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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ensinar x Educar

Por vezes as pessoas confundem ensinar com educar, quando buscamos os significado dessas palavras em um dicionário vemos que cada uma possui um valor especifico sendo que, ensinar tem como significado "transmitir conhecimentos", "instruir alguém sobre alguma coisa", enquanto a palavra educar também se refere a repassar conhecimentos, porém é uma palavra com um significado mais abrangente e diz "dar a alguém os cuidados necessários para o desenvolvimento de sua personalidade".
O professor deve saber distinguir estas palavras, mas a educação como um todo não se desveicula delas, enquanto ensinamos valores repassamos conhecimentos que fazem do individuo um ser pensante e capaz de desenvolver sua personalidade para evolução individual e social. Paulo freire diz que "ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção", pensando por esse pressuposto percebemos que ensinar é dar possibilidades de conquistas para aquele que aprende, cabe lembrar que o bom "mestre" aprende com cada situação, sendo ela parte do processo de construção do conhecimento e da personalidade dos envolvidos no processo.
Educar então é um ato acometido por todos a todos por todos os momentos! não apenas o professor dentro da escola deve educar as crianças, mas as crianças em casa educar os pais, e os pais seus superiores no trabalho, e assim por diante, esse ato de educação se refere a uma cultura e identidade de um povo. O Brasil passa atualmente por diversos problemas talvez sem solução para alguns, porém apenas com a educação e comprometimento no ensino que um povo poderá ter suas peculiaridades entendidas e conseguirá autonomia.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A língua de sinais e os desafios para educação e letramento de surdos;

Estudos a respeito da surdez e do individuo surdo concebidos a partir do campo dos Estudos Surdos, campo que percebe o cidadão surdo como um sujeito de direito analisando-o no aspecto cultural e linguístico especifico a sua singularidade, porém Quadros nos mostra que atualmente a criança surda vem sendo alfabetizadas com a metodologia igual a de crianças ouvintes, sendo que estas percebem o mundo a partir de outra forma que não a auditiva, relacionar as palavras ao som e não a forma tornam o português uma língua complexa.
Essa especificidade se torna real quando este indivíduo adquiri através da Lei 10.436/2002 o direito de possuir uma língua própria a sua comunidade, colocando desta forma, a língua portuguesa no patamar de segunda língua para estes. O decreto 5.626/2005 veio para colaborar com esta decisão, pois ele estipula a criação de disciplinas de Libras e também estabelece sobre a formação destes profissionais, também estipula pelo menos 5% dos funcionários públicos capacitados para o uso da Libras.
Dá-se então o grande desafio para a efetiva educação das crianças surdas em todo o país, pois a grande maioria dos profissionais do campo da educação ainda não possuem conhecimento a respeito desta especificidade, quanto menos sobre a língua de sinais. Existem diversos incentivos do governo para que isso aconteça, mas a realidade mostra diversas carências no aspecto linguístico destas crianças, que ao chegarem às escolas em muitas das vezes ainda não sabem sobre a Libras ou como se utilizar dela.
Existe por isso uma inversão de papéis da escola onde na prática ainda acontece de surdos serem ensinados tardiamente por pessoas que diversas vezes também não são  fluentes na língua executando um papel errôneo de professores das crianças surdas onde deveriam apenas interpretar o que se passa em sala de aula. Quadros (1997) percebe que a aprendizagem da Língua de sinais pelas crianças surdas deve acontecer de forma natural e a interação social destas crianças o quanto antes com a comunidade surda é muito importante para um processo de alfabetização e letramento adequado e satisfatório.
A língua de sinais deve, portanto, ser concebida como língua materna das crianças surdas e estas deve ter contato com ela o quanto antes, a língua portuguesa é aprendida para ser uma língua de acesso ao conhecimento, assim como as demais línguas escritas. A língua portuguesa deve então, ser ensinada a partir da língua de sinais, baseada em técnicas de segunda língua. Aqui podemos saber que os surdos são visuais e os métodos devem estar de acordo a isso.
A escola possui um grande desafio, o de envolver a família do educando para que este realmente seja incluído, pois o aprendizado efetivo e a real comunicação a partir da Libras deve ser garantido a todo surdo. A escola portanto, tem o papel de difundir e disseminar e com essa atitude o letramento do individuo surdo deve ser de maneira realmente bilíngue, onde este consiga refletir sobre o português compreendendo-o a partir de uma língua significativa. 

