pdfs/arte_e_interatividade.pdf


"Pensar a arte interativa dentro das Novas Tecnologias da Comunicação, como uma nova categoria de arte requer um mergulho na história recente, á vista da expansão das noções de arte, de criação e também de estética." p.9


"em 1922, Moholy Nagy decide "pintar" um quadro por telefone, inaugura-se, de forma pioneira, o universo da "interatividade. Posteriormente, Bertold Brecht pensava a interatividade dos meios de comunicação numa sociedade democrática e plural." p 10

"é necessário fazer um levantamento conceitual das interfaces, tendencias e dispositivos que se situam na linha de raciocínio da inclusão do expectador na obra de arte,que - ao que tudo indica - segue esta linha de percurso: participação passiva (contemplação, percepção, imaginação, evocação, etc.), participação ativa (exploração, manipulação do objeto artístico, intervenção, modificação da obra pelo espectador), participação perceptiva (arte cinética) e interatividade, como relação recíproca entre o usuário e um sistema inteligente." p.10 

"Nos anos vinte e no campo dos estudos da linguagem, a obra de Mikhsil Bakhtin inaugura o dialogismo: "todo signo resulta de um consenso entre indivíduos socialmente organizados no decorrer de um processo de interação(...) que não deve ser dissociado da sua realidade material, das formas concretas da comunicação social", Para Mikhail Baktin, a primeira condição da intertextualidade é que as obras se dêem por inacabadas, insto é, que permitam e peçam para ser prosseguidas. O "inacabamento de princípio" e a " abertura dialógica" são sinônimos.p. 10

"Entre as décadas de vinte e trinta surge a teoria das "Funções da linguagem" de Roman Jakobson,(...). Esta teoria, associada ao modelo de Karl Buhler, que desenvolve a sua concepção a partir do tríplice caráter instrumental da linguagem partindo de seus fundamentos na situação comunicativa: o remetente, o destinatário e o discurso, permite estabelecer e precisar os usos e funções das linguagens verbais e também das não verbais." p 10

"a partir dos anos cinquenta que se constituem, no campo da arte, tendências que traduzem e antecipam as mudanças produzidas pela tecnologias."p.10-11

"a teoria associada com as tecnologias da comunicação permite aos artistas tornar perceptível os três momentos da comunicação artística: a emissão da mensagem, sua transmissão e sua recepção." p 11

"As primeiras obras efetuadas com o computador obedecem ao conceito de "arte permutacional" e são, na sua grande maioria, não-figurativas." p 11

"Como "arte geral da linguagem", as relações intersemióticas com a publicidade, imprensa, rádio, televisão e cinema, entre outros meios, prenunciam uma abertura para o universo tecnológico atual." p 12

" Surge também em 1967 a "poesia de processo", de W. Dias Pino: "Abertura à participação como integração/poema: objeto físico". "Processo: manipulação + desencadeamento de invenções". Não se busca o definitivo, nem 'bom' nem 'ruim', porém opção. Opção: arte dependendo de participação, O provisório: o relativo. Alto: sensação de comunicação, contra o contemplativo". p 12

"Estas teorias traduzem, assim, as inquietações de determinada época, e se inserem nas questões colocadas atualmente pela interatividade, com o desenvolvimento acelerado das tecnologias informáticas no que diz respeito à economia simbólica da sociedade e não somente como preocupação dos artistas." p 12-13
tit"...questões teóricas relativas à poética da tradução, nos campos da poesia e literatura, onde "traduzir é a maneira mai
s atenta de ler", encontram em Haroldo de Campos, em "Da Tradução como Criação e como Crítica," de 1962, seu teórico mais lúcido. Para este autor, a congenialidade entre autor e leitor se vivifica pela recriação ou criação paralela, ou seja, traduzir é transcriar." p 13

"Ambientes artísticos acrescidos da participação do espectador contribuem para o desaparecimento e desmaterialização da obra de arte substituída pela situação perceptiva: a percepção como re-criação." p 14

