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domingo, 19 de novembro de 2017

TEATRO,AUDIODESCRIÇÃO

AUDIODESCRIÇÃO : ALGUMAS NOTAS SOBRE O TEATRO, Fichamento capitulo 1(UECE)

O teatro levando em consideração um caráter mais amplo, tem sua origem em diferentes práticas ritualísticas, como forma de interação simbólica com forças superiores da natureza. Já partido pelo foco da historia ocidental, esse tem sua origem na Grécia, onde em homenagem  a deuses por determinadas épocas era oferecida uma homenagem a eles, com cantos e apresentações foi ai que “segundo Aristóteles, seria a origem da tragédia” (p 1 ) a palavra teatro, vem para designar o local onde se contempla, Theatron, portanto o teatro se baseia nisso, aquilo que se olha por alguém, “daquele que olha em relação àquilo que é olhado”. Nesse faz de conta, o teatro é a arte de contar e narrar uma história que cause admiração do outro, com característica da encenação.  Como então pensar essa questão e imaginar que pessoas cegas não podem admirar o que o teatro proporciona?
Assim, ao ampliar o campo semiótico da multissensorialidade, intrínseco ao teatro, as diversas estratégias de acessibilidade e, em particular, a audiodescrição, desloca a primazia da vidência como uma condição para participar deste encontro. Desta maneira, parafraseando Guénoun (2003), a dimensão política do teatro incorreria, também, na oportunidade cultural das pessoas com deficiência (visual) de exercitarem a ruptura com as diversas formas de "solidão social" a que são submetidos historicamente.( p2)
A cena situa a plateia sobre essa narração, e o teatro chega a ser problematizado como a arte da cena , entendendo que o teatro conta histórias dramaticamente, seja ele tradicionalmente encenado em um local para apresentações teatrais, ou então o famoso teatro de rua, que se caracteriza de outro modo. E também quando sabemos que a cada apresentação será única, com questões de improvisos, isso torna o teatro vivo, diferente de outras artes, como a fotografia ou o cinema. Sendo assim a Adudiodescrição ganha papel fundamental na possibilidade de trazer a epistemologia da palavra para a realidade “o lugar onde se ver”(p 4) sendo capaz de a plateia cega, consiga ver a cena com todos seus sentidos.
Existem um conjunto de signos não-verbais que compõe a cena, são as tecnologias da cena, o figurino, o cenário, a sonoplastia, a iluminação, a maquiagem, sendo o primeiro a segunda pele do ator , ela é além de um adorno do personagem, ele media a relação do ator com o espectador, polindo as personagens; o segundo, em um primeiro momento tinha relação com a decoração, por muito tempo apenas um painel situando a contextualização, porém no século XX pensa-se o cenário como uma escritura do espaço , ele por sua vez assume o espetáculo, ele procura ser a própria cena; a o terceiro pode ser gravado ou ao vivo, ele é uma espécie de reconstituição dos ruídos existentes na história, a escolha de musicas em cena, por vezes é configurada para emoldurar emocionalmente a cena, ela caracteriza o ritmo da cena, gera tensão, e compaixão, além desses sentimentos emocionais, a sonoplastia pode relacionar com o próprio movimento cênico, envolvendo a arte dramática, desenhando dramaturgicamente a cena; o quarto , a iluminação, é um elemento enunciador da cena, possuem funções semiológicas e dramatúrgicas, que geram ritmo, evolução da argumentação,  e com ela é possível infinidade de possibilidades cênicas, por ser ela flexível e manipulada; a quinta, em sua maioria das vezes é o figurino vivo do ator, por vezes a caracterização do ator passa por essa etapa, muitas propostas cênicas surgem com diferentes caraterizações, no teatro moderno a maquiagem valoriza a expressão do ator, ela é uma forma de linguagem especifica.
 Aqui já percebe-se o desafio que o audiodescritor tem em suas mãos, é necessário saber distinguir o que é necessário para descrever a cena, é necessário por vezes estabelecer contato com atores e diretores, somente a filmagem em plano aberto pode não ser o necessário para se obter as informações, também a necessidade de acompanhar alguns ensaios.  Se a obra não foi concebida pensando na AD, essa deve estar presente quando a proposta estiver em sua totalidade, e durante as apresentações também ajustes devem ser incorporados, em espaços diferentes ajustes devem ser incorporados.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Fichamento: Audiodescrição de Filmes

Fichamento: BENVENUTO, Sara Mabel Ancelmo. LIMA, Paulo Victor Bezerra de. Cinema e Audiodescrição: Um manual teórico-prático para audiodescrição de filmes. Fortaleza: UECE, 2017. Disponível em http://www.ava.uece.br/mod/folder/view.php?id=24023. Acesso em 12/10/2017.

O diretor do filme é o olhar que nos é apresentada uma determinada narrativa, portanto é necessário entender a forma de organização do diretor, pois este tem consciência do que está fazendo, entendemos então que um filme não é apenas uma narrativa mas que esta está cercada de mensagens geradas, ainda que o espectador da obra não perceba, com diferentes linguagens artísticas, gerando concepções estéticas nos filmes. Sendo assim um filme conta com diferentes códigos conhecidos e praticados mundialmente.

As possibilidades que uma imagem nos remete são bem maiores, e as concepções e condições para melhor escolha de termos, e outros, é orientado por qual gênero fílmico estamos falando. Também é importante saber compreender os códigos, lembrando que a Audiodescrição é uma modalidade de tradução e sendo assim conhecer as peculiaridades do código fonte de determinada peça é fundamental para um melhor aproveitamento nessa experiência estética visual, deixando um produto “bonito” de ser ver através dos ouvidos.

O nível do plano, é a menor unidade entre os pontos de corte do filme, já o enquadramento é a composição do espaço dentro do quadro da câmera, diferentes enquadramentos gera diferentes perspectivas e construção de sentido para a compreensão do filme. Plano aberto normalmente é utilizado para ambientes amplos que objetiva mostrar o espaço onde acontece a ação, o Plano americano coloca a pessoa no enquadramento a partir dos joelhos, esse plano tinha como objetivo mostrar as cartucheiras com revolveres nos filmes de faroeste Norte americano. Já o Plano Médio os personagens são filmados da cintura para cima, onde podem ser expressados/compreendido a expressão corporal destes. Em primeiro Plano o personagem é  do busto os para cima, essa mostra maior ênfase no personagem , sendo que assim é possível evidenciar intenções, emoções e atitudes dos personagens. O close, mostra o rosto do personagem, do ombro para cima, dando a definição da expressão dramática do ator. O plano de detalhe mostra em foco mais aguçados diferentes objetos e partes do corpo dando destaque a eles. O contra plano, ou a Câmera sobre ombro, é muito utilizado em diálogos, para que o expectador compreenda a posição e visão da posição em que se encontram os personagens.

Em relação ao ponto de vista, é a câmera e onde ela está que te dará uma perspectiva objetiva ou subjetiva, A câmera objetiva quando a filmagem acontece de um ponto de vista de um espectador imaginário, parecendo que este esta de fora da cena, somente observando, o teatro é conhecido como quarta parede, pela logica a quarta parede é o publico pois, no teatro existem apenas 3 lados de cenário e o quarto lado é o publico de onde vem a perspectiva para a encenação, então quando existe um olha do ator para essa quarta parede, é como se o personagem tivesse feito um corte, criando um paradigma onde o telespectador passa a fazer parte da obra, desconstruindo a percepção tradicional onde o publico e era imparcial. A maioria dos filmes são concebidos de modo objetivo, porto não é necessário descrever essa perspectiva na áudio descrição pois estão subentendidas. Já a câmera subjetiva é aquela que representa o olhar de alguém, portanto ela é um participante da ação, tendo então o telespectador a sensação de estar dentro da cena, na Audiodescrição é bem importante como caracterizar a perspectiva dessa câmera subjetiva, principalmente observando se o telespectador já conhece esse personagem que está na posição de observador, no caso negativo é interessante também manter o suspense, é importante que o roteiro mantenha a caraterística que o diretor pretende repassar!

Quanto aos ângulos da câmera, pode remeter ao telespectador diferentes sensações e sentimentos importantes para a caracterização da narrativa e compreensão por parte do espectador. Sendo com a câmera parada, três ângulos o alto, baixo e plano, o primeiro, ângulo alto também é chamado de plongée, é caracterizado de um ângulo onde a câmera foca na pessoa com um ângulo de cima para baixo; o segundo, ângulo baixo, também chamado de contra-plongée, enquadra a pessoa de baixo para cima, dando a sensação de grandeza do objeto focalizado e o ultimo o Ângulo plano, é um ângulo recorrente, ele focaliza o objeto/personagem horizontalmente com relação a câmera. E existem os movimentos de câmeras, a panorâmica, um movimento de reconhecimento do ambiente fazendo com a câmera um ângulo de 180° , O Travelling, é o equivalente a um deslocamento, como se a câmera tomasse vida e observasse enquanto percorre, ele também pode conter um zoom, caracterizando a sensação de estar vendo por um binoculo, esse é muito usado em suspense e terror.

Quanto a sequencia, combinações de planos dentro de cada cena, para composição da narrativa. É importante destacar a fotogenia e significação de cada filme, na sequência temos o corte que demarca cada plano onde começa e onde termina, por isso é necessário um sensibilidade para encaixar cada plano de modo que a narrativa se complete, o encadeamento é a sequencia desses planos sendo ela organizada pelo diretor. Existem também as transições entre um plano e outro, o mais comum é o fade, esse é um efeito que relaciona duas sequencias que são separadas por um corte, o fade-out, a luz da cena diminui e em seguida inicia a outra sequencia, já o fade-in é ao contrario a luz aumenta dando a impressão de uma nova sequencia ou plano, também são chamados em português de dissolvimento, o Foco da câmera também é utilizado nessa demarcação. Os cortes podem ser perceptíveis e muitas vezes servem para trazer sentido a narrativa.

São também diferentes as funções narrativas da montagem cinematográfica, algumas delas sendo: montagem alternada, as montagens dos trailers, onde é necessário destaque de situações de tensão para aguçar a vontade de assistir do telespectador. A montagem ritmo sonoro e ritmo visual, são filmes harmoniosos entre a melodia sonora do filme e a cadencia visual, o corte repentino, muito utilizado em filmes de terror, onde o espectador tem um choque emocional. Em melodramas a discrição dos cortes é necessária para criar empatia com o espectador e o flashback onde o personagem retoma há algum tempo passado que pode já ter sido mencionado anteriormente ou um memoria do personagem. Essas caraterísticas de filmes da abordagem clássica, sendo típica da montagem hollywoodiana.

