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sábado, 21 de janeiro de 2017

Conhecer e agir no campo da cultura: diagnóstico, informações e indicadores.

FICHAMENTO: José Márcio Barros e Paula Ziviani. Conhecer e agir no campo da cultura: diagnóstico, informações e indicadores. In: Pensar e Agir com a cultura: desafios da gestão cultural. Org. Jose Marcio Barros e José Oliveira Junior. Belo Horizonte. Observatório da Diversidade Cultural, 2011. 156p.



“Nem lá, na objetividade cartesiana, nem cá, no subjetivismo romântico, a realidade parece melhor definida como aquilo que se institui na tensão entre um e outro, entre o dado e o percebido. A informação e o vivido.” p 100

“Não basta ser sujeito e/ou gestor da cultura, para se arvorar ao lugar de conhecedor. O conhecimento sobre a realidade reside muito além da identidade, das habilidades técnicas e do acesso a informações. É resultado da competência em transformar aquilo que nos chega, cortado, recortado e embrulhado para um consumo mecânico, em objeto de desconstrução e revelação do que não esta imediatamente dado e visível. Conhecer nossos modelos de conhecimento é, segunda Edgard Morin (2003), o que nos traz autonomia e competência.” P 101

 “coloca-se em evidencia a relevância da pesquisa, da elaboração de indicadores e do diagnóstico na área da cultura como subsídios imprescindíveis para um melhor planejamento das ações em todas as esferas de atuação.” P 103

“informação é conhecimento para a ação , ou seja, orienta e direciona as ações do setor ao qual ela se refere. É preciso que haja uma política continuada de geração de dados para a cultura, o que irá garantir o desenvolvimento de séries históricas, que permitam a comparação entre períodos diferentes e a análise do impacto de ações planejadas em determinadas realidades.” P 103, 104

“o planejamento é uma ferramenta de extrema relevância para a construção do futuro que desejamos. Quando bem estruturado e desenvolvido corretamente, reduz o grau de incertezas e riscos. (...) deixa de lado o improviso – prática inerente ao setor cultural – ou a submissão, nem sempre gratificante, ao destino. (...)é ideal que um processo de planejamento parta de um conhecimento prévio e sistematizado da realidade na qual se pretende intervir. Economizam-se esforço, tempo, recursos humanos e financeiros, evitando desgastes e atropelos.” P 104

“Fa-se necessária a construção de uma rede de informações e indicadores voltados para a compreensão multidimensional da cultura, abrangendo-a em todos os seus aspectos.” P 105

“o diagnóstico implica em observar, detectar e conhecer a realidade de um lugar ou de uma situação. (...) O Diagnóstico Rápido e Participativo – DRP é perfeitamente aplicável à área cultural. (...) O DRP possui uma série de técnicas que podem ser utilizadas no diagnóstico cultural. Para a sua realização, aconselha-se o uso de artefatos que permitam maior visualização e compartilhamento de informações, como a elaboração de mapas, diagramas e quadros ilustrativos.” P 106,107
O Mapeamento participativo é uma técnica baseada na coleta de informações oriundas da percepção e conhecimento que as pessoas e grupos têm do espaço no qual vivem. (...) envolve atores locais, por meio de um processo participativo, na tentativa de levar em consideração a realidade dinâmica da cultura, de recriação e reordenação constante de significados.” P 107

“o mapeamento sociocultural deve fazer uso de novos sistemas metodológicos como a caroviografia e auscultas audiovisuais, instrumentos capaz de capturar a “dinâmica dos coletivos jovens em constante transformação” “. P108

“O mapa cultural é um sistema interativo que possibilita identificar informações sobre diferentes categorias, permitindo ainda, para análises mais complexas, estabelecer cruzamentos de informações com dados sócio demográficos  (...) de cada Estado e das maiores cidades do país.” P109

“No caso do Brasil, a Lei 12.343, de 2 de dezembro de 2010 que institui o Plano Nacional de Cultural, criou também o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais – SNIIC, entendido com o um instrumento de acompanhamento, avaliação e aprimoramento da gestão e das políticas publicas de cultura.(...) A pretensão do SNIIC é a de prover o país de um conjunto de informações de forma a subsidiar o planejamento e as tomadas de decisão referentes às politicas publicas culturais.” P 112, 113


Trabalho colaborativo e em rede com a cultura

Fichamento: Fayga Moreira, Gustavo Jardim e Paula Ziviani. Trabalho colaborativo e em rede com a cultura. in: Pensar e Agir com a cultura: desafios da gestão cultural. Org. Jose Marcio Bara ros e José Oliveira Junior. Belo Horizonte. Observatório da Diversidade Cultural, 2011. 156p.