Sobre a tradução


A linguagem humana é entendida como a forma que o Homem comunica suas ideias, seus sentimentos, e com ela ele consegue compartilhar aos outros suas angústias e demais sentimento. A linguagem comunicativa do homem é completamente diferente dos demais animais, pois ela é composta de signos e significados, dentro desta dividimos em duas formas a linguagem verbal e a não verbal, as línguas orais e também as de sinais fazem parte do grupo da linguagem verbal, que não se desvincula do “verbo”, já a não verbal não se utiliza de vocábulos ou palavras para se comunicar, nesta lista estão obras de artes, placas de transito, leitura corporal, gestos, dentre outro exemplos.
A linguística é a ciência que trata da linguagem humana, ela estuda os fatos da língua dentro do contexto em que está inserida. Há algum tempo Saussure[1] explicou sobre as contradições da língua x fala, fazendo nos compreender que a língua é algo previamente estipulado por uma sociedade com um conjunto de valores pré-estabelecidos, e esta é um produto do convívio social por isso homogênea, já a fala é sujeita aos fatores externos ao indivíduo a ela, possuindo diferentes formas tendo cada indivíduo sua maneira de falar. Em um de seus livros ele diz:

Por todas essas razões, seria ilusório reunir sob o mesmo ponto de vista, a língua e a fala. O conjunto global da linguagem é incognoscível, já que não é homogêneo, ao passo que a diferenciação e subordinação propostas esclarecem tudo. [...] Cumpre escolher entre dois caminhos impossíveis de trilhar ao mesmo tempo; devem ser seguidos separadamente. Pode-se, a rigor, conservar o nome de Linguística para cada uma dessas duas disciplinas e falar duma Linguística da fala. Será, porém, necessário não confundi-la com a Linguística propriamente dita, aquela cujo único objeto é a língua (SAUSSURE, 1971, p. 28).


Como podemos perceber a Linguística tem a língua como seu objeto de estudo e o uso dela faz parte deste estudo, para se compreender o uso da língua, primeiramente deve-se conhecer a língua e as diversas formas de seu uso. Toda língua é composta por signos linguísticos como explicita Saussure:

Um sistema linguístico é uma série de diferenças de sons combinadas com uma série de diferenças de ideias; mas essa confrontação de um certo número de signos acústicos com outras tantas divisões feitas na massa do pensamento engendra um sistema de valores; e é tal sistema que constitui um vínculo efetivo entre os elementos fônicos e psíquicos no interior de cada signo.Conquanto o significado e o significante sejam considerados, cada qual à parte, puramente diferenciais e negativos, sua combinação é um fato positivo;é mesmo a única espécie de fatos que a língua comporta, pois o próprio da instituição linguística é justamente manter o paralelismo entre essas duas ordens de diferenças (SAUSSURE, 2002, p. 139-140)


Partindo para as línguas de sinais esse sistema linguístico também possui diferentes combinados, e também expressam ideias e expressam um sistema de valores de uma determinada cultura, é importante perceber aqui que traduzir um sistema linguístico para outro, torna-se mais complexo do que o imaginado anteriormente, o tradutor deve conhecer a língua e também seus diferentes usos e significados. ”A tradução envolve a transferência de ‘significado’”( BASSNETT, 2005, pg.35)


O ato tradutório além da tradução literal do texto, deve-se conhecer profundamente a área interpretada, para que a compreensão aconteça de fato, em textos acadêmicos é nítida a necessidade do conhecimento de campo para a efetiva interpretação. A tradução cultural por sua vez, permite ao tradutor a possibilidade de alterar sem modificar o significado, como por exemplo, mudança de sentidos relacionados à audição para outros sentidos, como o olfato.

https://www.youtube.com/watch?v=NQ0_-sHwCtc
https://www.youtube.com/watch?v=jcT2Io-nQwg




[1] Ferdinand de Saussure nasceu em Genebra, em 26 de novembro de 1857. Considerado o Pai da Linguística,  iniciou seus estudos em 1874, e entrou na Sociedade Linguística de Paris. Com apenas vinte anos publicou uma dissertação sobre o sistema de vogais de línguas indo-europeias. Ele ministrou um curso sobre  linguística geral na Universidade de genebra entre os anos de 1907 a 1910,  e deste curso em 1916 saiu o livro “Curso de Linguística Geral”, livro feito após a morte de Saussure, consta sobre os ensinamentos dele, e foi feito por antigos alunos do curso.  