As narrativas se baseiam no princípio da causalidade, onde os efeitos possuem uma causa, é assim que se constrói sequencias logicas e o espectador é capaz de conseguir acompanhar a narrativa e descobrir emaranhado ligando um fato ao outro, no roteiro de Audiodescrição também é necessário observar essas características para que o roteiro fique compreensível. Leitmovit, é a organização do discurso em torno de um tema recorrente, assim o espectador pode antes do fato acontecer prever devido a essa organização.

A expectativa é uma estratégia muito utilizada para prender a atenção quando um assunto não se conclui naquele momento deixando um pouco de mistério e uma inquietação para acompanhar o fechamento da trama. Outra função a empatia e envolvimento do espectador com relação a obra fílmica, temos também a alternância onde com montagens alternadas pode se acompanhar mais de uma ação; existe também a reiteração onde o apresenta repetidamente uma informação, dando a sensação de ciclos.

Quanto ao tom e ao ritmo sabemos que esses é subjetivo e volátil são tons com que a  narrativa é apresentada, com um tom suave, melancólico ou depressivo, dentre outros, o ritmo geralmente está ligado a musica e causa um a harmonia entre as duas, tentando essa a característica de transmitir a visão do autor. Os diferentes sons apresentados também influenciam na compreensão narrativa, no segmento do áudio visual pretende-se aguçar todos os sentidos e o sons traz a coesão para acontecer o filme, sendo os principais, os diálogos, a sobreposição com efeitos sonoros, os sons diegéticos, e por fim a trilha sonora com suas características tonais ou melódicas, que trazem coerência a cena. A musica traz a menção de alguma ação , o efeito sonoro pode ser para causar um choque, principalmente quando feito bruscamente, e o dialogo, esse por vezes é interrompido para dar continuidade a outra cena, depois retomando. Portanto com tantas informações o diretor expressa a narrativa através de sua lente demonstrando algo que faça sentido para ele.

Quanto ao nível do filme, esse é uma junção de diferentes sequencias que formam um todo coerente ao espectador, então nos filmes conhecidos como clássicos hollywoodianos, apresenta um enredo muito coerente, onde são apresentados os personagens bem definidos, e existe um protagonista com uma história que circunda este. Portando essa arte de narrar acaba por colocar o espectador em pé de igualdade com o a criação, pois ele pode acompanhar seu desenrolar, interligando fatos ocorridos anteriormente. No cinema clássico o espectador carrega uma bagagem subliminar sobre diferentes filmes, com isso ele acredita adivinhar o que vai acontecer, mas existem em contra partida o cinema realista ou experimental, que também se preocupa com o filme, porem de modo diferente, em ambos existe uma sequencia de cenas para expor uma narrativa, coerente a maneira daquele que o fez, com isso gera diferentes características determinadas pelos gêneros, que organizam e orientam a comunicação entre espectador e obra, orientando o discurso fílmico, existem alguns filmes que extrapolam esses limites e entram em uma nova categoria, os chamados cinema de arte ou cinema de autor .

Os principais gêneros fílmicos são o Drama, são em sua grande maioria histórias cotidianas, normalmente com ritmos desacelerados, contendo diálogos e muitos momentos de pausas reflexivas possuem essa característica para aproximar o público gerando empatia são usados planos como close para enfatizar as expressões e sentimentos e primeiro plano dando essa impressão de proximidade entre o personagem e o espectador. Já o Suspense tem seu ritmo alternado, pode ser acelerado e logo em seguida melancólico, pode ser de diferentes temáticas, são filmes com tensões em momentos cruciais, a ponto de prender a atenção, gerando sentimentos de angustia, medo, insegurança, etc., nessa categoria os efeitos sonoros e trilhas são muito importantes para o acompanhamento da obra. Os filmes de Aventura, são distintos e se desdobram em diferentes segmentos, como ação , ficção científica, faroeste, fantasia etc, mas segue a estrutura comum de um protagonista onde a história é contada de modo bem aventureiro onde este percorre diferentes questões e problemas fazendo o possível para solucionar todos, são comuns planos abertos com enquadramentos direcionados a ação, o ritmo desse gênero é mais acelerado do que nos dois anteriores, mas existem pequenos intervalos de descanso a fim de proporcionar mais “folego” ao espectador. Os filmes de Comédia, possuem quadros semelhantes ao drama, porém o filme é considerado mais leve, no sentido que não alcança tanta a subjetividade dos personagens quanto no drama, no nível narratológico quase sempre as comedias possuem finais felizes, sendo elas comedias românticas ou as “escrachadas”, o espectador tende a esperar por esse final feliz.  Existem também os musicais, nesses a característica principal são sequencias musicais com danças executadas pelos personagens, tendem a ser filmes de comedia, drama e aventura, porem também é possível encontrar suspense e terror com esse gênero. Os filmes de documentários, são de não ficção e tem por objetivo registrar um fato ou acontecimento, é comum o uso de câmeras subjetivas e o uso de flashbacks, o diretor por vezes utiliza de características estéticas para prender a atenção do espectador. E por fim o chamado Cinema de autor, esses existe uma sensibilidade maior por parte do espectador, pois extrapola os limites impostos pelos gêneros fílmicos, por isso é também chamado de cinema de arte.

“A Audiodescrição, então, deve também preocupar-se em observar essa estrutura genérica, bem como as convenções particulares do filme dentro do gênero . o roteiro de AD deve refletir  também os elementos                 que permitem ao espectador identificar a que gênero determinado filme pertence .” p. 33



BENVENUTO, Sara Mabel Ancelmo. LIMA, Paulo Victor Bezerra de. Cinema e Audiodescrição: Um manual teórico-prático para audiodescrição de filmes. Fortaleza: UECE, 2017. Disponível em http://www.ava.uece.br/mod/folder/view.php?id=24023. Acesso em 12/10/2017.

terça-feira, 7 de março de 2017

Vendo Vozes - Fichamento

Fichamento: SACKS OLIVER. Vendo Vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. tradução Laura Teixeira Motta. São Paulo. Companhia das Letras. 2010.



"Relação da linguagem com o pensamento - que compõe a mais profunda, a suprema questão quando refletimos sobre o que aguarda, ou pode aguardar, aqueles que nascem ou muito cedo se tornam surdos." p 16

"Wright discorre sobre "vozes fantasmagóricas" que ele ouve quando alguém lhe fala, (...) [Minha Surdez] ficou mais dificil de perceber porque desde o principio meus olhos inconscientemente haviam começado a traduzir o movimento em som. Minha mãe passava grande parte do dia ao meu lado e eu entendia tudo o que ela dizia. Por que não? Sem saber, eu vinha lendo seus lábios a vida inteira. quando ela falava, eu parecia ouvir sua voz. Foi uma ilusão que persistiu mesmo depois de eu ficar sabendo que era uma ilusão. Meu pai, meu primo, todas as pessoas que eu conhecia conversavam com vozes fantasmagóricas. Só me dei conta de que eram imaginárias, projeções do hábito da memória, depois de sair do hospital. Um dia eu estava conversando com meu primo, e ele, num momento de inspiração, cobriu a boca com a mão enquanto falava. Silencio! De uma vez por todas, compreendi que quando não podia ver eu não conseguia escutar.(...) . Para Wright, para os que ficaram surdos depois de a audição estar bem estabelecida, o mundo pode permanecer repleto de sons, muito embora sejam "fantasmagóricos." ' p18

"Pode-se debater se a surdez é ou não "preferível" a cegueira quando adquirida não muito cedo na vida; mas nascer surdo é infinitamente mais grave do que nascer cego pelo menos de forma potencial. Isso porque os que têm surdez pré-linguística, incapazes de ouvirem seus pais, correm o risco de ficar seriamente atrasados, quando não permanentemente deficientes, na compreensão da língua, a menos que se tomem providencias eficazes com toda a presteza. E ser deficiente na linguagem, para um ser humano, é uma das calamidades mais terríveis, porque é estado e cultura humanos, que nos comunicamos livremente com nossos semelhantes, adquirimos e compartilhamos informações(...) foi por esse motivo que os natissurdos, ou, em inglês 'deaf and dumb', foram julgados 'estúpidos' por milhares de anos e considerados 'incapazes' (...) Essa situação só começou a ser remediada em meados do século XVIII. "p 19,20

"A menina nãoera estupida,mas, tendo nascido surda, adquiriu lenta e penosamente um vocabulário que ainda era demasiado reduzido para lhe permitir lar por diversão ou prazer. (...) alguém lhe ensinara ou ela fora obrigada a aprender. E essa constitui uma diferença fundamental entre crianças que ouvem e as surdas congênitas - ou constituída,"p 22

"Wright -, os sinais floresciam na escola, irreprimíveis apesar dos castigos e proibições. (...) O que estou descrevendo não é o modo como falávamos, e sim como conversávamos entre nós quando nenhuma pessoa ouvinte estava presente. Nesses momentos, nosso comportamento e nossas conversas eram muito diferentes. Relaxávamos as inibições, não usávamos máscara." p 23

"Uma criança com surdez pós-linguística e uma sólida compreensão da língua, a escola foi, manifestamente, excelente. (...) para outras criança com surdez pré-linguística, uma escola dessas, com seu método inexoravelmente oral, foi um verdadeiro desastre." p 23

"Sicard prossegue explicando que, em razão de a pessoa surda não possuir "símbolos para fixar e combinar ideias [...], existe um vácuo absoluto de comunicação entre ela e as outras pessoas." ". p25

"De l'Epée Se não tivéssemos voz nem língua e assim quiséssemos expressar coisas uns aos outros, não deveríamos, como aqueles que ora são mudos, esforçar-nos para transmitir o que desejássemos dizer com as mãos, a cabeça e outras partes do corpo?" p 25

"Percepção do médico- filosofo Cardano no século XVI: é possível dar a um surdo-mudo condições de ouvir pela leitura e de falar pela escrita [...] pois assim como diferentes sons são usados convencionalmente para significar coisas diferentes, também podem ter essa função as diversas figuras de objetos e palavras [...] Caracteres escritos e ideias podem se conectados sem a intervenção de sons verdadeiros." p 25

"A escola de L'Epée, fundada em 1755, foi a primeira a obter auxilio publico. (...) , em 1789, já haviam criado 21 escolas para surdos na França e na Europa. " p 27

"Desloges (...) No inicio de minha enfermidade, e enquanto vivi separado de outras pessoas surdas [...] não tive conhecimento da língua de sinais. Eu usava apenas sinais esparsos, isolados e não relacionados. Desconhecia a arte de combiná-los para formar imagens distintas com as quais podemos representar varias ideias, transmiti-las a nossos iguais e conversar em discurso lógico." p27