“O surgimento e o desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação propiciaram a radicalização de um processo de difusão da informação, dos fluxos financeiros no mundo e, como não poderia deixar de ser, da produção e dos bens culturais.” P 81

“A produtividade passa a ser mais focada na informação para geração de conhecimento e não mais na produção de bens em larga escala- transformações do processo do trabalho que transitam da mecanização para a automação e da automação para uma autonomia dos trabalhadores.” p 82

“A estrutura vê-se obrigada a rever o seu sentido de “Capital-ista”, abrindo espaço para uma “capital-logia” que busca entender a natureza do capital como o que é essencial, de importância cabal.” P82

“A valorização da energia criativa de todos os partícipes do trabalho colaborativo ajuda a promover valores até então desgastados e negligenciados pelo circuito de acumulação da forma tradicional de organização trabalhista, sustentando um potencial político de mudança e um espaço publico culturalmente crítico, onde os recursos financeiros deixa, de ser a única medida da riqueza e a auto-organização libera os indivíduos da impotência e da dependência (GORZ, 2005)” P 83

“a Declaração Universal Sobre a Diversidade Cultural, produzida e publicada pela UNESCO em 2002, constata que “ a cultura se encontra no centro dos debates contemporâneos sobre a identidade, a coesão social e o desenvolvimento de uma economia fundada no saber”. A cultura é uma fonte renovável, inventável e indispensável, além disso, encontra-se em todos nós.” P 83

“Embora os trabalhos colaborativos e em rede envolvam uma infinidade de pessoas nos dias de hoje, essas formas de organização social não são uma invenção contemporânea. Ao longo da história, muitos povos se associaram de forma colaborativa com o objetivo de minimizarem dificuldades coletivas ou alcançarem algum objetivo comunitário.” P 84

“no processo colaborativo a ênfase se dá na interação entre os participantes e não na individualidade deles.” P 85

“O desenvolvimento das novas tecnologias de informação e comunicação, a informação disposta e produzida em redes e o seu constante fluxo são processos que subsidiam e provocam novas práticas que reclamam por uma relação diferente com a autoria”. P86

“Colaborar pressupões diálogo entre diferentes abordagens e técnicas. Resultados inovadores normalmente são consequências de experimentação, quando não de erros expostos ao debate.” P 87

“desafios exigem, num processo colaborativo, uma dose acentuada de responsabilidade e comprometimento, uma vez que o que rege as relações nestes casos é mais o interesse direto, do que fruto de imposições contratuais. (...)Todos os colaboradores trabalham em todas as etapas do processo e têm o direito de propor ou divergir em qualquer delas.” P 88

“a simples predisposição das instituições a experimentar a descentralização e horizontalização das relações em um processo produtivo já é um sinal saudável de renovação e nos oferece bases para discutir a aplicação de tais tipos de propostas.” P 90

“Pode-se dizer que os processos colaborativos acontecem ou não em um formato de rede; contudo, as redes, quando pensadas como uma organização social, necessariamente pressupõe a colaboração. De modo geral, esta distinção se dá em torno de dois eixos, basicamente: quantidade e perspectiva coletiva. (...) A formação de redes, em geral, responde a questões de ordem mais coletiva – um fazer conjunto, envolvendo um grupo mais extenso ou diversos atores diferentes.” P. 90

“A ideia de rede é utilizada aqui como uma metáfora para designar estruturas que apresentam três aspectos: quantidade, dispersão geográfica e interligação (MARTINHO,2003)” P 91

“Uma rede, quando tratada como organização social, e não como uma instituição ou entidade, as possui características que a distinguem de outras formas de interação. São elas: multicentralidade, inexistência de centros de decisão e poder, portanto inexistência de hierarquias.” p 91

“Para que os envolvidos em uma rede consigam trabalhar sem centralização e como protagonistas, eles têm que criar espaços para que todos possam dialogar, interagir” p 94

“Ainda que trabalhar colaborativamente e em rede, como já dito, não seja nada novo, essas formas de organização não são naturalizadas em nossa sociedade, que foi historicamente se adaptando a modelos centralizadores e pouco participativos.” P 94,95

“Se entendermos a sustentabilidade como a capacidade de se transformar no tempo, ao seu tempo, se adequando ou propondo novas diretrizes de atuação, devemos olhar para o desenvolvimento destes tipos de processos e procurar entender como eles avançam e se multiplicam, para questionarmos sua viabilidade e legitimidade na busca de um novo padrão produtivo.” P 97

“Não é o fim dos chefes, mas uma relativização ao se fazer disto um lugar de emanação de autoridade. As possibilidade que temos em pequenos grupos de atuação cultural é o espaço para o diálogo e crescimento compartilhado. (...) As redes de trabalho são a tradução disto num espectro mais amplo. É nosso papel refletir sobre esta condição do trabalho nas sociedade que vivemos. “ p 98


sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A mudança da cultura e a cultura da mudança: cultura, desenvolvimento e transversalidade nas políticas culturais. José Márcio Barros

FICHAMENTO: A mudança da cultura e a cultura da mudança: cultura, desenvolvimento e transversalidade nas políticas culturais. José Márcio Barros,.in: Pensar e Agir com a cultura: desafios da gestão cultural. Org. Jose Marcio Barros e José Oliveira Junior. Belo Horizonte. Observatório da Diversidade Cultural, 2011. 156p.