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

O ensino de português e a educação bilíngue para surdos;

O reconhecimento da língua de sinais como meio legal de expressão desta comunidade a partir da Lei 10.436/2002, trouxe ao aspecto linguístico uma nova característica para as concepções de linguagem e de educação dos surdos no Brasil. A caracterização oficial da Libras como língua primeira dos indivíduos surdos no Brasil, fez com que a escola e a educação revesse o papel desta na efetiva educação dos surdos nas escolas ditas inclusivas.
O ensino do português sempre foi motivo de sofrimento para o individuo surdo, a Libras se faz como língua primeira deste individuo e se espera que sua educação e alfabetização se dê nesta língua para que o ensino do português se torne como o ensino de uma segunda língua para estes indivíduos, porém o que acontece hoje é uma escola não preparada para receber este aluno, com professores que mal sabem sobre a surdez e como lidar com ela.
A educação bilíngue propicia ao surdo a utilização do seu direito linguístico, com uma língua que não depende da audição para ser adquirida, na modalidade espaço-visual. A partir do uso constante da Libras, o surdo se torna crítico, capaz de ser um bom leitor e pensador. A educação bilíngue propõe a língua de sinais como primeira língua, portanto ela é a língua utilizada para acesso à informação e o ensino da língua portuguesa se dá como segunda língua, não se esquecendo das características visuais dos surdos.
A escola exerce papel fundamental no desenvolvimento das crianças surdas, tendo em vista que a maioria delas possui pais ouvintes não detentores da língua de sinais, o que dificulta o acesso dessas crianças a sua língua materna. Portanto o professor quando se depara com essa criança precisa se utilizar de diversos artifícios para que esta compreenda o conteúdo. Seria adequado que todos os profissionais envolvidos fossem fluentes em libras, para que assim auxilie o aluno a desenvolver a respeito de sua cultura e identidade.
O uso da Língua de sinais Brasileira – Libras, na esfera educacional proporciona ao aluno surdo diversas possibilidades de reflexão e compreensão do conteúdo. Há algum tempo o uso desta língua no meio educacional foi proibido, o que pode ser percebido quando nos deparamos com a história do Instituto Nacional de Educação dos Surdos que somente a partir da década de 1990 foi liberado o uso da língua de sinais entre professores e alunos.
Com estudo referentes a surdez em alta é notório que o uso da Libras está sendo tido como primordial para que o aluno surdo seja alfabetizado, pois com a Libras mediando o ensino do português este passa a ser compreendido e o significado das palavras mais relevante. O português deve ser ensinado como segunda língua com metodologias adequadas ao aluno surdo.
Não podemos esquecer que em grande parte das vezes as crianças surdas são filhas de pais ouvintes e quando chegam a escola se quer conhecem alguma língua, sendo que o contato com outros indivíduos surdos lhe foi negado e a língua não desenvolvida, somente na escola é que a criança passa a aprender de modo formal uma língua que por diversas  vezes é passada por um profissional não habilitado para isso.Quadros ressalta a importância do contato precoce com a língua de sinais para que seu defict não seja tão perceptível.
https://www.youtube.com/watch?v=vxz3MPtKzk4

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Mídias Interativas, homem x maquina

Podemos dizer que as mídias interativas se caracterizam como um novo espaço de comunicação que pode ser  mais participativo, universal e transparente. Além de informativas, estas mídias são conversacionais (LEMOS, 2010).
Para atender as peculiaridades deste cenário, Nicolau (2008, p.2) propõe um modelo comunicacional baseado no relacionamento: Assim, a partir da instauração de um fluxo permanente de comunicação midiática e do desdobramento de múltiplas conexões entre usuários, instituições e sistemas, entre suportes de interfaces dinâmicas, há formas de relacionamento surgindo e sendo estabelecidas no âmbito de uma nova cultura midiática.
Essa interação homem-máquina é, na verdade, um diálogo entre eles; uma relação comunicacional tão intensa que transforma homem em máquina e máquina em homem: hibridismos como coloca Tomaz Tadeu da Silva:
a indecente interpenetração, o promíscuo acoplamento, a desavergonhada conjunção entre o humano e a máquina. (…) Não existe nada mais que seja simplesmente ‘puro’ em qualquer dos lados da linha de ‘divisão’ (…) De um lado a mecanização e a eletrificação do humano; de outro, a humanização e a subjetivação da máquina (2000:11).
Vivemos a era da convergência onde podemos acessar diversos tipos de suportes, mídias que fazem a distribuição de informações bilaterais, não sendo portanto uma via de mão única. Essa possibilidade de interação e navegação nos chama a atenção para um modelo coerente e consciente de pesquisa.
A internet amplia o processo e acesso para obtenção de resultados na pesquisa, tecnologias como a web 2.0, 3.0 ou web semântica, permite a cooperação entre computadores e humanos interligando o significado de palavras e assuntos, estabelecendo sentidos entre a interação do homem com a maquina. Um facilitador para a procura de determinado conteúdo, pois faz uma relação em cima dos interesses do usuário por meio da web.