"Hughlings - Jackson "O paciente sem fala perdeu-a não apenas no sentido popular, de não conseguir expressar-se em voz alta, mas no sentido completo. Falamos não apenas para dizer a outras pessoas o que pensamos, mas para dizer a nós mesmos o que pensamos. A fala é uma parte do pensamento." p 28

"a inteligencia, embora presente e talvez abundante, fica trancada pelo tempo que durar a ausência de uma língua." p 29

"Com Thomas Gallaudet, Clerc fundou em 1817 o Americam Asylum for the Deaf, em Hartford."p. 31

"O aumento da alfabetização e educação entre os surdos foi tão espetacular nos Estados Unidos quanto fora na França, e logo difundiu-se por todas as partes do mundo. " p 32

"Em 1864, o Congresso aprovou uma lei autorizando a Columbia Institution for the Deaf and the Blind, em Washington, a transformar-se numa faculdade Nacional para surdos-mudos, a primeira instituição de ensino superior especificamente para surdos. O primeiro reitor foi Edward Gallaudet - Filho de Thomas Gallaudet" p  32

"O grande impluso na educação e emancipação dos surdos que entre 1770 e 1820 arrebatara  a França continuou assim sua trajetória triunfante nos Estados Unidos até 1870(Clerc, imensamente ativo ativo até o fim, e com uma personalidade carismática, morreu em 1869). E então- esse é o momento crítico de toda a história - a maré virou, voltou-se contra o uso da língua de sinais pelos surdos e para os surdos, de tal modo que em vinte anos se desfez o trabalho de um século" p 32,33

"Edward Gallaudet, por sua vez, era um homem de mente aberta que viajaram muito pela Europa em fins da década de 1860, visitando escolas de surdos de 14 países. Ele descobriu que a maioria dessas escolas usava tanto a língua de sinais como a fala, e que aquelas que empregavam a língua de sinais tinham resultados tão bons quanto as escolas orais no quesito de articulação da fala, mas obtinham resultados melhores na educação geral. Ele concluiu que a capacidade de articulação, embora muito desejável, não podia ser a base da instrução primária, e que isso tinha de ser conseguido, e rapidamente, por meio da língua de sinais".p 34

"O mais importante e poderoso dos representantes 'oralistas' foi Alexandre Graham Bell, (...) Quando Bell jogou todo o peso de sua imensa autoridade e prestígio na defesa do ensino oral para os surdos, a balança finalmente pendeu, e no célebre Congresso Internacional de Educadores Surdos, realizado em 1880 em Milão, no qual os próprios professores surdos foram excluídos da votação, o oralismo saiu vencedor e o uso da língua de sinais nas escolas foi 'oficialmente' abolido.(...) Uma das consequências disso foi que a partir de então professores ouvintes, e não professores surdos, tiveram de ensinar os alunos surdos. A proporção de professores surdos, que em 1850 beirava os 50%, diminuiu para 25% na virada do século e para 12% em 1960." p 34,35

"Hans Furth, psicologo cujo o trabalho é voltado para a cognição dos surdos, afirma que estes se saem tão bem quanto ouvintes em tarefas que medem a inteligência sem a necessidade de informações adquiridas. " p 36

" E foi só na década de 1960 que historiadores e psicólogos, bem como pais e professores de crianças surdas, começaram a indagar: "O que aconteceu?O que está acontecendo?" . Foi só nos anos 1960 e inicio dos anos 1970 que essa situação chegou ao grande público."p 36

"A verdadeiras línguas de sinais são, de fato, completas em si mesmas: sua sintaxe, gramática e semântica são completas, possuindo, porém um caráter diferente do de qualquer língua falada ou escrita.Assim não é possível transliterar uma língua falada para a língua de sinais palavra por palavra ou frase por frase - suas estruturas são essencialmente diferentes. " p 37

"Não Há indícios de que o uso de uma língua de sinais iniba a aquisição da fala. De fato, provavelmente ocorre o inverso."p 38

"O que é necessário, eu me perguntava, para nos tornarmos seres humanos completos? (...)um modo dramático - de investigar esses temas é examinar seres humanos privados da língua. (...) afasia - é a privação da língua (devido a um derrame ou outro acidente cerebral) na mente já formada, num individuo completo. "p40

" Está claro que o pensamento e a linguagem possuem origens (biológicas) absolutamente separadas, que examinamos, mapeamos o mundo e reagimos a ele muito antes de aprender uma língua; e que existe uma enorme esfera de pensamento - nos animais ou nos bebês - muito antes da emergencia da língua. "p 44

"A lingua permite-nos lidar com coisas à distância, agir sobre elas sem manuseá-las fisicamente. Primeiro, podemos agir sobre outras pessoas, ou sobre objetos por meio de pessoas. [...] Segundo, podemos manipular símbolos de modos que seriam impossíveis com as coisas que eles representam e, assim, chegar a versões inusitadas e criativas da realidade." p 45

"L. S. Vygotsky escreve: Uma palavra não se refere a um único objeto, mas a um grupo ou classe de objetos. Cada palavra, portanto, já é uma generalização. A generalização é um ato verbal de pensamento e reflete a realidade de um modo bem diferente do refletido pela sensação e pela percepção." p 49

"Há em Fremont uma proporção incomumente elevada de crianças com pais surdos (...). Tendo adquirido a língua de sinais como língua nativa desde bebês, essas crianças nunca chegaram a vivenciar a tragédia da falta de comunicação com os pais, que costuma ser o destino dos profundamente surdos. (...) Se algumas crianças surdas têm resultados tão melhores do que outras, apesar da surdez mais profunda, não deve ser a surdez em si que está causando o problema, e sim algumas das consequências da surdez - em especial a dificuldade ou distorções da vida comunicativa desde o princípio." p 57

"Nascemos com nossos sentidos; eles são "naturais". é possível desenvolvermos sozinhos, naturalmente, as habilidades motoras. Mas não podemos adquirir sozinhos uma língua: essa capacidade insere-se numa categoria única. Não se pode desenvolver uma língua sem alguma capacidade inata essencial, mas essa capacidade só é ativada por uma outra pessoa que já possui capacidade e competência linguísticas. é somente por meio de transação (ou, como diria Vygotsky, "negociação")com outra pessoa que a linguagem é desenvolvida. " p 59

"A mãe tem de estar sempre um passo à frente, no que Vygotsky denomina "zona de desenvolvimento próxima"; o bebê apenas pode passar à etapa seguinte, ou concebê-la, quando ocupada e comunicada por sua mãe."p 59

"O intercurso social e o emocional, e também o intercurso intelectual, têm início no primeiro dia de vida. Vygotsky interessou-se muito por esses estágios pré-linguísticos, pré-intelectuais da vida, mas seu interesse especial era pela linguagem e pelo pensamento e como eles se reúnem no desenvolvimento da criança. Vygotsky nunca esquece que a linguagem tem sempre e ao mesmo tempo, função social e intelectual, e também não se esquece nem por um momento da relação entre intelecto e afeto, de que toda comunicação, todo pensamento, é também emocional, refletindo "as necessidades e interesses pessoais, as inclinações e impulsos" do individuo." p 59,60

" Schlesinger mostrou que o "salto dialético" mencionado por Vygotsky - o salto das sensações para o pensamento - envolve não apenas a conversa , um diálogo rico em intenção comunicativa, em reciprocidade e no tipo certo de questionamento para que a criança venha a fazer com exito esse salto importante." p 60,61

"Essas mães, portanto, incentivam a formação de um mundo conceitual que, longe de empobrecer, realça o mundo perceptivo, enriquecendo-o e elevando-o continua mente ao nível do símbolo e do significado. O diálogo inadequado, a comunicação falha, na opinião de Schlesinger, levam não apenas à constrição intelectual, mas também à timidez e à passividade a mente, leva a uma autossuficiencia, um arrojo, um espirito brincalhão, um humor que acompanharão a pessoa pelo resto da vida." p 63,64

"O diálogo impulsiona a linguagem, a mente; mas, depois que esta é impulsionada, desenvolvemos um novo poder, a "fala interna", e esta é que é imprescindivel para nosso desenvolvimento mais amplo, nosso pensamento. "A fala interna" explica Vygotsky, "é uma fala quase sem palavras[...] ela não é o aspecto interior da fala externa, é uma função em sim mesma [...]Enquanto na fala externa o pensamento corporifica-se em palavras, na fala interna as palavras morrem quando dão à luz o pensamento. A fala interna é, em grande medida, pensamento em significados puros." p 67

" Escreveu Vygotsky (...) "Nós somos nossa linguagem", costuma-se dizer; mas nossa verdadeira linguagem, nossa verdadeira identidade, reside na fala interna, no incessante fluxo e geração de significado que constitui a mente individual." p 67

"De fato, temos aqui um paradoxo: à primeira vista, a língua de sinais afigura-se pantomímica; dá a impressão de que prestando atenção, logo a "entenderemos" - todas as pantomimas são fáceis de entender. Mas à medida que continuamos a olhar, perdemos essa sensação de "já sei"; ficamos vexados ao descobrir que, apesar de sua aparente transparência, ela é ininteligível." p 70

"Nenhum linguista, nenhum cientista deu atenção à língua de sinais até fins da década de 1950, quando William Stokoe, jovem medievalista e linguista, encontrou seu caminho para Gallaudet College. Stokoe pensava ter ido para ensinar Chaucer aos surdos, mas logo se deu conta de que havia caído, por sorte ou por acaso, num dos meios linguísticos mais extraordinários do mundo. A língua de sinais naquela época, não era considerada uma língua propriamente dita, mas uma espécie de pantomima ou código gestual. (...) A genialidade de Stokoe foi perceber, e provar, que não era nada daquilo; que ela satisfazia todos os critérios linguísticos de uma língua genuína, no léxico e na sintaxe, na capacidade de gerar um número infinito de proposições. (...) Stokoe convenceu-se de que os sinais não eram figuras, e sim complexos símbolos abstratos com uma estrutura interna complexa. Foi, então, o primeiro a buscar uma estrutura, a analisar os sinais, dissecá-los, procurar as partes constituintes. desde o começo ele tentou demonstrar que cada sinal possuía pelo menos trÊs partes independentes - localização, configuração das mãos e movimento e movimento executado.(...) Foi preciso uma serena e imensa autoconfiança, até memso obstinação, para empenhar-se nesses estudos, pois quase todos, ouvintes e surdos igualmente, a princípio consideraram absurdas ou heréticas as concepções de Stokoe, e seus livros, quando publicados, foram vistos como inúteis ou disparatados." p 70,71