“Por cultura penso, como a Antropologia o faz, um processo através do qual o homem atribui sentidos ao mundo. Códigos através dos quais pessoas, grupos e sociedade classificam e ordenam a realidade. A cultura é a instância onde o homem realiza sua humanidade.” P 50

“para deixar claro que não existem culturas estáticas e que o debate sobre a relação entre o desenvolvimento e a diversidade cultural não pode se recusar a esta tensão. Toda cultura muda,(...)motivada por trocas culturais desastrosas ou por sincretismos singulares. (...) o que é diferente de cultura para cultura também de instituição para instituição é o tipo de movimento que resulta a mudança e as negociações político-simbólicas cm a permanência.” P 51

“Contemporaneamente, emerge um novo modelo cultural, fruto de uma radical transformação na experiência com o tempo e com o espaço, motivada pelo que os especialistas chamam de globalização ou mundialização.” P 52

“Sociedades contemporâneas são aquelas onde grande parte de nossa experiência identitária e de cidadania foi deslocada para as relações de consumo. Nestas sociedades, e em suas instituições, as mudanças não geram necessariamente transformações. São mudanças conservadoras, motivadas por circunstâncias e não por conceitos” P.52

“Pensar numa cultura da mudança significa pensar na maneira como sociedade, instituições e sujeitos constroem sentidos para mudar.p 53

“há mudanças e mudanças. Mudanças que produzem desenvolvimento e mudanças que consolidam a permanência da desigualdade, mudanças que produzem movimento e mudanças que paralisam. É assim que penso a possibilidade da cultura se lugar de transformações sociais. “ p 53

“é com a construção política, teórica e metodológica dos indicadores de desenvolvimento humano que esta relação começa a se esboçar de forma propositiva, através da ampliação do conceito de desenvolvimento para além da realização econômica e a construção de indicadores políticos e culturais.” P 54

“Além de gerar trabalho e fazer circular riquezas, a participação da cultura no desenvolvimento se dá também na maneira como ela oferece aos indiciduos, grupos e sociedades algo que lhe é essencial: a identidade. Aqui a identidade dever ser entendida como valor que marca e produz autoestima. Portanto, uma identidade que pode produzir oportunidades e empreendimento.” P 55

“A cultura gera desenvolvimento humano porque fornece instrumentos de conhecimento, reconhecimento e autoconhecimento. Ou seja, porque gera identidade. Na segunda dimensão, a cultura incide sobre as condições materiais de vida, gerando riqueza.” P 55

“Kliksberg (2001), chama a atenção para o fato de que o conceito de “capital social” abriu portas para um vigoroso processo de revisão das relações entre cultura e desenvolvimento.” P 57

“Do ponto de vista antropológico, a diversidade cultural constitui o grande patrimônio da humanidade. “p 57

“A diversidade cultural, tanto no interior de cada sociedade, quanto entre as diferentes e distantes realidades, configura-se como a mais radical expressão da singularidade humana.” P 58

“A compreensão da diversidade cultural e sua integração com a questão do desenvolvimento, da cidadania e da transformação social vêm exigindo cada vez mais, especialmente, entre aqueles protagonistas de projetos e iniciativas culturais emancipatórias, um grande esforço reflexivo que possa avançar as duas polaridades mais imediatamente reconhecíveis neste campo.” P64

“Articular cultura, diversidade e desenvolvimento vem exigindo posturas e perspectivas mais dinâmicas, (...) a compreensão de que a proteção da diversidade cultural não significa a adoção de medidas restritivas que condenem cada cultura a ela própria,mas a adoçaõ de medidas politicas e econômicas que evitem a transformação das trocas culturais em processos de mão única, que reforça, a concentração cultural e submetem a cultura à lógica exclusiva do mercado globalizado.” P 65

“O desafio hoje, a todos que, de lugares os mais diferentes, a partir de estratégias as mais diversas, tomam a memória e a subjetividade como instrumento insubstituíveis na construção das identidades no contexto da diversidade cultural, é o de, para uns, “criar condições para o enfrentamento da experiência dos vazios de sentidos, provocados pela dissolução de suas figuras,” visando a reconstrução de sua condição de sujeito ativo, para outros, o de, ao “viciar-lhe em seu eu histórico”, moldá-lo como sujeito aberto às transformações e às diferenças.” P 66



Herramientas para la gestió cultural local: Mediacón artística

Fichamento: Herramientas para la gestión cultural local: Mediacón artística, Consejo Nacional de la Cultura y las Artes, Departamento de Ciudadanía e Cultura, Santiago, Chile, 2014.


“La mediación cultural es uma instancia comunicativa entre dos partes, que permite realizar un intercambio vinculante e interactivo, como um flujo o canal de información. Esta acción implica uma intencionalidade de una de las partes, la que realza, explota y da vida a una serie de conocimientos em torno al objetivo que se intenta mediar” p 6

“La mediación artística es un campo de carácter más específico dentro de la mediación cultural, y está constituído por toda la gama de intervenciones y relaciones que el mediador induce y estabelece entre la obra artística y su recepción em el público, una posibilidad de diálogo em um acto circular de experiencia y aprendizaje.” P 10

“La formación de públicos es el processo estratégico de carácter formativo y a largo plazo, que busca, através de la interaccion, hacer más accesibles a la comunidade las manifestaciones artísticas, permitiendo que los indivíduos puedan vivir una experiência significativa de goce y valoración.” P10

“La experiência de la mediación artística es importante para que toda persona y/o comunidade pueda compreender de mejor manera cualquier manifestación artística. Esta comprensión se realiza a través de ejercicios didácticos, preguntas y acciones que  permitirán construir este conocimiento.” P12

“Lo importante no siempre es la cantidad de público, sino la forma em los contenidos y la apreciación de las obras llegarán a este, y como afectará a largo plazo em su identidade y conocimiento cultural.” P 16

“El mediador es quien encuadra, classifica y organiza los contenidos que amanan de una obra, para facilitar la compresión del público. El modo em que se realiza este relato y los ejercicios diseñados transforman el conocimiento, sensibilizando al público frente a la obra.” P 20