sábado, 20 de fevereiro de 2016

Surdez, língua de sinais e culturas surdas;

Alguns ainda percebem a pessoa surda como um deficiente físico, onde a ela lhe falta o sentido da audição, acarretando em uma falha. Essa atitude faz do individuo surdo uma espécie de cobaia, onde médicos, na maioria ouvintes, pretendem encontrar através de implantes e cirurgias a cura para essa surdez, fazendo este individuo ser um cidadão ‘normal’. Aqui encontramos um ponto de luta de alguns Surdos e ouvintes que não concordam com esta atitude, para este outro grupo os indivíduos surdos apenas possuem uma característica linguística diferente dos ouvintes.
A surdez vista a partir do campo dos Estudos Surdos vê esta como uma característica, que faz deste individuo pertencente a uma cultura especifica, cultura muitas vezes sentida apenas por quem realmente é surdo, Lopes (2010) mostra que a surdez deve ser olhada de outra forma que não a da deficiência.  O reconhecimento da língua de sinais como meio legal de expressão desta comunidade no Brasil a partir da Lei 10.436/2002, fez com que mais pessoas se interessassem por este campo de estudo.
A língua de sinais, portanto é a língua utilizada pela comunidade surda e ela é composta por estrutura gramatical própria e assim como as línguas orais existem diferentes línguas de sinais ao redor do mundo. Esta estrutura própria pode ser percebida logo ao primeiro contato com a língua, como a característica da visualidade e a não necessidade da audição para sua compreensão, Quadros diz respeito sobre a língua em diversos materiais didáticos, explicitando sobre suas minúcias e sua complexidade gramatical, então fica claro que o aprendizado dela se dá de forma natural quando o individuo surdo tem contato, por isso ela é considerada a primeira língua dos surdos no país.
O uso da Língua de Sinais Brasileira – Libras, na esfera educacional proporciona ao aluno surdo diversas possibilidades de reflexão e compreensão do conteúdo. Há algum tempo o uso desta língua no meio educacional foi proibido, o que pode ser percebido quando nos deparamos com a história do Instituto Nacional de Educação dos Surdos que somente a partir da década de 1990 foi liberado o uso da língua de sinais entre professores e alunos, porém hoje com estudo referentes à surdez em alta é notório que o uso da Libras é primordial para que o aluno surdo seja alfabetizado, pois com a Libras mediando o ensino do português este passa a ser compreendido e o significado das palavras mais relevante. O português deve ser ensinado como segunda língua com metodologias adequadas ao aluno surdo.
 Mas apenas o uso nas escolas não caracteriza a Libras como língua oficial, para isso realmente acontecer existe uma cultura e comunidade que estão lutando por uma educação de qualidade aos surdos. A cultura surda possui algumas características não pertencentes às demais culturas.  A característica principal está ligada justamente ao fato de não ouvir, sendo assim os demais sentidos vistos de modo diferente, o surdo é capaz de ‘ouvir’ através da visão, do tato, olfato e paladar, com maior ênfase do que os que possuem a audição.
 A cultura surda na atualidade pode ser percebida através da internet, com a agilidade dos vídeos os surdos passaram a se comunicar através deles, e nela só está inclusa aqueles que são pertencentes à comunidade. Os surdos, são cômicos e acreditam não ter como traduzir uma piada, para eles é necessário que o espectador perceba os movimentos e expressões mas isso nem sempre é possível, pois na maioria das vezes os cidadãos ouvintes que não possuem contato com esta cultura também não estão com seus demais sentidos aguçados. O que de fato torna uma barreira na comunicação entre as culturas.
Com essa questão da barreira comunicativa, criou-se uma identidade surda, esta identidade está caracterizada pela escolha linguística que o sujeito surdo escolhe, quando este conhece a língua de sinais e faz dela sua forma de comunicação já pertence a uma comunidade, onde dentro dela estão pessoas ligadas aos surdos de maneira em geral, a característica principal desta comunidade é o uso da língua de sinais como forma de comunicação com surdos. 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Acessibilidade Televisiva e surdez