"Noam Chomsky revelou-nos explicitamente "como se são usos infinitos a esses meios finitos em línguas específicas" - e investigou "as propriedades mais profundas que definem a 'linguagem humana' em geral". Essas propriedades mas profundas Chomsky denomina "estrutura profunda" da gramática: ele as considera uma característica inata, específica da espécie no homem, que permanece latente no sistema nervoso até ser despeitada pelo efetivo uso da língua. Chomsky visualiza essa "gramática profunda" como um vasto sistema nervoso até ser despeitada pelo efetivo uso da língua. Chomsky visualiza essa "gramática profunda" como um vasto sistema de regras , contendo uma determinada estrutura geral fixa que, às vezes, ele julga análoga ao córtex visual, o qual possui todo tipo de recursos inatos para ordenar a percepção visual. Até agora, ignoramos quase totalmente o substrato neural dessa gramática - mas sua existência, bem como sua localização aproximada, são indicadas pelo fato de que encontramos afasias, inclusive afasias na língua de sinais, nas quais a competencia gramatical, e só ela, é especificamente prejudicada." p 72


"não se ensina gramática à crianças, tampouco a criança aprende; ela a constrói a partir dos "dados escassos e degenerados" à sua disposição. E isso não seria possível se a gramática, ou sua possibilidade, já não existisse na criança, em alguma forma latente que se encontra à espera para concretizar-se." p 73

"Bellugi, discorrendo sobre seu trabalho inicial com Roger Brown, (...) " A diferenciação e a integração simultânea altamente intricada que constituem a evolução da locução substantiva lembram mais o desenvolvimento biológico de um embrião do que a aquisição de um reflexo condicionado ". A segunda maravilha de sua vida como linguista, afirma Bellugi, foi dar-se conta de que essa fascinante estrutura orgânica - o intricado embrião da gramática - podia existir numa forma puramente visual, como de fato existe na língua de sinais." p 74

" Os potenciais da linguagem existem em todos nós - isso é fácil de entender. Mas  que os potenciais para uma modalidade visual de linguagem também sejam tão grandes - isto é espantoso, e dificilmente, e dificilmente seria previsto se de fato não existisse língua visual. Porém da mesma forma, poderiamos dizer que fazer sinais e gestos, embora sem uma estrutura linguística complexa, remota a nosso passado remoto, pré-humano - e que a fala, na verdade, é a recém-chegada na evolução; uma recém-chegada muitíssimo bem-sucedida, capaz de substituir as mãos, liberando-as para outras finalidades que não a comunicação.(...) Portanto, os surdos, e sua língua, demonstram-nos não apenas a flexibilidade mas também os potenciais latentes do sistema nervoso." p 77

"A característica isolada mais notável da língua de sinais - que a distingue de todas as demais línguas e atividades mentais - é seu inigualável uso linguístico do espaço. A complexidade desse espaço linguístico é esmagadora para o olho "normal", que não consegue ver, e muito menos entender, o tremendo emaranhado de seus padrões espaciais Encontramos na língua de sinais, em todos os níveis - léxico, gramatical, sintático -, um uso linguístico do espaço: um uso que é espantosamente complexo, pois boa parte do que na fala ocorre de modo linear, sequencial, temporal, na língua de sinais torna-se simultâneo, coincidente, com múltiplos níveis." p 77,78

"Para Stokoe - e nessa opinião ele é apoiado pela intuição de artistas, dramaturgos e atores que se expressam na língua de sinais - , é que esta n~´ao possui meramente uma estrutura de prosa ou narrativa, mas também é essencialmente "cinemática"" p 79

"De fato, a primeira e principal descoberta para a língua de sinais, tanto quanto para a fala, e que a língua de sinais usa algumas das mesmas vias neurais que são necessárias ao processamento da fala gramatical - mas, em adição, algumas vias normalmente associadas ao processamento visual." p 83


  " Também Hellen Neville demonstrou que a comunicação na língua de sinais usa predominantemente o hemisfério esquerdo, ela provou que a língua de sinais é "lida" com maior rapidez e precisão por seus usuários quando apresentada no campo visual direito (as informações de cada lado do campo visual sempre são processadas no hemisfério oposto). Isso também pode ser demonstrado, de um modo muito notável, observando-se os efeitos de lesões (por derrames etc.)"p 83

"os usuários da língua de sinais apresentam a mesma lateralidade cerebral que os falantes, muito embora sua língua seja inteiramente de natureza visual-espacial (e, como tal, se poderia esperar que fosse processada no hemisfério direito". p 84

"é como se nos usuários da língua de sinais o hemisfério esquerdo "assumisse" a esfera da percepção visual-espacial, modificando-a, aguçando-a de um modo sem precedentes, conferindo-lhe um caráter novo, altamente analítico e abstrato, possibilitando uma língua e uma concepção visual." p 85

"no campo visual periférico (A percepção intensificada de estímulos desse tipo é crucial na comunicação da língua de sinais, pois os olhos do indivíduo que executa os sinais geralmente se fixam no rosto da pessoa com quem ele se comunica, e portanto os movimentos de sinais das mãos aparecem na periferia do campo visual." p 89

"Mas as intensificações mais extraordinárias foram observadas nos surdos usuários da língua de sinais - e nestes, curiosamente, a intensificação de potenciais evocados disseminou-se penetrando o lobo temporal esquerdo, o qual de maneira geral é considerado responsável por uma função puramente auditiva. Essa é uma descoberta notável e, desconfia-se, fundamental pois indica que áreas normalmente auditivas estão sendo realocadas, nos surdos usuários da língua de sinais, para o processamento visual. Essa é uma das mais espantosas demonstrações da flexibilidade do sistema nervoso e do grau de sua adaptabilidade a um modo sensorial diferente." p 90

"o papel da experiencia do individuo e o desenvolvimento deste, quando passa das primeiras tentativas hesitantes(em tarefas linguísticas ou outras tarefas cognitivas) à perícia e perfeição. (Nenhum hemisfério é "mais avançado" ou "melhor" do que o outro;eles são meramente apropriados para diferentes dimensões e estágios do processamento. Os dois são complementares e interage,; e, pelo esforço conjunto, permitem o domínio de novas tarefas). Essa concepção deixa claro, sem paradoxo, que a língua de sinais (embora visual-espacial) pode tornar-se uma função do hemisfério esquerdo e que muitos outros tipos de habilidade visual(...) .Podemos entender por que o usuário da língua de sinais torna-se uma espécie de "perito" visual de várias maneiras, em determinadas tarefas não linguísticas - por que ele pode desenvolver não apenas a linguagem visual mas também uma especial sensibilidade e inteligência visual." p 92

" todas as línguas de sinais nativas possuem uma estrutura espacial muito semelhante. Nenhuma delas tem a mínima semelhança com o inglês em sinais ou com a fala em sinais. Todas apresentam, sob suas diferenças específicas, alguma semelhança genérica com a ASL. Não existe uma língua de sinais universal, mas existem, aos que parece, universais em todas as línguas de sinais, universais não apenas de significado, mas de forma gramatical." p 99

" A forma particular da gramática que Chomsky denomina gramática "superficial" (seja ela a gramática - do inglês, do chines ou da língua de sinais) - é determinada pela experiencia do individuo; não é uma dotação genética, mas uma realização epigenética. Ela é "aprendida", ou talvez devêssemos dizer, pois estamos lidando com algo primitivo e pré- consciente, ela evolui por meio da interação de uma competência linguística geral (ou abstrata) com as particularidades da experiência - uma experiência que, nos surdos, é distinta, e de fato única, porque ocorre num modo visual." p 99

" Ser surdo, nascer surdo, coloca a pessoa numa situação extraordinária; expóe o indivíduo a uma série de possibilidades linguísticas e, portanto, a uma série de possibilidades intelectuais e culturais que nós, outros, como falantes nativos num mundo de falantes, não podemos sequer começar a imaginar. Não somos privados nem desafiados linguisticamente como os surdos: jamais corremos o risco da ausência de uma língua, da grave incompetência linguística; mas também não descobrimos, ou criamos, uma língua surpreendentemente nova." p 101

"A surdez em si não é o infortúnio; o infortúnio sobrevém com o colapso da comunicação e da linguagem." p 101

"Contudo, nada disso precisa acontecer. Embora os perigos que ameaçam uma criança surda sejam muito grandes, por sorte eles são inteiramente evitáveis. Ter um filho surdo, filhos gêmeos, um filho cego ou um prodígio requer flexibilidade e engenhosidade especiais dos pais. Muitos pais de crianças surdas sentem-se impotentes diante de tamanha barreira de comunicação com o filho, e a possibilidade de uma barreira assim ser derrubada é um tributo à adaptabilidade tanto dos pais como da criança." p 102

"Basta observar duas pessoas comunicando-se na língua de sinais para percebermos que esta possui uma qualidade divertida, um estilo muito diferente do da língua falada. Seus usuários tendem a improvisar, a brincar com os sinais, a trazer todo seu humor, sua imaginação, sua personalidade para o que estão comunicando, de modo que o uso da língua de sinais não é só a manipulação de símbolos segundo regras gramaticais, mas, irredutivelmente, a voz do usuário - uma voz com uma força especial, porque é emitida, de um modo muito imediato, com o corpo. Pode-se ter ou imaginar uma fala sem um corpo, mas não se pode ter uma língua de sinais sem um corpo. " p 103

" A língua emerge - biologicamente - de baixo, da necessidade irreprimível que tem o individuo humano de pensar e se comunicar. Mas ela também é gerada, e transmitida da história, das visões de mundo, das imagens e paixões de um povo. A língua de sinais é para os surdos uma adaptação única a um outro modo sensorial; mas é também, e igualmente, uma corporificação da identidade pessoal e cultural dessas pessoas. Pois na língua de um povo, observa Herder, "reside toda a sua esfera de pensamento, sua tradição, história, religião e base da vida, todo o seu coração e sua alma". Isso vale especialmente para a língua de sinais, porque ela é a voz - não só biológica mas cultural, e impossível silenciar - dos surdos." p 105

"No inicio da década de 1970, o oralismo que imperou exclusivo durante 96 anos entrou em reversão, e a "comunicação total" (o uso conjunto da língua de sinais e da língua falada) foi introduzida (ou reintroduzida, como havia sido muito comum, em vários países, um século e meio antes). " p 124

"Stokoe afirmara desde o início que os surdos deviam ser bilíngues (e biculturais), que deviam adquirir a língua da cultura dominante mas também, igualmente, a sua própria, a língua de sinais." p 124

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Audiodescrição de pinturas são neutras?