“El professor puede ser un mediador artístico com sus estudiantes. El creador de piezas artísticas, artesanales y de outro tipo de objeto, también puede serlo, ya que es quien tiene el mejor conocimiento de lo que há realizado (...)los gestores culturales podrían tener esta función, aunque es imprescindible que tenga las competencias necessárias señaladas para uu mediador artístico. Es esperable que también la comunidade y las personas que han experimentado un processo de mediación puedan ayudar al processo y pueden compartir lo vivido” P 22

“El rol del professor cada vez se acerca m´pas al del mediador, ya que su función no es solo transmitir información a los estudiantes, sino ayudarlos a aprender a aprender, (...) la escuela puede ser um dispositivo clave de mediación para ampliar el capital cultural de los estudiantes y una herramienta educativa que permita al professor alcanzar otros objetivos a parte de la entretención, como la toma de consciência de la propia identidade.” P 32

“La educación artística tiene um valor em si misma, desarrollando la sensibilidade y la capacidade creativa. Solo a través del alrte el ser humano puede expresarse de forma integral.”p 33

“Solamente las escuelas pueden assegurar a los estudiantes de entrar un museo u otros espacios culturales, y es la educación la que puede prestar atención al discurso visual, sobre todo hoy, em que nustra vida coridiana se ve rodeada de imágenes.” P 34




Décio Coutinho, alguns dizeres

Trechos retirados da entrevista que Décio Coutinho concedeu a  Fabio Meloronka Ferron e Sergio Cohn no dia 14 de junho de 2010, em São Paulo.


“A cultura pode trabalhar junto com a economia, agregando valor a um produto não cultural, por meio do design, da identificação de origem”DÉCIO COUTINHO

“Não é possível pensar qualquer ação de turismo, seja qual for o setor ou segmento, sem ter cultura. “DÉCIO COUTINHO

“é preciso conhecer o mercado para saber que tipos de material ou produção será bem recebido. Temos que fazer pesquisa para entender o mercado exterior e também uma pesquisa interna para saber o que temos para oferecer. Só então podemos fazer isso se encontrar. O Sebrae faz essa ponte entre a demanda e a oferta.”DÉCIO COUTINHO

“Empreendedorismo está muito ligado à atitude. Empreendedor é aquela pessoa que inova, que transforma um ambiente em uma coisa diferente e positiva, sem necessariamente pensar no resultado econômico financeiro. Você pode ter um funcionário empreendedor, um professor empreendedor, um aluno empreendedor.”DÉCIO COUTINHO

“O empreendedorismo tem que ser entendido como uma atitude de transformação positiva, de comportamento, de ousadia, de criatividade e de inovação. O empreendedorismo cultural é gente trazendo para a cultura esse tipo de atitude.”DÉCIO COUTINHO

“Quando você dá visibilidade, vem alguém de fora e fala: “Pô, o que você faz é legal”. E a própria pessoa começa a se entender como um produto, como um talento, e começa a se valorizar.”DÉCIO COUTINHO

“No interior do Brasil, verdadeiros tesouros estão guardados dentro de arcas que precisam ser abertas e mostradas. É preciso trazer experiências de fora, interagindo com as locais. Com o máximo de diversidade possível, as pessoas que moram, residem e vivem lá vão ter melhor condição de optar por aquilo com que se identificam mais.”DÉCIO COUTINHO

“Você gera mudança no local com muito pouco dinheiro, mas com engajamento e mobilização das pessoas.”DÉCIO COUTINHO


“Economia criativa é um conceito mais amplo do que a da cultura. A economia da cultura é muito ligada à produção criação artísticas, identidade e patrimônio. E a criativa possui um viés de tecnologia, podendo ampliar esse conceito Para moda, software, games, uma série de outros elementos que tradicionalmente não tem essência cultural.”DÉCIO COUTINHO

Desafios de uma politica publica para a formação de gestores culturais: experiência e pesquisas

 Maria Helena Cunha, Desafios de uma politica publica para a formação de gestores culturais: experiência e pesquisas.Fichamento: Pensar e Agir com a cultura: desafios da gestão cultural. Org. Jose Marcio Barros e José Oliveira Junior. Belo Horizonte. Observatório da Diversidade Cultural, 2011. 156p.

“Não nos duvidamos mais da necessidade de formulação de uma política de formação para esses profissionais -, nos deparamos com o nosso maior desafio: coloca-la em pratica, em âmbito nacional, diante da grande extensão do território brasileiro e de sua diversidade cultural.” P 35

“No caso especifico brasileiro, as transformações sociopolíticas e históricas ocorridas, principalmente, a partir da década de 1980, quando a retomada da democracia politica no Brasil (Diretas Já) permitiu o redesenho da estrutura institucional publica de cultura e foram criadas secretarias estaduais e municipais e o próprio Ministério da Cultura, em 1985.Isso significou uma reordenação da logica de funcionamento do setor, que iria influenciar diretamente as atividades da classe artística, da produção e, consequentemente, da própria atuação do setor privado diante das iniciativas culturais.” p 36

“Podemos considerar que a gestão cultural é uma profissão contemporânea complexa que, além de estabelecer um compromisso com a realidade de seu contexto sociocultural, politico e econômico, tem ainda o desafio de estruturar um processo formativo para esses profissionais, seja no ambiente não formal, sena na academia.” P 36

‘”Outro desafio é a própria dimensão do território nacional, que exige uma politica de investimento em formação que respeite as características locais, mas que tenha referencias comuns e suficientemente coletivizados que possam construir uma base mais solida no que diz respeito à transmissão de conhecimentos específicos do campo da gestão cultural.” P37