Com o conceito internalizado a respeito das línguas de sinais e da importância para a comunicação efetiva e eficiente da comunidade surda detentora dela, percebo que a forma utilizada hoje para a acessibilidade televisiva não corresponde de fato ao objetivo por ela esperado. Com o mercado em expansão e novos aparelhos de televisão sendo lançados, as emissoras possuem recursos para de fato incluir os cidadãos Surdos. Não o fazem por diversos motivos, dentre eles acredito que a falta de conhecimento a respeito da Comunidade Surda e de suas carências.
Os sujeitos Surdos, com a falta de acessibilidade, acabam por se sentirem excluídos de uma sociedade em que estão inseridos, vivendo paralelamente ao mundo ouvinte, com sua comunidade surda, onde interage e tem uma vida social ativa e participativa. Aos poucos o mito da deficiência passa a ser esquecido e a realidade da língua de sinais é aceita pela sociedade. Em países mais desenvolvidos já se pode visualizar a comunicação do Surdo em todas as esferas dela.
Partindo pelo pressuposto da aquisição do português pela comunidade surda, a televisão brasileira auxilia de maneira significativa o aprendizado da língua, uma carência que está dentro das escolas de todo o país, onde os professores começam a ser preparados para trabalhar com diversas deficiências, porém a realidade da inclusão não propõe uma proposta bilíngue para eles. A partir dos estudos percebo que o individuo Surdo possui dificuldade na aquisição do português, por um atraso na aquisição de sua primeira língua.
Percebo que a televisão possui um papel importante na construção da cidadania. A comunidade surda como diz REICHERT, ainda que não entenda a língua oral presente no conteúdo televisivo, as imagens e movimento proporcionado pela arte, faz com que o individuo Surdo construa sua identidade e também sua cidadania. O português deve estar presente na vida do individuo Surdo, apenas como forma de aprendizado, porém a maneira dolorosa de se compreender a televisão somente a partir dele, cria por diversas vezes barreiras psicológicas para o efetivo entendimento do que de fato acontece na programação.
A tecnologia já nos proporciona as possibilidades para a concretização desta acessibilidade. A proposta utilizada pelas emissoras é defasada e não atinge seu objetivo. Para aquele surdo que adquiriu a surdez após a fluência do português, ler a legenda se torna fácil e a compreensão do conteúdo significativa, porém para aquele indivíduo que possui como sua primeira língua a Libras assistir televisão passa por diversas vezes para um momento de aprendizagem, com palavras desconhecidas a todo o momento, palavras que por diversas vezes uma criança pode compreender.
Assim como a qualidade da legenda a escolha dos tradutores intérpretes deve passar por uma rigorosa seleção. A Libras, como o inglês ou alemão, exige fluência para o exercício da tradução. A interação com usuários desta língua é fundamental para que o tradutor adapte sua interpretação para uma compreensão nacional desta comunidade. A utilização dos parâmetros é essencial para essa fluência.
Os estudos referentes ao tema são poucos e os meios de telecomunicação em massa ainda não se atentam para a importância deste recurso. A disponibilidade de acesso nas duas línguas dentro da televisão brasileira gera uma gama de oportunidades ao individuo surdo e de como este deve se relacionar em sociedade, lembrando que a televisão pretende entreter e informar ao cidadão brasileiro a respeito dos acontecimentos relacionados ao Brasil e ao mundo. Algumas emissoras propõe também programas educativos, onde educam uma parcela majoritária dos interessados pela informação, deixando o Surdo fora deste conhecimento.
A dependência constante do individuo Surdo de uma pessoa ouvinte para lhe explicar o conteúdo televisivo, mostra a necessidade deste para compreender. Quando o Surdo está desamparado não é somente ele que sofre, mas também todos ao seu redor. Se levarmos em consideração que a maioria das crianças ouvintes, filhas de pais Surdos passam por grande parte da vida exercendo a função de intérprete em sua própria casa, creio que a acessibilidade televisiva deverá ser revista imediatamente.
Desmistificando o preconceito perante a língua de sinais, a sociedade ouvinte pode se relacionar com a comunidade Surda, e assim se tornarem efetivamente membros além da comunidade surda também da sociedade brasileira, exercendo seus direitos e compreendendo o mundo de maneira mais significativa.
Quando digo preconceito sabemos que este vem diminuindo gradativamente, porém a passos lentos, onde os indivíduos surdos sofrem com os olhares curiosos de quem não conhece a Libras. À medida que a sociedade percebe a Libras como uma língua completa e complexa, esses olhares estão se transformando em admiração. Com seu aprendizado tornando um processo doloroso para aqueles que não possuem contato com a comunidade.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Mídias Interativas? O que é?