"é como é chamado "ambientes pluriartísticos" ou "transartístico" que, sengundo Frank Popper, o princípio de criação, meios de expressão e especialistas (teatro, dança, poesia, artes plásticas, música, cinema, etc.) nivelam-se hierarquicamente e a transferência das responsabilidade criativa para o público se acentua." p 14

"Pequena nota cômico-irônica: grande parte das obras expostas na IX Bienal de São Paulo (da quel participamos em 1967), dedicada dominantemente à "arte de participação", terminaram no lixo devido aos estragos e excessos de participação do público. Desde então, a "arte de participação" ficou datada no imaginário do consumidor de arte brasileiro." p 16

"Philippe Quéau nos diz "A iconografia computadorizada anuncia-se como uma nova ferramenta de expressão artística que dispõe de um duplo campo de investigação formal e sinestésico". Para Edmond Couchot, está emergindo uma arte visual nova, uma arte numérica e, por extensão,uma cultura fundada sobre o entrecruzamento do tecido das diferenças, não somente estéticas e éticas, mas também antropológicas e sociológicas, que não poupam pessoas nem diferenças culturais. E Michel Serres vê na tecnologia informática "o momento de inventar uma nova gramática para as imagens, o equivalente na música da fuga e do contraponto." p 16

Para Jurgen Claus, a arte eletrônico-tecnológica e midiática constitui uma nova etapa qualitativa, comparável àquela da introdução da tela na pintura, em todas as suas incidências econômicas, sociais e criativas. p 16

"Para A. Moles "A arte não é uma coisa como a 'Vênus de Milo' ou o 'Empire State Building'; é uma relação ativa do homem com as coisas, mais-valia de vida, programação da sensualidade ou experiência de sensualização das formas; é sempre o mesmo jogo: 'formatar' o ambiente ou ser 'formatado' por ele (...) não é mais o resultado de uma continuidade espontânemena do movito da mão, mas uma vontade de forma..." p 17

"Estamos, portanto, diante de um universo tecnológico formidável, problemático e complexo, fruto do esforço e da inteligência humana, e que nos produz o sentimento estético do Sublime (Kant); nas palavras de Mario Costa como moto de grandeza e potência fora de toda medida antropomórfica." p 17

"A interatividade como relação recíproca estre usuários e interfaces computacionais inteligentes, suscitada pelo artista, permite uma comunicação criadora fundada nos princípios da sinergia, colaboração construtiva, crítica e inovadora." p 17

"A multisensorialidade trazida pelas tecnologias é caracterizada pelo uso de múltiplos meios, códigos e linguagens (hepermídia), que colocam problemas e novas realidades de ordem perceptiva nas relações virtual/atual." p 17

"O termo "arte interativa" expande-se no começo dos anos 90 com a aparição das tecnologias apropriadas, ligadas ao cabo telefônico, expostas em inúmeras feiras e exposições de arte, de tecnologia eletrônica (Faust, França: Imagina , Mônaco; Siggraph, Eua, entre muitas outras) e eventos relacionados ao videotexto, fax, slow-scan e outros meios." p 18

"o fórum "Para uma cultura da interatividade?" (Cité des Sciences et de I'Industrie de La Villette, Paris, 1991). Na primeira parte desse fórum foi debatida a interatividade em relação á cultura tecnocientífica; segunda parte, a interatividade como instrumento de criação a serviço dos artistas. Nesse evento, Jean-Louis Weissberg sintetizou a ideia de que, na comunicação, a visão é modificada e as tecnologias visuais assistem, objetivam e intensificam os componentes abstratos das percepções humanas. Ver, para Weissberg, não é somente um ato de recepção passivo, mas também uma projeção. A simulação computadorizada e a imagem interativa refletem, conceitualmente, os processos de percepção." p 18

"A "Ars electronica" de 1991, sob o título "Perda do Controle" referia-se aos perigos da rápida tecnologização da existência humana na modificação das relações entre indivíduos e nações, entre seres humanos e natureza." p 18

"Para artistas da comunicação, como Fred Forest, a transmissão cultural desmaterializada provoca a emergência de uma criatividade e inteligência coletiva e a exploração de novos espaços-tempo, uma dilatação e densificação" dos potenciais imaginários e sensíveis." p 19