“Mac Grecor também comece a sua abordagem pela questão que nos mobiliza neste momento – “ Por que nós temos que profissionalizar os promotores culturais?” E ele mesmo responde: “ Porque já não se pode fazer a gestão a partir do tradicional paternalismo autoritário elitista. (...) Em muitos sentidos o processo de gestão cultural é um processo educativo, é um processo comunicativo.” Continua: “Porque há que se profissionalizar os gestores para criar vínculos, pontes e redes. O gestor é um construtor de pontes com metodologia sustentada na práxis, práxis entendida na maneira freiriana como um processo de reflexão e ação sobre o mundo para transformá-lo, para refletir sobre o que nós vamos fazer e agir”(ANAIS, p.91) “ p 38

“a realidade brasileira, podemos considerar que, praticamente, não temos uma politica clara e objetiva de politica de formação de gestão cultural, seja ela publica ou privada. Assistimos a ações esporádicas e não sistemáticas de iniciativas de formação local e regional e não uma politica especifica que direcione, minimamente, os parâmetros formativos para o setor. Embora ações de formação para a área venham sendo realizadas há mais de dez anos consecutivos, são experiências localizadas e sem um formato sistêmico de caráter nacional.” P 41

“Não se trata de transpor uma experiência para realidades tão diversas, mas que é possível aprender com as boas práticas e partir para ações mais efetivas.” P 41

“Pesquisa sobre o setor de cultura dos municípios brasileiros (IBGE) nos apresenta, entre outras variáveis, uma radiografia sobre o perfil dos recursos humanos do setor publico municipal da cultura (...)Constatou-se, a partir dos dados levantados, um elevado nível de escolaridade dos titulares dos órgão de gestão cultural. Temos números significativos: 84,3% têm nível superior e 34,6% têm pós-graduação(...) pesquisa também realizada em parceria por IBGE/MinC , (...) divulgada em 2007. (...)constatou que o setor cultural já ocupa 3,7 milhões de trabalhadores, prevalecendo o nível de escolaridade mais elevado do que no mercado de trabalho em geral. (...) em contraposição, deparamos com alguns resultados relativos ao grau de instrução dos funcionários municipais e identificamos um alto índice de funcionários de ensino médio em todas as regiões do país (...) temos duas regiões que se destacam, comparativamente, pelo alto índice de funcionários com pós graduação: a região Centro-Oeste, com 14%, e a região Sul, também com 14%, logo abaixo vem a região Sudeste com 5,18%. No caso específico das duas primeiras regiões, podemos supor que os alunos dos cursos de pós-graduação existentes estão, de fato, sendo absorvidos como mão de obra especializada para ocuparem cargos nos órgãos públicos de cultura.” P 41, 42

“Outro ponto a ser considerado refere-se aos cursos que predominam na área cultural. Foi identificada uma ampla diversificação relativa à formação superior. (...)podemos analisar a partir desses dados, do ponto de vista da gestão cultural, é que essa diversidade de áreas de formação aponta para a própria complexidade e riqueza do setor, que apresenta uma capacidade de absorver mão-de-obra qualificada.(...) No entanto, aparece um dado, no mínimo curioso: 42,18% dos funcionários que responderam colocam-se na categoria “Outros” (...) Tudo que colocaram como análise não deixará de ser mera especulação, mas podem estar embutidas algumas áreas de formação que não são, a princípio, consideradas do campo cultural ou mesmo como reflexo do alto índice de profissionais com curso médio.” p 42-44

“Devemos considerar que a diversidade de formação acadêmica, associada ao alto índice de funcionários de nível médio no âmbito do setor publico municipal, o que, de certa forma, reflete como os demais setores da sociedade brasileira, aponta para a necessidade de formulação de um programa de formação em gestão cultural diferenciado em diversos níveis de aprofundamento, (...) para que possa atender aos perfis de profissionais vinculados do setor de cultura.” P 45,46




quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Gestão cultural: formação, colaboração e desenvolvimento local

Fichamento: José Marcio Barros e José Oliveira Junior,  Gestão cultural: formação, colaboração e desenvolvimento local in:  Pensar e Agir com a cultura: desafios da gestão cultural. Org. Jose Marcio Barros e José Oliveira Junior. Belo Horizonte. Observatório da Diversidade Cultural, 2011. 156p.


“Quais capacidades especificas precisam ser desenvolvidas e aperfeiçoadas para que gestores da cultura consigam criativamente dar “clareza, coerência e eficácia” ao seu trabalho, mesmo quando imersos em contextos de escassez de recursos e insumos?” p 28

“O programa Pensar e Agir com a cultura e suas interfaces, com especial ênfase no trabalho colaborativo e em rede, no planejamento em médio e longo prazo e na valorização da diversidade e da sustentabilidade das ações no campo da cultura.” P 28

“Embasados em autores como Edgard Morin, Humberto Maturana, Paulo Freire e tantas outras referencias, buscamos fazer do pensar uma forma de agir e do agir uma possibilidade de ação transformadora.” P30

“ “Pensar para agir” exige competências que comportem a invenção e a experimentação. Acreditamos na formação para além do “treinamento” de forma a mediar experiências que garantam percursos formativos coerentes com o novo lugar que a cultura ocupa na sociedade contemporânea.” P 30

