FICHAMENTO: A mudança da cultura e a cultura da mudança: cultura, desenvolvimento e transversalidade nas políticas culturais. José Márcio Barros,.in: Pensar e Agir com a cultura: desafios da gestão cultural. Org. Jose Marcio Barros e José Oliveira Junior. Belo Horizonte. Observatório da Diversidade Cultural, 2011. 156p.
“Por
cultura penso, como a Antropologia o faz, um processo através do qual o homem
atribui sentidos ao mundo. Códigos através dos quais pessoas, grupos e
sociedade classificam e ordenam a realidade. A cultura é a instância onde o
homem realiza sua humanidade.” P 50
“para
deixar claro que não existem culturas estáticas e que o debate sobre a relação
entre o desenvolvimento e a diversidade cultural não pode se recusar a esta tensão.
Toda cultura muda,(...)motivada por trocas culturais desastrosas ou por sincretismos
singulares. (...) o que é diferente de cultura para cultura também de
instituição para instituição é o tipo de movimento que resulta a mudança e as
negociações político-simbólicas cm a permanência.” P 51
“Contemporaneamente,
emerge um novo modelo cultural, fruto de uma radical transformação na
experiência com o tempo e com o espaço, motivada pelo que os especialistas
chamam de globalização ou mundialização.” P 52
“Sociedades
contemporâneas são aquelas onde grande parte de nossa experiência identitária e
de cidadania foi deslocada para as relações de consumo. Nestas sociedades, e em
suas instituições, as mudanças não geram necessariamente transformações. São mudanças
conservadoras, motivadas por circunstâncias e não por conceitos” P.52
“Pensar
numa cultura da mudança significa pensar na maneira como sociedade, instituições
e sujeitos constroem sentidos para mudar.p 53
“há
mudanças e mudanças. Mudanças que produzem desenvolvimento e mudanças que
consolidam a permanência da desigualdade, mudanças que produzem movimento e
mudanças que paralisam. É assim que penso a possibilidade da cultura se lugar
de transformações sociais. “ p 53
“é
com a construção política, teórica e metodológica dos indicadores de
desenvolvimento humano que esta relação começa a se esboçar de forma
propositiva, através da ampliação do conceito de desenvolvimento para além da realização
econômica e a construção de indicadores políticos e culturais.” P 54
“Além
de gerar trabalho e fazer circular riquezas, a participação da cultura no
desenvolvimento se dá também na maneira como ela oferece aos indiciduos, grupos
e sociedades algo que lhe é essencial: a identidade. Aqui a identidade dever
ser entendida como valor que marca e produz autoestima. Portanto, uma
identidade que pode produzir oportunidades e empreendimento.” P 55
“A
cultura gera desenvolvimento humano porque fornece instrumentos de
conhecimento, reconhecimento e autoconhecimento. Ou seja, porque gera
identidade. Na segunda dimensão, a cultura incide sobre as condições materiais
de vida, gerando riqueza.” P 55
“Kliksberg
(2001), chama a atenção para o fato de que o conceito de “capital social” abriu
portas para um vigoroso processo de revisão das relações entre cultura e
desenvolvimento.” P 57
“Do
ponto de vista antropológico, a diversidade cultural constitui o grande patrimônio
da humanidade. “p 57
“A
diversidade cultural, tanto no interior de cada sociedade, quanto entre as
diferentes e distantes realidades, configura-se como a mais radical expressão
da singularidade humana.” P 58
“A compreensão
da diversidade cultural e sua integração com a questão do desenvolvimento, da
cidadania e da transformação social vêm exigindo cada vez mais, especialmente,
entre aqueles protagonistas de projetos e iniciativas culturais emancipatórias,
um grande esforço reflexivo que possa avançar as duas polaridades mais
imediatamente reconhecíveis neste campo.” P64
“Articular
cultura, diversidade e desenvolvimento vem exigindo posturas e perspectivas
mais dinâmicas, (...) a compreensão de que a proteção da diversidade cultural não
significa a adoção de medidas restritivas que condenem cada cultura a ela
própria,mas a adoçaõ de medidas politicas e econômicas que evitem a
transformação das trocas culturais em processos de mão única, que reforça, a
concentração cultural e submetem a cultura à lógica exclusiva do mercado globalizado.”
P 65
“O
desafio hoje, a todos que, de lugares os mais diferentes, a partir de
estratégias as mais diversas, tomam a memória e a subjetividade como
instrumento insubstituíveis na construção das identidades no contexto da
diversidade cultural, é o de, para uns, “criar condições para o enfrentamento
da experiência dos vazios de sentidos, provocados pela dissolução de suas
figuras,” visando a reconstrução de sua condição de sujeito ativo, para outros,
o de, ao “viciar-lhe em seu eu histórico”, moldá-lo como sujeito aberto às transformações
e às diferenças.” P 66
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