Para melhor entender a forma de pesquisar na área de mídias interativas devemos atribuir a seu entendimento conceitual quando e como as mídias interativas começaram a fazer parte do cotidiano e a complementar do sistema educacional. Como expõe Georgete Marinete da Silva, as mídias podem contribuir na educação:
“ ...se forem articuladas corretamente, buscando aperfeiçoar o conhecimento e o interesse que o aluno já mostra por elas. É de fundamental importância que a coloquemos como nossa aliada no processo ensino e aprendizagem, visando aguçar a capacidade do educando para o desenvolvimento do seu senso crítico, elaborando atividades que possibilitem a sua criatividade, partindo da sua realidade pessoal
Entendemos por Mídias Interativas como plataformas digitais de comunicação e interação, sendo elas: jogos, mecanismos de pesquisa, websites, vídeos, animações, slides, redes sociais, entre outras. Através dessas plataformas é possível comunicar, transmitir conhecimento, informar, e até educar. Atualmente, com a inserção da internet em diversos aparelhos eletrônicos, as mídias digitais podem ser utilizadas de forma instantânea, garantindo, assim, velocidade de informações e aprendizagem, como definem Elaine e Andy:
Mídia interativa é a integração de mídias digitais incluindo combinações de textos eletrônicos, gráficos, imagens em movimento, e sons, em um estruturado ambiente digital informatizado que permite às pessoas interagir com o mecanismo para a proposta apropriada. O ambiente digital inclui internet, telecomunicações e televisões digitais interativas. (Elaine England e Andy Finney)
Para Burgos (2009) são interfaces virtuais ou digitais com estrutura desenvolvida pelos mecanismos da internet. Essa estrutura é composta por elementos textuais, gráficos e imagéticos, que podem ser acessadas de forma não sequencial e de acordo com as diferentes necessidades dos usuários. A estrutura permite através de ligações (hiperlinks), a interconexão não linear de assuntos em forma de texto (hipertexto eletrônico) e multimídia (som, cor, animação, imagem, vídeo e elementos gráficos). Além disso, segundo a autora, cada mídia possui sua própria singularidade com modificação em sua estrutura, gênero ou estética de acordo com as características da tecnologia que a transmite.

No entanto, isso não quer dizer que tudo desenvolvido pela internet é uma mídia interativa, o ponto chave aqui é justamente a interatividade. Sobre isso, podem ser colocadas em evidência duas questões: a interatividade possibilitada pelas novas mídias; e a interconexão entre pessoas e interação com os conteúdos digitais, sendo a participação do usuário fundamental na produção de conteúdos e na comunicação.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O ensino da língua brasileira de sinais na educação superior;