“Formar gestores vai além do acesso a informações, diz respeito à produção de conhecimento e experiências e isso requer tempo de maturação de conceitos e inauguração de novas praticas. O caminho escolhido sempre foi o mais demorado, mas acreditamos de resultados mais duradouros.” P 30

“A qualificação de gestores culturais com um perfil que vai além das questões puramente gerenciais, mas sem deixa-las de lado, é algo que se faz urgente, se levarmos em conta o quanto as industrias criativas podem representar para o crescimento sustentado e em longo prazo.” P 31

“varias das propostas consolidadas no documento Agenda 21 da cultura, por descortinar a possibilidade de outro tipo de convivência através de ações culturais sustentáveis: o equilíbrio entre interesse publico e interesse privado na definição de politicas publicas, a iniciativa autônoma individual e coletiva, o desenvolvimento de elementos conceituais e práticos destacando a cultura como fator de desenvolvimento local, de geração de riquezas e justiça social e, por ultimo, a criação e/ou fortalecimento de uma pratica de gestão cultural que tenha como centro motivador a qualidade de vida do ser humano e seu efetivo engajamento na formulação, acompanhamento e avaliação das politicas publicas.” P 33


“Considerar os aspectos da sensibilidade, da criatividade e atividade cultural continua é um dos maiores motores para o empoderamento e promoção do direito à cidadania aos mais pobres.” P 34

Diversidade cultural e gestão: sua extensão e complexidade.


Fichamento: Jose Marcio Barros. Diversidade cultural e gestão: sua extensão e complexidade. in: Pensar e Agir com a cultura: desafios da gestão cultural. Org. Jose Marcio Barros e José Oliveira Junior. Belo Horizonte. Observatório da Diversidade Cultural, 2011. 156p.


“Diversidade cultural e gestão são expressões que, longe de revelarem consenso e homogeneidade, nos remetem ao campo das ambiguidades e contradições com que pensamos e nomeamos nossas diferenças e nossos modos de geri-las.”p 20

“A diversidade cultural é, forçosamente, mais que um conjunto de diferenças de expressão, um campo de diferentes e, por vezes divergentes modos de instituição.” P21

“Diversidade cultural é a diversidade de modos de se instituir e gerir a relação com a realidade.” p 21

“Identificar o campo da cultura popular e as práticas culturais periféricas como portadoras de uma incapacidade gerencial, normalmente traduzida como incompetência em transformar contingencias em oportunidades, parece ser o bordão que alimenta a cadeia produtiva das consultorias culturais hoje no Brasil.A redução de competências gerencias à adoção de princípios do planejamento estratégico,bem como a definição da praticado empreendedorismo restrita aos editais de financiamento publico e privado são a face visível dos novos colonizadores da gestão cultural. Tal e qual o campo das politicas sociais e das praticas assistencialistas, a cultura traduzida em oportunidade parece movimentar um significativo nicho de mercado.” P 22

“Sob a batuta discursiva da participação democrática, consolida-se a ideia e a pratica de que mais vale multiplicar os modelos provisórios de atenção à diversidade cultural , através de projetos, oficinas, concursos e prêmios, do que pluralizar, ampliar e multiplicar as instituições permanentes de trabalho com a cultura.” p 22

“A perspectiva cultural da diversidade busca a realização de um conjunto de posturas e ações marcadas pelo objetivo de promover a inclusão pela superação da meritocracia, considerada historicamente provedora da discriminação.” p 23,24

 “A gestão da diversidade cultural é assim pensada como estratégia de negócios que transforma um problema, a presença dos diferentes desiguais, em oportunidades.” P24

“A diversidade é tratada como uma “situação onde os atores de interesse não são semelhantes em relação a algum atributo” e tais diferenças precisam ser transformadas de potenciais conflitos em oportunidades produtivas (SCHMIDT, s.d).” p 24,25

“A articulação entre diversidade cultural e gestão parece partir de um pressuposto muito em voga que articula a cultura com o desenvolvimento.” P 25


“Desvelar os sentidos que atribuímos à perspectiva de desenvolvimento na e através da cultura é tarefa sempre necessária e oportuna para se compreender a questão da gestão. (...) Aqui, a gestão da diversidade constituir-se-ia para além da catalogação de curiosos modelos normativos no difícil exercício de troca e hibridização dos mesmos. O reconhecimento da diversidade cultural poderia se transformar em experiência com as mesmas, tanto no campo subjetivo estético, quanto na dimensão normativa e racional. Em ambas, estaríamos explorando a dimensão simbólica da diversidade cultural, traduzindo-a como experiência de diversas ordens.” P 26 

Gestão da cultura e a cultura da gestão: a importância da capacitação de administradores culturais

FICHAMENTO:  Henrique Saravia: Gestão da cultura e a cultura da gestão: a importância da capacitação de administradores culturais.in: Pensar e Agir com a cultura: desafios da gestão cultural. Org. Jose Marcio Barros e José Oliveira Junior. Belo Horizonte. Observatório da Diversidade Cultural, 2011. 156p.