Fichamento: Audiodescrição de pinturas são neutras? Descrição de um pequeno corpus em português via Teoria da Avaliatividade. Pedro Henrique Lima PrAXEDES Filho, Célia Maria Magalhaes. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/0B_Tn2hKXp0qxMlZlUTlrblZnNG8/view 


“A pesquisa cuja primeira parte apresentamos aqui integrou o subprojeto, dentro do escopo do PROCAD-PosLA/PosLin, referentes as PcDVs :”Elaboração de um modelo de Audiodescrição para cegos a partir de subsídios dos estudos de multimodalidade, semiótica social e estudos de tradução”(doravante, vamos nos referir ao subprojeto como PROCAD-PosLA/PosLin-AD)”

“É preconizado na literatura não acadêmica sobre AD(...), que o texto descritivo de uma cena de filme, um programa de TV, uma pintura, uma escultura, uma exposição de museu, um monumento urbano, uma partida esportiva, uma peça de teatro etc. ou, em outras palavras, o roteiro de uma AD tem de ser isento de qualquer avaliação/interpretação.”p2

“A justificativa para essas prescrições tem a ver com o argumento de que não se pode retirar das PcDVs o direito de elas ... constituírem as avaliações/interpretações e as emoções suscitadas pelo objeto da AD.” P 2

“Essa prescrição de neutralidade incomodava os pesquisadores e audiodescritores envolvidos no PROCAD-PosLA/PosLin-AD. Quanto aos pesquisadores, por serem linguistas aplicados com formação também em linguística, resistiam a incluir a neutralidade no conjunto de parâmetros em construção e assim se posicionavam porque sabiam –com base em varias teorias, especialmente a Teoria da Avaliatividade (TA) tal como proposta no escopo da linguística Sistêmico-Funcional( LSF) - , trata-se de um parâmetro impraticável dada a impossibilidade de existirem textos orais, escritos ou sinalizados sem marcas autorais quanto às avaliações/interpretações de autores frente aos significados realizados em seus textos.” P 3

"Jakobson(2000/1959) defende que traduzir é interpretar signos em outros signos ... e a LSF entende o TT como retextualização de um texto-fonte por um novo autor, cuja a voz se faz presente. Quanto aos audiodescritores, a eles era demandado muito tempo até que expurgassem seus textos de tudo quanto parecesse ser avaliativo/interpretativo.” P 3

“A neutralidade é ainda consensual na maioria dos centros onde roteiros de AD para PcDVs são produzidos. Portanto, poucos trabalhos foram publicados que tenham questionado esse parâmetro. Tínhamos conhecimento de apenas dois. O primeiro é Holland(2009), que é um ensaio sobre a impossibilidade de neutralidade em roteiros de AD para o teatro e as artes visuais em geral com base apenas em sua experiência como audiodescritor(...) O segundo é Jiménez Hurtado (2007), que relata uma pesquisa cujo objetivo foi descrever o novo registro ‘AD filmica’ do ponto de vista, dentre outros, avaliativos/interpretativo, mas tão somente sob a ótica dos sentimentos de emoção, usando categorias próprias. A presente pesquisa se justificou, então, por ter sido a primeira que investigou a neutralidade em roteiros de AD de pinturas e sob uma perspectiva teórica abrangente, a da TA” P 4

“É necessário dizer que a academia, ao reconhecer a AD como um tipo de TAV dentro dos Estudos de Tradução, absorveu o parâmetro de neutralidade. No Brasil Silva et al.(2010) dizem, a esse respeito:
                ...o áudio-descritor (sic) não pode interferir em tais imagens e precisa seguir fielmente a regra geral “Descreva o que você vê!”. Aí reside uma especialização na constituição do gênero áudio-descrição (sic) e na veiculação deste: a objetividade... . ... o tradutor assume o papel de ator invisível ... para prevenir que a individualidade do profissional se sobreponha a obra, é fundamental que a áudio-descrição (sic) esteja alicerçada pelo aporte teórico até hoje postulado ...(p.10/12/16)
... ao defenderem que “...o áudio-descritor (sic)... precisa seguir fielmente a regra geral “Descreva o que você vê!” e que “... assume o papel de ator invisível...” (p.10). Além de Silva Et al.(2010), há, ainda no Brasil, Vilaronga (2009) – que, ao falar de AD no cinema, postula a favor da fidelidade ao filme por parte do audiodescritor  a quem fica interditado “...julga ou interpretar o filme” (p.1060) - , e Navarro (2012), que – ao tratar de AD na publicidade - , advoga por uma descrição limitada exclusivamente ao que aparece na imagem e desprovida de juízos de valores pessoais. ... Apesar de não tê-lo citado, Vilaronga(2009) certamente consultou Snyder (2008), que igualmente sem se distanciar , de nenhum modo, do documento americano fornece as seguintes orientações ...
                               Os descritores têm de resumi-la [a língua usada em uma Audiodescrição] com a sigla ‘WYSIWYS’ , isto é, ‘What You See Is What You Say’ ... . O melhor audiodescritor é chamado, as vezes, de ‘lente de câmera verbal’, capaz de, objetivamente, recontar aspectos visuais de uma exposição ou de um programa audiovisual ...
É certamente Inquestionável que as PcDVs têm capacidade cognitiva e emotiva plena, mas é questionável se os audiodescritores conseguem escrever roteiros plenamente neutros.” (p. 5,6)

“A TA- ... – fundamenta-se, no escopo da área mais geral da semiótica social, na Escola de Sydney da LSF e a expande. ... A LSF- dado seu viés funcionalista em contraposição ao viés formalista -, não se limita a estudar a língua apenas do ponto de vista intralinguístico do significado (semântica), da forma (lexicogramática) e da expressão (fonologia e fonética-grafologia e grafética). Antes de chegar aos estratos intralinguísticos, a teoria hallidayana partedo estrato ainda extralinguístico dos contextos de cultura e de situação(Social) (HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2014) .
A cultura é o nível de contexto abrangedor e geral, no qual o sistema linguístico em sua inteireza – a língua propriamente dita – está inserido. O contexto de cultura, então, abrange o potencial linguístico inteiro e vice-versa. Por outro lado, a situação diz respeito ao nível de contexto imediato e específico, no qual uma porção muito restrita do sistema linguístico  - uma instancia da língua inteira ou um texto, seja falado, escrito ou sinalizado -, está inserida. O contexto de situação - ... -, é previsível a partir do texto e vice-versa. ” P 7

“Ainda por ser uma teoria funcionalista, a LSF transcende o único tipo de significado considerado pela semântica formalista – o representacional – e estuda outros dois tipos – o interativo e o textual.” P 7

“os tipos de significados são universais linguísticos resultantes dos usos comuns que todos os humanos fazemos das línguas em sociedade, constituindo-se nas funções da linguagem verbal ou metafunções.” P 7

“a metafunção textual ou instrumental ou viabilizadora (o falante é simultaneamente observador e intruso e, imbricado nessas duas perspectivas assume também o papel de produtor de textos) nos habilita a compor textos orais, escritos ou sinalizados coesos e coerentes, por via dos quais interagimos com o outro sobre nossas representações experienciais ou, melhor dizendo, trocamos, com ele, as nossas representações experienciais (individuais/subjetivas) das informações e os bens e serviços que circulam em cada contexto de situação da cultura.” P8

“uma vez dentro do estrato formal, as escolhas feitas nas redes de sistemas de transitividade, modo e tema, para falar apenas das principais, são realizadas, na hierarquia da oração, por funções estruturais: a oração como representação constitui-se das funções Participante – Processo- Circunstancia; a oração como troca, das funções Modo(Sujeito – Finito) e Resíduo (Predicador-Complemento- adjunto circunstancial); a oração como mensagem, das funções Tema-Rema (fase funcional/sintagmática da semiose cognitiva).” P8

"Cada área da lexicogramática ativa o sistema de sons ou sinais –fonologia ou o sistema de letras-grafologia, sendo por eles realizada (semiose física). Mais uma vez, o contraponto dialético está presente: a fonologia-grafologia constrói e realiza a área lexicogramatical correspondente .” p 8,9

“Dentro ...da LSF, o sistema de avaliatividade da TA, ..., encontra-se no estrato da semântica, inserido, mais especificamente, na metafunção interpessoal. Trata-se de uma rede de sistemas de significados avaliativos." p9
“Uma rede de sistemas é um conjunto de sistemas inter-relacionados, cuja organização relacional se dá através dos níveis de delicadeza da escala de delicadeza ou refinamento/detalhamento. Um sistema por sua vez, é um conjunto  de termos mutuamente excludentes/não simultâneos ou simultâneos dentre os quais o falante/escritor faz escolhas. Cada rede de sistemas tem uma condição de entrada inicial que estabelece seu ambiente/escopo e enseja que sejam feitas escolhas dentre os termos dos sistemas no primeiro nível de delicadeza, os mais gerais.”p 9

“A rede de sistemas avaliativa comporta, em um primeiro nível de delicadeza a partir da condição de entrada inicial ‘avaliatividade’, o sistema simultâneo TIPOS DE AVALIATIVIDADE ,com os seguintes termos/escolhas: ‘atitude’(...TIPOS DE ATITUDE são áreas de significados interpessoais dos quais o falante- escritor avalia/interpreta positiva ou negativamente os sentimentos, e/ou ‘engajamento’ (... TIPOS DE ENGAJAMENTO são áreas de significados interpessoais através dos quais o falante-escritor avalia/interpreta via seus posicionamentos sobre o que diz e via a relação entre o dizer autoral e outras vozes avaliativas presentes no universo da intertextualidade, ...sido a dialogia bakhtiniana a base apara a teorização a respeito. ...) e/ou ‘gradação’ (...TIPOS DE GRADAÇÃO são áreas de significados interpessoais através dos quais o falante-escritor avalia/interpreta por amplificação ou redução do grau das avaliações atitudinais e do grau das avaliações pelos posicionamentos das vozes autorais e da relação entre estas e as vozes não autorais)” p 9,10

“TIPOS DE ATITUDE... ‘afeto’ ...avaliações/interpretações sobre as emoções ...; o ‘julgamento’... avaliações/interpretações sobre o comportamento das pessoas, podendo envolver valores que comprometem o individuo perante o circulo de pessoas de seu convívio...; a ‘apreciação’ ...avaliações/interpretações sobre o aspecto estético das coisas, das pessoas e dos fenômenos semiótico e naturais. ... Há ainda no segundo nível de delicadeza, os sistemas não simultâneos POLARIDADE e TIPOS DE REALIZAÇÃO DE ATITUDE. Os termos/escolhas do primeiro são ‘positiva’ ou  ‘negativa’ ou ‘ambígua’... . Os termos/escolhas do segundo são ‘inscrita’ ou ‘evocada’. P.10