"Aliada `individualização dos usos computacionais, esta situação vem provocar subversões nos esquemas tradicionais da comunicação ao inserir o agente ativo (o programa) entre o usuário e a máquina; as categorias clássicas do emissor, do espectador, da mensagem e do canal de comunicação entram em movimento e se trançam. Neste sentido, a interatividade é um dos disfarces possíveis do conceito de "autonomia intermediária"." p 20

"Popper observa que "A interação é considerada um fenômeno internacional e transnacional, acarretando numerosas formas de engajamento cultural capazes de edificar redes de relações humanas desprovidas de discriminação. A interatividade suscitada pelo artista permite uma comunicação criadora fundada em atitudes construtivas, criticas e inovadoras. Autorizando novos tipos de interações sociais, a arte tecnológica pode igualmente se orgulhar de refletir as transformações que afetam nosso tecido social, com todas as contradições. " p 21

"Entretanto para Popper, o termo "interatividade" como instrumento de criação artística, em um contexto estético, pode ser aplicado tanto às relações entre artistas e obra quanto à realização, ou mesmo à relação entre obra acabada e espectador, já que as intenções estéticas do artista são inseparáveis de uma consciência clara dos processos técnicos utilizados." p. 22

"A interatividade é uma simulação da interação e graças a ela o diálogo entre realidades diferentes se torna possível." p 22

"levando-se em conta o caráter educativo da interatividade, esta consiste em favorecer o "tornar-se autor", pois redistribui as noções de mensagem e recepção, que transformam as funções das posturas leitoras trocando-as por novas dimensões editoriais, renovando assim as separações fundadas sobre cultura do livro. " p 23

" Para além de simular as competências linguísticas e comportamentais humanas, é necessário apreender a interatividade como categoria da comunicação, ou seja, um modo singular de comercio entre subjetividade, obedecendo a constrangimentos particulares, onde sua "programaticidade" no sentido informático é certamente a principal condição. Todavia, a interatividade é considerada, ao mesmo tempo, como autocomunicação (mensagem, história, relato endereçado a si mesmo), e como metacomunicação: atualização dos programas concebidos por outros para se fabricar os próprios programas de escrita, espaços cenográficos, circulação de narrativas e de acesso aos bancos de dados." p 23-24

"Para Landow a hipermídia representa o fim da era da autoria individual. O autor é reconfigurado, pois sofre uma erosão devida à transferência de poder para o leitor, que tem à disposição uma série de opções de escolha em seu percurso." p 24

" O principal problema da leitura, agora transferido para as questões da interatividade, é o da qualidade da resposta, qualidade da significação, ou seja, qualidade do interpretante.(...) o leitor interativo deve escolher as melhores opções que lhe convêm para se manifestar, como leitor criativo ou não. Em conformidade com Goethe quando diz que "há três classes de leitores: o primeiro, que goza sem julgamentos, o terceiro julga sem gozar e o intermediário, que julga gozando ou goza julgando: é o que propriamente recria uma obra de arte"." p 24

"Leitura e escrita, mesmo em suportes estáveis, não podem ser isoladas uma da outra, pois entre a apreensão do sentido e a criação, na escrita, interpõem-se a capacidade e a competência com a linguagem." p 25

"O autor é aquele que se fecha no "como escrever", confundindo seu ser com o ser da palavra, perdendo "sua própria estrutura e a do mundo na estrutura da palavra" e se realizando na palavra; como esperar que ele venha a se reduzir ao "anonimato de um murmúrio? Aquele que faz da linguagem uma praxis não tem poder para renunciar à sua marca, nem será abolido por simples anseios ou patrulhamentos ideológicos." p 25

"a "esfera ideológica" como campo nuclear da cultura (sistemas de representações, valores e crenças), a "esfera cognitiva" (como sistema de conhecimento científicos), a "esfera artística" (como forma multifacetada e contraditória de apropriação "sensível" do real) e a "esfera técnica" (modos de proceder das várias práticas) interagem e se recobrem. Sob este aspecto, a "esfera artística" multifacetada apropria-se e interage, contraditória e não antagonicamente, como resto das "esferas"." p 27

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