“Se cultura é um sistema de pensamentos, valores, hábitos e crenças próprios de um grupo humano, seu modo de conceber a vida e o mundo, os meios de expressão desse sistema e os produtos que dele decorrem, ela é a base essencial para a aplicação de qualquer critério de governança e governabilidade.
Vista assim, a cultura passa a ser um elemento fundamental da atividade governamental e um fator decisivo de progresso social.”p17

“Vários dilemas devem ser resolvidos na etapa de programação. O primeiro é sugerido pelas particularidades das pessoas que, na prática, atuam como gestores culturais em órgãos (...) Em geral , os que neles ocupam cargos são ou administradores tradicionais pouco sensíveis às manifestações culturais que estão administrando, embora bons conhecedores dos labirintos da máquina governamental, ou, no outro extremo, pessoas sensíveis ao fenômeno cultural, mas que não conhecem adequadamente os métodos e técnicas administrativas que lhes permitiriam um melhor desempenho,(...). O segundo dilema estaria em saber se as atividades de formação e capacitação devem orientar para a elaboração de políticas culturais ou se teriam por objeto a administração cultural. Seria aconselhável escolher a segunda alternativa.(...). Daí a ênfase em técnicas de gestão, principalmente, aquelas que visam formas não tradicionais de financiamento destinadas a angariar os recursos (...) .Um terceiro dilema está referido a se a programação deve estudar e discutir o fenômeno cultural ou se deve se dedicar a analisar os fenômenos organizacionais. Coloca-Se o  problema de que se, por um lado, é necessário fornecer métodos e técnicas de gestão, por outro lado, tais conhecimentos de gestão serão aplicados a um determinado contexto cultural e que, portanto, os administradores devem ter consciência da realidade sobre a qual atuam.(...) A solução talvez seja analisar paralelamente o fenômeno cultural e o fenômeno organizacional e procurar detectar as diversas formas de interação entre eles.” P. 17,18


“Supõe-se que um administrador cultural passa, ao longo de sua carreira, por atividades ou projetos muito diversos. Seria, pois, mais conveniente proporcionar-lhe instrumentos que fossem aplicáveis a toda essa enorme gama de possibilidade. “ p. 19

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

A cartografia e a relação pesquisa e vida

Fichamento: Romagnoli, R. C. “A cartografia e a relação pesquisa e vida”

“As ciências surgem no Ocidente, favorecendo a migração do polo religião, central nas sociedades tradicionais, para o polo razão, sustentáculo da chamada Modernidade. (...)Baseada em esquemas de eficácia e rendimento, conquista um espaço absoluto, impondo-se como força hegemônica na cultura ocidental moderna, relegando ao descrédito e ao esquecimento todos os outros saberes que não estão em consonância com seus pressupostos, a saber: objetividade, causalidade, sistematização e produtividade.”

“As ciências humanas se inserem no contexto da época, altamente positiva. Sua ascensão foi marcada pela abordagem empírica, traduzida por meio de experimentos, com o intuito de compreender a realidade. A psicologia se torna ciência aliada às ciências Naturais, no final do século XIX, produzindo conhecimento através do método experimental, que tem a objetividade, na quantificação e na generalização os sustentáculos da pesquisa.(...) Essa perspectiva defende que é preciso estudar os fenômenos sociais como se fossem naturais.”

“Até a 2ª metade do séc XX, a pesquisa experimental e seu método constituíam o padrão de produção de conhecimento científico, inclusive para a própria Psicologia. A partir dessa época, no entanto, paralela à vertente positivista, base desse tipo de pesquisa, surge um movimento filosófico, que sustenta a visão de mundo existencial, em que vivencia e a percepção que o ser humano tem de suas experiências torna-se essencial. (...)inaugura uma mudança radical da investigação científica e insiste no homem que tem consciência de sua própria vida e da dos seres com quem se relaciona, como peça fundamental do trabalho.(Forghieri, 1993)(...) Surge nesse momento histórico a distinção entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa(Smith 1994)

“Com forte crítica à neutralidade científica, surge a pesquisa-ação, também chamada de pesquisa participante, enfatizando o envolvimento do pesquisador com seu objeto de estudo, pois a pesquisa passa a ser também um fator de transformação social.”       

“Todo fenômeno ou processo social deve ser entendido nas suas determinações e transformações dadas pelos sujeitos, mediante uma relação intrínseca de oposição e complementaridade entre mundo natural e social, entre pensamento e base material. Dessa maneira, a cientificidade está associada à complexidade da natureza e das culturas, e o conhecimento sempre vem associado à práxis, pois a lógica do pensamento está vinculada aos processo históricos das mudanças, dos conflitos sociais e suas contradições.”

“é necessário pontuar que cada método possui sua explicação do que ocorre entre sujeito e objeto. O método experimental parte do pressuposto de que essa articulação é mediada por relações ordenadas entre fatos observados empiricamente.(...)O método fenomenológico, por sua vez, busca nessa relação a consciência que daí emerge, através dos significados que o sujeito atribuiu ao objeto.(...) o método dialético tem como objetivo abranger a articulação entre o dia-a-dia de determinado grupo social, de certo objeto de estudo, com o sistema de ideias e representações que o constitui e que deriva na alienação.(...)(Paulon,2005)”

“o método científico é um instrumento para a explicação da verdade, embasado, como vimos, na conexão assídua entre teoria e procedimentos metodológicos. E a racionalidade, mesmo que seja objeto de grande questionamento nas Ciências Humanas, a garantia de seu alcance.”

