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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Desafios de uma politica publica para a formação de gestores culturais: experiência e pesquisas

 Maria Helena Cunha, Desafios de uma politica publica para a formação de gestores culturais: experiência e pesquisas.Fichamento: Pensar e Agir com a cultura: desafios da gestão cultural. Org. Jose Marcio Barros e José Oliveira Junior. Belo Horizonte. Observatório da Diversidade Cultural, 2011. 156p.

“Não nos duvidamos mais da necessidade de formulação de uma política de formação para esses profissionais -, nos deparamos com o nosso maior desafio: coloca-la em pratica, em âmbito nacional, diante da grande extensão do território brasileiro e de sua diversidade cultural.” P 35

“No caso especifico brasileiro, as transformações sociopolíticas e históricas ocorridas, principalmente, a partir da década de 1980, quando a retomada da democracia politica no Brasil (Diretas Já) permitiu o redesenho da estrutura institucional publica de cultura e foram criadas secretarias estaduais e municipais e o próprio Ministério da Cultura, em 1985.Isso significou uma reordenação da logica de funcionamento do setor, que iria influenciar diretamente as atividades da classe artística, da produção e, consequentemente, da própria atuação do setor privado diante das iniciativas culturais.” p 36

“Podemos considerar que a gestão cultural é uma profissão contemporânea complexa que, além de estabelecer um compromisso com a realidade de seu contexto sociocultural, politico e econômico, tem ainda o desafio de estruturar um processo formativo para esses profissionais, seja no ambiente não formal, sena na academia.” P 36

‘”Outro desafio é a própria dimensão do território nacional, que exige uma politica de investimento em formação que respeite as características locais, mas que tenha referencias comuns e suficientemente coletivizados que possam construir uma base mais solida no que diz respeito à transmissão de conhecimentos específicos do campo da gestão cultural.” P37

“Mac Grecor também comece a sua abordagem pela questão que nos mobiliza neste momento – “ Por que nós temos que profissionalizar os promotores culturais?” E ele mesmo responde: “ Porque já não se pode fazer a gestão a partir do tradicional paternalismo autoritário elitista. (...) Em muitos sentidos o processo de gestão cultural é um processo educativo, é um processo comunicativo.” Continua: “Porque há que se profissionalizar os gestores para criar vínculos, pontes e redes. O gestor é um construtor de pontes com metodologia sustentada na práxis, práxis entendida na maneira freiriana como um processo de reflexão e ação sobre o mundo para transformá-lo, para refletir sobre o que nós vamos fazer e agir”(ANAIS, p.91) “ p 38

“a realidade brasileira, podemos considerar que, praticamente, não temos uma politica clara e objetiva de politica de formação de gestão cultural, seja ela publica ou privada. Assistimos a ações esporádicas e não sistemáticas de iniciativas de formação local e regional e não uma politica especifica que direcione, minimamente, os parâmetros formativos para o setor. Embora ações de formação para a área venham sendo realizadas há mais de dez anos consecutivos, são experiências localizadas e sem um formato sistêmico de caráter nacional.” P 41

“Não se trata de transpor uma experiência para realidades tão diversas, mas que é possível aprender com as boas práticas e partir para ações mais efetivas.” P 41

“Pesquisa sobre o setor de cultura dos municípios brasileiros (IBGE) nos apresenta, entre outras variáveis, uma radiografia sobre o perfil dos recursos humanos do setor publico municipal da cultura (...)Constatou-se, a partir dos dados levantados, um elevado nível de escolaridade dos titulares dos órgão de gestão cultural. Temos números significativos: 84,3% têm nível superior e 34,6% têm pós-graduação(...) pesquisa também realizada em parceria por IBGE/MinC , (...) divulgada em 2007. (...)constatou que o setor cultural já ocupa 3,7 milhões de trabalhadores, prevalecendo o nível de escolaridade mais elevado do que no mercado de trabalho em geral. (...) em contraposição, deparamos com alguns resultados relativos ao grau de instrução dos funcionários municipais e identificamos um alto índice de funcionários de ensino médio em todas as regiões do país (...) temos duas regiões que se destacam, comparativamente, pelo alto índice de funcionários com pós graduação: a região Centro-Oeste, com 14%, e a região Sul, também com 14%, logo abaixo vem a região Sudeste com 5,18%. No caso específico das duas primeiras regiões, podemos supor que os alunos dos cursos de pós-graduação existentes estão, de fato, sendo absorvidos como mão de obra especializada para ocuparem cargos nos órgãos públicos de cultura.” P 41, 42

“Outro ponto a ser considerado refere-se aos cursos que predominam na área cultural. Foi identificada uma ampla diversificação relativa à formação superior. (...)podemos analisar a partir desses dados, do ponto de vista da gestão cultural, é que essa diversidade de áreas de formação aponta para a própria complexidade e riqueza do setor, que apresenta uma capacidade de absorver mão-de-obra qualificada.(...) No entanto, aparece um dado, no mínimo curioso: 42,18% dos funcionários que responderam colocam-se na categoria “Outros” (...) Tudo que colocaram como análise não deixará de ser mera especulação, mas podem estar embutidas algumas áreas de formação que não são, a princípio, consideradas do campo cultural ou mesmo como reflexo do alto índice de profissionais com curso médio.” p 42-44

“Devemos considerar que a diversidade de formação acadêmica, associada ao alto índice de funcionários de nível médio no âmbito do setor publico municipal, o que, de certa forma, reflete como os demais setores da sociedade brasileira, aponta para a necessidade de formulação de um programa de formação em gestão cultural diferenciado em diversos níveis de aprofundamento, (...) para que possa atender aos perfis de profissionais vinculados do setor de cultura.” P 45,46




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