“TIPOS DE ENGAJAMENTO comporta termos/escolhas “monoglossia’ ou  ‘heteroglossia’. O primeiro tem a ver com asserções categóricas que não permitem o questionamento ou que não dão margem a dialogia, isto é, a ver com asserções que podem propiciar “... desengajamento heteroglóssico”(WHITE, 2003,p 262) ... ; o segundo , por outro lado, tem a ver com o reconhecimento por parte do falante-escritor, de que existem outras vozes ou pontos de vista acerca do assunto que está tratando. ... TIPOS DE GRADAÇÃO disponibiliza os termos/escolhas ‘força’ e/ou  ‘foco’, os quais se combinam, ... sistema não simultâneo DIREÇÃO DA GRADAÇÃO, cujos termos são: ‘aumento’ ou ‘diminuição’. P11

”O sistema TIPOS DE FORÇA é simultâneo, no terceiro nível de delicadeza, ao sistema simultâneo TIPOS DE REALIZAÇÃO DE FORÇAS, cujos termos/escolhas são ‘isolada’ (... – muito feliz )ou ‘fusionada’ (... – exultante = muito feliz)” p 11

“aproveitamos para aumentar o ‘nível de delicadeza’ da informação: ao combinarmos a relação de conjunção com sistemas, a simultaneidade é obrigatória e só ela é possível (...se estabelece entre os sistemas TIPOS DE ATITUDE, POLARIDADE E TIPODE REALIZAÇÃO DE ATITUDE; entre os sistemas TIPOS DE GRADAÇÃO e DIREÇÃO DA GRADAÇÃO; bem como entre os sistemas TIPOS DE FORÇA e TIPOS DE REALIZACAO DE FORÇA); ... o falante-escritor poder avaliar via ‘afeto’ e/ou ‘julgamento’ e/ou ‘apreciação’.” p 12

“Um IFS(índice de frequência simples)é o numero de ocorrências de um dado traço linguístico por cada 1000 palavras de texto, que é o numero de ocorrências do traço dividido pelo total de palavras de cada roteiro, com o resultado multiplicado por 1000. Esse é um recurso estatístico para neutralizar o fato de que os roteiros têm números de palavras corridas diferentes.” P 15

“evidencia que os audiodescritores que escreveram os roteiros de AD, em português brasileiros, das pinturas listadas ...  não foram neutros, tendo sido, por conseguinte avaliativos/interpretativos.”p15

“os resultados corroboram empiricamente as pistas fornecidas por Martin e White (2005) de que não há neutralidade em língua em decorrência do fato de que até as “... asserções categóricas ... são... intersubjetivamente ... posicionadas ...” (P.94) e por Jakobson (2000/1959) de que traduzir é interpretar. ...parecem corroborar também a intuição de Holland (2009), de acordo com a qual não existe a possibilidade de neutralidade em roteiros de AD para o teatro e as artes visuais em geral. Quanto à Jiménez Hurtado (2007), não são somente sentimentos emotivos que estão presentes nos roteiros de AD das pinturas, mas também sentimentos éticos e estéticos.” P 22

“Quando a impossibilidade de neutralidade for suficientemente comprovada em roteiros de cada tipo de produto em várias línguas será importante, tendo em vista especialmente a formação de audiodescritores, a condução de pesquisas que investiguem se os padrões avaliativos que emergem da análise microlinguística constituem-se, ou não, na assinatura avaliativa do audiodescritor ou no estilo avaliativo do roteiro de AD” P25


                                                                           
TT = Texto Traduzido
TA = Teoria da Avaliatividade
LSF = Linguística Sistêmico-Funcional
TAV-Ac = à Audiodescrição (AD), tipo de tradução predominantemente
intersemiótica (semiose visual – semiose verbal oral), podendo ser, ocasionalmente, também intrassemiótica como no caso, por exemplo, da descrição dos créditos de um filme ou programa televisivo  (semiose verbal escrita – semiose verbal oral).
SEs=Surdos e ensurdeceidos
PcDVs_Pessoa com deficiência visual
TAV-Ac =tradução audiovisual acessivel
TAV =taducao audiovisual
LSE=Legendagem para surdos e ensurdecidos
AD= Audiodescriçaõ
PosLA-CH-UECE = Programa de Pós graduação em Linguistica Aplicada –Centro de Humanidades da UECE
LATAV = LABORATÓRIO DE TRADUCAO AUDIOVISUAL
PosLin-FALE-UFMG= Programa de Pos graduação em Estudos Linguisticos – Faculdade de Letras UFMG

LETRA= Laboratório Experimental de Tradução 

Educação a distância na UECE

FICHAMENTO: MAIA, J.E.B., VIDAL, E. M. . Educação a distância na UECE: uma proposta estratégica para o Ceará do Futuro. disponível em: http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:lvLdyvlaSF0J:www.uece.br/sate/index.php/downloads/doc_download/2039-texto-5-ead-na-uece+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br


“ A introdução da EAD no Brasil remonta ao inicio do século XX, com uso de material impresso, ... cursos a distancia, por correspondência,...Nas primeiras décadas do século XX, surge no Brasil os primeiros cursos, oferecidos pelo Instituto Monitor, voltados para a formação no ramo da eletrônica e pelo Instituto Universal Brasileiro (IUB), dirigidos para a formação de nível elementar e médio.” (p.1)

“A criação da Fundação Rádio Sociedade do Rio de Janeiro , em 1923, posteriormente doada para o Ministério da Educação e Saúde e o inicio das escolas radiofônicas em Natal. Tais iniciativas deram impulso á utilização do veículo para fins educacionais na primeira metade do século XX.” P 1

“Em 1960, se inicia uma ação sistematizada do Governo Federal em EAD, mediante contrato entre o MEC e a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que previa a expansão do sistema de escolas radiofônicas abrangendo os estados nordestinos e fazendo surgir o Movimento de Educação de Base (MEB) que incluía um sistema de ensino a distância não formal. Cinco anos depois, começavam a serem realizados os trabalhos da Comissão para Estudos e Planejamento da Radiodifusão Educativa, seguida da instalação de oito emissoras da televisão educativa pelo poder público... nasce o Projeto Minerva, através de decreto ministerial e da portaria Nº208/70” P 1

“até chegar à geração na qual ocorre a criação de ambientes virtuais de aprendizagem com processos de ensino-aprendizagem multimidiáticos e multilaterais. Só na década de 1990 é que surgiram as primeiras ferramentas de apoio á aprendizagem virtual no Brasil,..., desenvolvendo a EAD on-line.” P.1, 2

”O processo de normatização da EAD no Brasil ocorreu a partir da publicação da LDB de 1996 (nº9.394/96), que no artigo 80 menciona que “O poder Público incentivará o desenvolvimento e a vinculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. ..., representou um avanço significativo para as iniciativas que já estavam em andamento e estimulou a adoção mais frequente dessa modalidade” p. 2

“com as definições apresentadas na LDB, o Governo procurou criar condições para que a viabilização concreta de atividades envolvendo EAD ocorressem. ...Em dezembro de 2005 é publicado o decreto Nº 5622 que revoga os decretos anteriores sobre a matéria e regulamenta, novamente, o artigo 80 da LDB. Os principais pontos deste decreto são:
·         Caracteriza a educação à distancia como modalidade educacional, organizada segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares.
·         Prevê a obrigatoriedade de momentos presenciais e os níveis e modalidades educacionais em que poderá ser ofertada.
·         Estabelece regras de avaliação do desempenho do estudante para fins de promoção, conclusão de estudos e obtenção de diplomas e certificados, sendo que estes terão validade nacional.
·         Confere ao MEC a competência de organizar a cooperação e integração entre os sistemas de ensino, objetivando a padronização de normas e procedimentos em credenciamentos, autorizações e reconhecimentos de curso e instituições a distancia.
·         Apresenta instruções para oferta de cursos e programas na modalidade à distância na educação básica, ensino superior e pós-graduação .
De 1994 a 2009 a história no Brasil registra avanços significativos e de forma acelerada, chegando a compensar o lento ritmo com que caminhou na segunda metade do século XX em relação a outros países que criaram seus sistemas de EAD. “ P. 2,3

“Foi com a publicação da LDB de 1996, que a EAD no Brasil iniciou um processo de crescimento acelerado. ... é inegável que o setor privado tomou a dianteira na oferta desta modalidade de ensino, pelo menos nos primeiros dez anos. ... A universidade Aberta do Brasil (UAB) surge como uma iniciativa do MEC visando à inclusão social e educacional por meio da oferta de educação superior a distância. ... expandir e interiorizar o ensino superior público e gratuito no País com a incorporação de novas metodologias de ensino, especialmente o uso de tecnologias digitais. “ p 2,3

“A criação da UAB incentivou as instituições publicas a participarem de programas de formação inicial e continuada de professores para Educação Básica que podiam ser ofertados na modalidade a distancia.”