Resultado de imagem para surgimento ciencia“hoje, a própria ciência está em crise. De acordo com Santos(2002), “estamos no fim de um ciclo de hegemonia de certa ordem científica. As condições epistêmicas das nossas perguntas estão inscritas no avesso dos conceitos que utilizamos para lhes dar resposta”

“nos deparamos com a complexidade da realidade, e também da subjetividade, opondo-se frontalmente a um conhecimento que se impõe como verdade, generalizante e simplificado, e que tem como objetivo alcançar a previsibilidade a partir de um espaço inteligível de certezas(Morin, 1996) “

“de acordo com Veiga-neto (2002), vivemos hoje a emergência de um pensamento pós moderno que visa a um questionamento continuo das ações com analise crítica. Esse pensamento possui como característica: a humildade epistemológica, ao não perseguir a verdade;(...) Nesse sentido, Morin (1983) faz uma crítica ao paradigma moderno, chamando-o de paradigma da simplificação.”

“Em contrapartida, vem á tona um conhecimento não dualista, que não faz a separação ente natureza/cultura, objetivo/subjetivo, quantitativo/qualitativo. Além disso, insiste na produção de um conhecimento local e transitório que reconhece a necessidade de uma pluralidade metodológica, pois “cada método é uma linguagem, e a realidade responde na língua que foi perguntada”(Santos,2002.p.48), destacando-se a operação reducionista que daí deriva.”

Resultado de imagem para cartografia“a transdisciplinaridade  busca exatamente a perda da identidade de cada teoria, de cada prática, para ocorrer algo no “entre”, a partir da desestabilização das “certezas” de cada disciplina, apostando ainda na criação de uma relação de intercessão com outros saberes/poderes/disciplinas, pois é nesse “entre” que a invenção acontece, como nos chama a atenção Benevides de Barros (2005)”

“A cartografia se apresenta como valiosa ferramenta de investigação, exatamente para abarcar a complexidade, zona de indeterminação que a acompanha, colocando problemas, investigando o coletivo de forças em cada situação, esforçando-se para não se curvar aos dogmas reducionistas.”

“Drawin (2001), método corresponderia a um caminho levado a um fim, associado a uma “reinvindicação de um trabalho, de um renovado esforço, o que não seria necessário se já se possuísse uma fórmula prefixada, e se o caminho para o conhecimento já houvesse sido conquistado”(p.10). Nessa perspectiva, o método é uma nova proposta para reencontrar o saber que se encontra em crise.”

“A cartografia, como portadora de certa concepção de mundo e de subjetividade, a serem apresentados abaixo, traz um novo patamar de problematização, contribuindo para a articulação de um conjunto de saberes, inclusive outros que não apenas o científico, e favorecendo a revisão de concepções hegemônicas e dicotômicas.”

“o método cartográfico “desencadeia um processo de desterritorialização no campo da ciência, para inaugurar uma nova forma de produzir o conhecimento, um modo que envolve a criação, a arte, a implicação do autor, artista, pesquisador, cartógrafo” (Mairesse, 2003, p.259)


“A subjetividade é constituída por múltiplas linhas e planos de forças que atuam ao mesmo tempo: linhas duras, que detêm a divisão binaria de sexo, profissão, camada social, e que sempre classificam, sobrecodificam os sujeitos; e linhas flexíveis, que possibilitam o afetamento da subjetividade e criam zonas de indeterminação, permitindo-lhe agenciar.”

“De acordo com Rolnik (1999), as rupturas de sentido ocorrem quando a subjetividade é lançada na processualidade da vida e se vê forçada a trilhar novos caminhos via agenciamento maquínicos, produtivos, a habitar novas formas de viver. Esse é o movimento próprio da vida, da criação. As linhas da subjetividade compõem o território existencial, o modo de existência de cada um de nós, e também possibilitam que se exerça a invenção.”

“O plano de organização sustenta as linhas duras da subjetividade, enquanto o plano de consistência sustenta suas linhas flexíveis, que podem se transformar em linhas de fuga que se dirigem para a invenção, para a estranheza da vida. Um território existencial é formado quando os elementos heterogêneos que compõem a subjetividade ganham alguma homogeneidade, determinada composição. Esse território localiza-se na interface entro o que se repete e é conhecido e o que pode afetar, desterritorializar, produzir outra composição , via agenciamentos.”

“o que a cartografia persegue, a partir do território existencial do pesquisador, é o rastreamento das linhas duras, do plano de organização, dos territórios vigentes, ao mesmo tempo em que também vai atrás das linhas de fuga, das desterritorializações, da eclosão do novo.”

“a cartografia se contrapõe às pesquisas cientificistas tradicionais, objetivando romper com as dicotomias teórico-prática, sujeito-objeto, articulando pesquisador e campo de pesquisa.”

“Os paradigmas emergentes e a cartografia ainda constituem desafios para nós, pesquisadores formados dentro de uma tradição moderna, acostumados a fragmentar, a racionalizar e a perseguir a verdade.”
“a cartografia aponta para a construção de saídas e inspirações para quem se propõe a estudar a realidade, promovendo uma flexibilização metodológica, que tem como intuito escapar da reprodução e do acomodamento intelectual, características necessárias para acompanhar as mudanças”

Resultado de imagem para cartografia“A cartografia exige rigor e, no caso , não se trata somente da sustentação da singularidade e da invenção, mas também o uso dos conceitos incorporados à processualidade da pesquisa, sustentando a pressão exercida pelo plano de forcas no território acadêmico.(...) seu uso não deve ser dogmático, hermético.”
“a produção de conhecimento calcada na cartografia implica um exercício de desapego `as formas acadêmicas dominantes e instituídas, ainda que elas estejam imanentemente presentes.”