“A UAB não constitui uma nova instituição para ao MEC. Na verdade ela apresenta uma configuração de rede, envolvendo as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e as Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) .” P 4

“A UAB é formada por uma “rede nacional experimental voltada para pesquisa e para a educação superior ... que será formada pelo conjunto de instituições publicas de ensino superior em articulação e integração com o conjunto de polos municipais de apoio presencial.” .” p 4

“no ano de 2005 foi lançado o primeiro Edital para oferta de cursos de graduação na modalidade a distancia. Entre as instituições que concorreram ao referido edital, a Universidade Estadual do Ceará (UECE) integrou  consórcio junto com a Universidade de Brasília para oferta do curso de Licenciatura Plena em Letras. ... a UECE também participa do consórcio interinstitucional para oferta do curso de graduação em Administração, com apoio do Branco do Brasil. “ p 5

“No ano de 2006, o MEC lança o Edital de Seleção UAB Nº 01/2006, para oferta de cursos de Graduação ... . a proposta de oferta de sete cursos ... que aprovadas, tiveram suas atividades iniciadas em 2009.” P 5

“A proposta da UAB/UECE, no que tange a oferta de cursos de graduação na modalidade de educação a distancia, busca incorporar o uso das novas tecnologias e o crescente grau de interatividade que tem permitido alterar as relações de tempo e espaço, ... .Isso nos leva a redefinir os limites entre o que seja educação presencial e educação a distancia e a criação de um modelo de oferta que, na literatura internacional, se denomina blended learning que se pode traduzir como cursos híbridos.” P. 5

“Aceitando a definição de Graham (2005), podemos afirmar que a blended learning consiste na combinação de aprendizagem presencial com aprendizagem virtual interativa. ... Este modelo apresenta como vantagem o fato de que nas atividades remotas, ou com apoio de recursos virtuais, é possível atender a diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e aumentar a produtividade do professor e do aluno.” p 6

“Um dos desafios para os cursos de EAD é atingir um equilíbrio adequado entre estudo independente e atividades interativas. O conceito de interação não se restringe apenas a relação professor/aluno, mas há que se considerar diversos tipos de interatividade e diversas tecnologias que podem ser utilizadas, respeitando as características próprias de cada mídia, e o planejamento da interação concebido para o curso em EAD.”P.7

“Pode-se considerar que os cursos oferecidos na modalidade EAD na UECE apresentam convergência entre a educação presencial e a distancia, trabalhando com recursos tecnológicos e ferramentas que possibilitam graus distintos de interatividade.” p. 7

“a UECE procurou adotar um modelo andragógico de aprendizagem, uma vez que este se refere a uma educação centrada no aprendiz, para pessoas de todas as idades.” P 7

“Segindo Knowles, o modelo andragógico está fundamentado em quatro premissas básicas para os aprendizes ...
1.       O posicionamento muda da dependência para a independência ou auto direcionamento.
2.       As pessoas acumulam um reservatório de experiências que pode ser usado como base sobre a qual será construída a aprendizagem.
3.       Sua prontidão para aprender torna-se cada vez mais associada com as tarefas de desenvolvimento de papéis sociais.
4.       Suas perspectivas de tempo e de currículo mudam do adiamento para o imediatismo da aplicação do que é aprendido e de uma aprendizagem centrada em assuntos para outra, focada no desempenho. “ p 7

“o modelo andragógico de aprendizagem tem seus fundamentos na experiência educativa de Dewey, na construção do conhecimento de Piaget, na interação social de Vygotsky e na educação transformadora de Paulo Freire. “ p 8

“As contribuições de Piaget e Vigotsky estão presentes de forma bastante efetiva nas formulações e definições das estratégias de interação. ... Ambos são considerados construtivistas em suas concepções de desenvolvimento intelectual, afirmando que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio.” P 8 

“enquanto Piaget se interessava pelo modo como o conhecimento é adquirido e primariamente formado, onde a teoria é um acontecimento da invenção ou construção que ocorre na mente do indivíduo, Vygotsky atentava como os fatores sociais e culturais, herdados em uma sociedade, eram trabalhados na mente do indivíduo de modo que influenciassem no desenvolvimento intelectual. “p 8

“Na obra Pedagogia da autonomia, Freire (1996) define a autonomia como algo que “vai se construindo na experiência de várias, inúmeras decisões, que vão sendo tomadas,” . ... A experiência autônoma, fundada na liberdade, é algo que se constitui desde o exercício de pequenas decisões cotidianas tomadas com responsabilidade. A educação deve guiar-se pela importância do amadurecimento na realização das escolhas, das decisões com responsabilidade.’ P 9

“A andragogia tem como principal objetivo aumentar o conhecimento dos alunos, acrescentando novos conhecimentos que possam ser aproveitados de maneira prática.” P9

“Entre os objetivos do modelo andragógico, podemos destacar os seguintes:
1.       Desenvolver capacidades em curto prazo. (...) 2. Aumentar conhecimentos. (...) 3. Melhorar atitudes e comportamentos. (...) 4. Modificar hábitos. (...) 5. Desenvolver a autoaprendizagem (...)
O aluno se torna o responsável por maior parte em seu próprio ensino e é incentivado a buscar, por conta própria, maiores informações da maneira que julgar adequada. Afinal, o adulto é um indivíduo responsável por sua pessoa e assume caráter autônomo na sociedade.” P 10

“Linderman (1926) identificou cinco pressupostos principais que são pontos chave na aprendizagem do adulto, São eles:
·         Adultos são motivados a aprender, à medida que percebem que a necessidades e interesses que buscam estão, e continuarão sendo satisfeitos. ...
·         A orientação de aprendizagem do adulto está centrada em sua vida ; portanto, as unidades apropriadas para se organizar seu programa de aprendizagem são as situações de vida e nas as disciplinas. ...
·         A experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender, por isso, o centro da metodologia da educação do adulto é a análise das experiências externas, e do próprio cotidiano de cada aluno. Praticamente todo o conteúdo deve ser de utilidade prática e imediata, porém resultando em mudanças de atitudes e especialização de habilidades que geram resultados em longo prazo. ...
·         Adultos têm uma profunda necessidade de serem autocorrigidos; por isto o papel do professo é engajar-se no processo de mútua investigação com os alunos e não apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depois avalia-los.
·         As diferenças individuais entre pessoas cresce com a idade; por isto a educação de adultos deve considerar as diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo de aprendizagem.” P10

“No caso da educação a distancia, as primeiras contribuições sobre processos  de interação foram dadas por Moore (1989) que destaca as relações entre alunos, professores e conteúdo em EAD por meio de três tipo de interação: aluno/professor, aluno/aluno e aluno/conteúdo. Em 1994, Hillman , Willis e Gunawardena adicionaram a interação aluno/interface,... . Soo e Bonk (1998) acrescentam a interação do aluno com ele próprio ou interação interpessoal (BERGE, 1999), que enfatiza a importância do diálogo interno do aluno consigo mesmo quando da interação com o conteúdo.
Sutton (2001) introduz a ideia de interação vicária, que é um tipo de interação silenciosa em que o aluno observa as discussões e os debates presenciais ou virtuais sem dele participar ativamente. Isso não quer dizer que ele não está envolvido com o conteúdo e se processando aprendizagem (...). Em 2003, Anderson amplia a perspectiva de Moore incluindo mais três tipos de interação: professor/professor, professor/conteúdo e conteúdo/conteúdo.” P. 12

“a interatividade pode ser implementada como um Continuum em que os espectros do espaço e do tempo podem intensificar-se graças as novas possibilidades e ao baixo custo das tecnologias interativas.” P 12
Alunos/professor – presencial e a distancia ,encontros nos polos, Professores formadores online no AVA Moodle, ...
Aluno/aluno: Forum de interação, email e outras ferramentas: aspecto colaborativo e cooperativo, diminuindo a sensação de isolamento. “Segundo Mattar(2009) “essa interação também desenvolve o senso critico e a capacidade de trabalhar em equipe e, muitas vezes, cria a sensação de pertencer a uma comunidade.
Aluno/conteúdo: livro texto básico produzido para a disciplina disponibilizado no AVA Moodle em PDF, interação com o tutor a distancia que esta a partir do AVA disponível, o tutor presencial que se encontra no polo, e pelos coordenadores do curso de tutoria de forma presencial ou a distancia Aluno/interface: interação entre o aluno e a tecnologia, ela como mediadora da interação destes com o conteúdo, professor, os tutores e outros alunos.
Interação Interpessoal: reflexões do aluno sobre o conteúdo e o processo de aprendizagem. Aluno adulto tem senso critico desenvolvido, não aceitando de forma automática  suas próprias opiniões ou opiniões alheias.”p.13

“os professores e tutores que integram a logística de organização da proposta pedagógica atuam a partir das seguintes interações:
·         Professor formador trabalha diretamente com os alunos e tutores auxiliando-os nas atividades de rotina, ...
·         Tutor a distancia atua como elo de ligação entre os estudantes e o professor e entre os estudantes e a instituição. Cumpre o papel de facilitador da aprendizagem, ...
·         Tutor presencial atua como elo entre o estudante, os professores , os tutores a distancia e a instituição. Cumpre o papel de apoiadores de processo de aprendizagem nos polos do curso e é responsável pela assistência presencial ao aluno.” P 14

“Para a EAD , o ato pedagógico não é mais centrado na figura do professor, e não parte mais do pressuposto de que a aprendizagem só acontece a partir de uma aula realizada com a presença deste e do aluno. “ p 15

“A EAD, pelos próprios mecanismos pedagógicos adotados, favorece a formação de cidadãos mais engajados socialmente, conscientes de sua autonomia intelectual e capazes de se posicionar criticamente diante das mais diversas situações.” P 15

“As ações na EAD são norteadas por alguns princípios, entre eles: Flexibilidade, ..., Contextualização, ... , Diversificação, ..., Abertura, ..., ler os livros-textos, refletindo acerca dos conceitos, ideias e exemplos apresentados pelos autores,..., registrar todas as dúvidas, ..., responder todas as atividades que se encontram em cada seção ou tópico do livro-texto, ...formar grupo de estudos e discutir os conteúdos das disciplinas. ... . Visitar rotineiramente o AVA pois lá encontrará as mais diversas informações e se manterá atualizado sobre as atividades. ... verificar sempre a caixa de entrada do seu email, pois é um importante canal de comunicação entre todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. ... Associar diferentes meios de comunicação, fomentando a convergência e o diálogo entre as mídias no processo de ensino-aprendizagem, amplia as possibilidades de estímulos pedagógicos e reforça a aquisição do conhecimento. “ p 16

“No modelo andragógico definido, a aprendizagem é responsabilidade compartilhada entre professores tutores e alunos, criando um alinhamento com a maioria dos alunos, que buscam independência e responsabilidade por aquilo que julgam ser importante aprender. “p 17

“NO contexto dos cursos de graduação a UAB/UECE são disponibilizados os seguintes recursos didáticos: Materiais impressos. Video aulas, ambiente virtual de aprendizagem, Video conferencia, quadro branco, encontros presenciais ministrados por professores formadores.” P 17,18

“o meio impresso assume a função de base do sistema de multimeios. Não porque seja “o mais importante” ou porque os demais sejam prescindíveis, mas porque ele é o único elemento de comunicação fisicamente palpável e permanente no sentido de pertencer a seu usuário.” P 18

“o uso dos recursos audiovisuais, especialmente o vídeo amplia a capacidade de aprendizagem dos estudantes bem como atua no sentido de manutenção dessas informações na memória, por mais tempo. ... formas mais usadas são: Video Lição: é a exposição sistematizada de alguns conteúdos. ... Programa motivador: audiovisual feito para suscitar um trabalho posterior ao objetivado.“ p 19
O ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) adotado nos cursos da UAB/UECE é o MOODLE. ...sistema de gerenciamento de cursos online de código aberto, cujo desenho está baseado na adoção de uma pedagogia socioconstrutivista, que busca promover colaboração, atividades individuais e compartilhadas, reflexão critica, autonomia, entre outros aspectos. ... uma ambiente seguro e flexível, permitindo adaptá-lo às necessidades de qualquer curso a distancia ou daqueles que, mesmo sendo presenciais, desejem utilizar um AVA como recurso adicional.” P 20

“ Videoconferência é uma das melhores ferramentas de abordagem síncrona , pois possibilita o uso de imagens e som em tempo real. A videoconferência pode ser oferecida por meio das salas de videoconferência ou por meio do computador, cujas conexões podem ou não ser realizadas pela internet. ... A videoconferência por internet traz ao modelo de EAD alguns avanços relacionados à criticada impessoalidade existente nas demais ferramentas, pois permite estabelecer contato visual entre os alunos e professores.” P 21,22

“Quadro Branco é uma ferramenta que possibilita transcender às limitações impostas pela interface de texto para a discussão e difusão de ideias entre participantes de um curso on line. ...o quadro branco busca reproduzir esta situação com uma janela em branco, onde se pode escrever, desenhar, colar dados e imagens, cujo conteúdo é propagado para os demais participantes dispersos geograficamente.... quem pode escrever: deve-se decidir se todos os usuários poderão escrever no quadro. Isto pode gerar confusão, pois dificulta saber quem escreveu o quê... permitir que apenas o professor possa escrever no quadro. Quando escrever: o professor pode autorizar o aluno a usar o quadro quando este solicitar, ...Controle de cores: o estabelecimento de uma cor de caneta para cada participante possibilitaria a identificação do conteúdo com o seu autor. ... Controle do apagador: deve-se definir quem detém o controle do apagador , pois este pode interferir no desenvolvimento de ideias de outros participantes. ... uma ferramenta excelente para a apresentação ou discussão de ideias em grupo. “ p 22

“em todas as disciplinas constantes na matriz curricular, existirão momentos de encontros e atividades presenciais. 1º apresentação geral do modulo didático e as grandes temáticas da disciplina , ... 2º ... momento que devera priorizar a aplicação de praticas como componentes curricular nas disciplinas de conteúdo cientifico, através da inserção de aulas praticas, ... 3º ... é reservado para revisões, tira duvidas e aplicação da avaliação presencial.” P 23

“no contexto da EAD, o aluno não conta comumente, com a presença física do professor, portanto, torna-se necessário desenvolver métodos de trabalho que oportunizem ao aluno: buscar a interação permanente com os professores e com os tutores; ... estabelecimento de uma rotina de observação, descrição e análise contínuas da produção do aluno, que, embora se expresse em diferentes níveis e momentos, não devem alterar a condição processual da avaliação. .. a avaliação se dê de forma continua, cumulativa, descritiva e compreensiva, é possível particularizar quatro momentos no processo: acompanhamento do percurso de estudos do aluno em diálogos e entrevistas com os tutores. Produção de trabalhos escritos que possibilitem uma síntese dos conhecimentos trabalhados. Apresentação de resultados de estudos e pesquisas realizados semestralmente em seminários temáticos integradores. Avaliação escritas presenciais. “ p 23,24

“ao aluno que não obtiver avaliação satisfatória será oportunizada, no semestre imediatamente seguinte, sob orientação de tutor, nova oportunidade, de maneira que o mesmo possa refazer seu percurso e ser novamente avaliado. A repetição do desempenho insatisfatório resultará no desligamento do aluno do curso. “ p 24

“os alunos devem seguir a sequencia de disciplinas ou módulos didáticos” p 24

“Não será permitido o trancamento., no entanto, serão validadas disciplinas cursadas em outros programas de graduação de qualquer natureza.” P 24

“A avaliação da aprendizagem nos cursos da UAB/UECE assumirá funções diagnóstica, formativa e somativa, desenvolvendo-se de forma contínua, cumulativa e compreensiva. ... .Ao final de cada disciplina haverá uma prova escrita realizada presencialmente, no último encontro da disciplina.” P24

“Os avanços no campo da pedagogia e da psicologia recomendam que a atividade de avaliação não deve ser uma atividade solitária do professor como é comum na nossa tradição educacional. A diversificação de instrumentos de avaliação aconselha, como forma de garantir a redução da subjetividade, o trabalho em equipe dos professores. ... Esse trabalho em equipe não deve ser visto, apenas, no âmbito de uma disciplina, já que todos os professores partilham objetivos de desenvolvimento de competências transversais, comuns.” P 25

“competências cognitivas as diferentes modalidades estruturais da inteligência que compreendem determinadas operações que o sujeito utiliza para estabelecer relações com o entre os objetos físicos, conceitos, situações fenômenos e pessoas. As habilidades instrumentais referem-se especificamente ao plano do saber e decorrem, diretamente, do nível estrutural das competências já adquiridas e que se transformam em habilidades. ... Observado a função pedagógica Da avaliação, deve-se considera-la uma peça essencial para a regulação contínua das aprendizagens. Assim a avaliação não pode situar-se somente no final do processo ensino-aprendizagem, mas em vários momentos e com objetivos diferentes. “ p 25

“Avaliação inicial, também chamada de preditiva tem como principal objetivo determinar a situação de cada aluno antes de iniciar um determinado processo de ensino-aprendizagem, visando adaptá-lo as suas necessidades. Ela pode ser prognóstica, quando trabalha com um conjunto de alunos, grupos ou classes; e diagnóstica, quando se refere a cada aluno. ... .Avaliação formativa se refere a procedimentos utilizados pelos professores para adaptar seu processo didático aos progressos e necessidades de aprendizagem observada em seus alunos. ... Este tipo de avaliação tem como finalidade fundamental uma função ajustadora do processo de ensino-aprendizagem ... detectar pontos frágeis da aprendizagem,... Avaliação somativa tem como objetivo estabelecer balanços confiáveis dos resultados obtidos ao final de um processo de ensino- aprendizagem. Como prática docente, a avaliação deve ser contínua e sistemática. ..., contribuindo para o sucesso da tarefa educativa. “ p 26

“para o aluno, a avaliação se torna um elemento indispensável no processo de escolarização, visto possibilitar ao mesmo acompanhar o seu desempenho e compreender seu processo de desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. ... . Para o professor e tutores a avaliação tem um papel relevante porque fornece subsídios para uma reflexão contínua sobre sua prática, criação de novos instrumentos e revisão de aprendizagem individual ou de todo o grupo. ... . A avaliação ocorre sistematicamente durante todo o processo de aprendizagem e ensino.” P 27

“Nos cursos da UAB/UECE o processo de avaliação é constituído de dois momentos  do aluno. Serão avaliados os seguintes aspectos: interação com seus tutores e colegas, participação nas atividades a distancia, produção de trabalhos escritos e avaliações on line sícronas e assícronas. A) Momentos presenciais: compreenderá exames escritos e apresentação de resultados de estudos e pesquisas realizadas semestralmente em seminários temáticos integradores. “  p.27

“é importante portanto, desencadear um processo de acompanhamento a distancia do aluno que possibilite informações sobre vários aspectos, dentre os quais: Grau de dificuldade encontrados na relação com o conteúdos estudados; desenvolvimento das propostas de aprofundamento dos conteúdos; estabelecimento de relações entre os conteúdos estudados e sua pratica pedagógica; uso de material de apoio a bibliografia; participação nas atividades propostas; interlocução com professores, tutores e colegas; Pontualidade nos momentos presenciais, e na entrega dos trabalhos e no ambiente de aprendizagem de integração. O acompanhamento do desempenho do aluno será realizado pelos professores formadores e tutores a distância com base em critérios avaliativos e registrado em instrumento específico.” P27, 28

“Para assegurar o desenvolvimento do projeto de EAD da UAB/UECE foram estruturadas equipes de trabalho que se responsabilizam pela logística da produção centralizada dos diversos segmentos necessários para a implementação dos cursos, entre eles: Concepção, design instrucional e organização dos recursos pedagógicos. Coordenação dos cursos e polos. Desenvolvimento e manutenção do AVA Moodle. Gerenciamento das ferramentas de EAD disponíveis.  Concepção e implantação da avaliação institucional. Gestão pedagógica, administrativa e financeira dos convênios e projetos vinculados ao sistema UAB, Editoração, produção e gravação de vídeo aulas e videoconferências. Desenvolvimento , utilização e formação continuada para os profissionais envolvidos, no uso do quadro branco.” P 29

“A equipe multidisciplinar é constituída de profissionais que apresentam perfil de formação compatível com as demandas conceituais e procedimentais inerentes as necessidades da modalidade de educação a distancia implementada na UAB/UECE.”P 29

“Professor conteudista: é responsável pela produção de textos de autoria, para as disciplinas, fruto de iniciativas acadêmicas de pesquisa e produção intelectual,...é responsável pela legitimidade e autoria dos textos,” p 30

“Professor formador: responsável pela disciplina de cada curso, estará a disposição para esclarecimento de duvidas dos estudantes e/ou tutores.” p 30

“A oferta de cursos na modalidade EAD, por sua vez, exige a presença de outros profissionais no processo de mediação da aprendizagem, que são os tutores a distancia e presencial. Tutores a distancia: trabalha diretamente com os professores conteúdistas  e formadores auxiliando-os nas atividades de rotina do curso. Cumpre o papel de facilitador da aprendizagem. ... numero de tutores a distancia é definido obedecendo a regra de 1 tutor para cada grupo de 25 alunos. ... Tutores presencial: fará o acompanhamento dos estudantes nos polos presenciais, permitindo acesso à infraestrutura, esclarecendo dúvidas técnicas sobre o ambiente de aprendizagem e motivando os alunos.... para garantir o processo de interlocução permanente e dinâmico, a tutoria utilizará não só a rede comunicacional viabilizada pela internet, mas também outros meios de comunicação como o telefone, faz e correio, que permitirão a todos os alunos, independente de suas condições de acesso ao polo contar com apoio e informações relativas ao curso.” P 31,32,33

“Os cursos do sistema UAB/UECE oferecidos na modalidade EAD estão organizados a partir de um subsistema de produção centralizada com execução descentralizada. ... coordenador de curso: responsável pela coordenação do curso, cabendo a ele a responsabilidade pela organização administrativa e acadêmica, competindo-lhe também acompanhar e avaliar todo o processo de execução do curso nos polos. ... Coordenador de tutoria: acompanha diariamente o desenvolvimento das atividades da tutoria em relação ao estudo das unidades através do AVA. ... Coordenador de Polo: responsável pela coordenação do polo de apoio presencial, permitindo o acesso dos alunos efetivamente matriculados à infraestrutura existente, organizando o funcionamento administrativo e acadêmico. “ p 33,34