A Libras é reconhecida hoje pela Lei 10.436/2002, como a língua utilizado para comunicação e acesso da Comunidade Surda Nacional. Com isso, os indivíduos surdos do Brasil passaram a ter o direito de se comunicarem em qualquer que seja o âmbito em sua língua de sinais. Para que isso aconteça de fato o Governo Federal estipulou através do decreto 5.626/2005 que a língua de sinais deveria ser conhecida e praticada por uma camada da sociedade, onde o sujeito surdo exercesse seu direito pleno a comunicação dentro da sociedade Brasileira.
Para que essa acessibilidade aconteça, a lei prevê novas práticas a serem adotadas e o cidadão surdo de fato terá seu direito linguístico preservado, dentre essas estratégias a criação da disciplina de Libras em diversos cursos de graduação e Níveis médios, disciplina que será obrigatória em vários cursos.  A medida realmente se dá de grande valia, tendo em vista que a partir desta disciplina diferentes questões serão abordadas referentes à língua, cultura e identidade surda, o que poderia mudar a realidade do surdo ao se deparar com este profissional.
Percebe-se aqui um problema da educação nacional, a falta de profissionais aptos a exercerem a docência e o ensino da Libras como a lei pretende garantir, Quadros diz a respeito onde a maior dificuldade se dá na formação de profissionais na área da surdez, professores estes, bilíngues capazes de atuar na formação de outros professores. Pois a Libras só teve seu reconhecimento linguístico há algum tempo e ainda existem poucos profissionais formados no curso de Letras/Libras aptos a docência superior. A falta de profissionais capacitados, de materiais didáticos e também da utilização de metodologias adequadas, não somente para trabalhar com surdos, mas também com as diversas Necessidades Educacionais Especiais é um dos maiores problemas da educação brasileira.
Com a utilização de metodologias reflexivas e críticas, o processo de ensino e aprendizagem tende a ser diferente para cada aluno e isso não se faz contrário ao alunado surdo logicamente essas especificidades devem ser levadas em consideração para a elaboração das aulas de Libras. Para Vygotsky o processo de ensino e aprendizagem jamais acontece isolado, existe, portanto uma relação entre pessoas para acontecer esse processo e a mediação do professor é necessária para o desenvolvimento de cada aluno. A relação interpessoal durante o processo é constante e o professor é o mediador entre o conhecimento e o aprendiz.

O processo dialógico, explicitado por Bakhtin, correlaciona estes atores mostrando que é necessário estar todos os agentes em dialogo para que a prática docente de fato seja pertinente dentro do campo da docência superior, atividades pedagógicas reflexivas e metodologias adequadas a cada grupo de alunos devem ser vistas. Mas é necessária a conscientização sobre as falhas existentes diante da realidade nacional para a implementação da disciplina nos cursos de licenciatura, sendo os maiores empecilhos a carência de materiais didáticos e teóricos a respeito desta prática e também poucos profissionais capacitados, com o domínio da Libras.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Metodologias de Ensino de Línguas

O papel do professor hoje tem uma característica diferente do século passado. Hoje a escola é responsabilizada pela sociedade, as famílias colocam a responsabilidade da educação de seus filhos nos professores que passam apenas algumas horas por dia com esses alunos. Com essas mudanças as responsabilidades desse profissional se tornaram maiores e não terminaram as dificuldades com diversas situações como falta de materiais fundamentais para o exercício de sua função.
Consegue se perceber através da prática as diferenças significativas que podem ocorrer nas diversas modalidades de ensino, dentro do ensino de línguas a Libras se encaixa como metodologia de língua estrangeira para os ouvintes, a maioria deles não possuem contato com a comunidade surda e o processo de aprendizagem se torna demorado, levando em consideração que não existe a imersão.
Ainda não existem muitos estudos que falam a respeito das metodologias do ensino de línguas de sinais, mas sabe-se que as métodos utilizados para adquirir uma segunda língua depende de diversos fatores para sua eficácia Gesser diz:

O processo de aquisição/aprendizagem de L2/LE é fenômeno bastante complexo, pois há nele uma variedade de fatores. Por exemplo, idade, gênero, interesse, aptidão, e fatores sócio-psicológicos como motivação, personalidade, atitude, estilo cognitivo, estratégico são de suma importância para se compreender se ocorre e como ocorre a aprendizagem pelos alunos.(GESSER, 2010,p. 34)


Já o ensino para indivíduos surdos possui outra metodologia, tendo em vista que esta é sua primeira língua, e o aprendizado acontece de maneira gradual, visualmente, através da interação. Aos poucos quando o individuo começa a observar a língua ele vai percebendo e criando conceitos. Isto também acontece com os indivíduos ouvintes, mas por ser uma modalidade diferente, esse possuem aprendizados diferentes. (VYGOTSKY, 2000)
O ensino de línguas por sua vez possui diversos estudos, mas a intencionalidade na maioria das vezes é com relação as línguas orais, que por diversos momentos é possível colocar as línguas de sinais nas regras destas. O importante, portanto, é conseguir conciliar a metodologia de ensino de línguas correta para se alcançar o resultado esperado.
Até o século XVIII perdurou no ensino de línguas estrangeiras o método da Gramática e Tradução, “Trata-se de uma mera continuação da maneira como se ensinava o latim e o grego há séculos, com o único objetivo de formar eruditos.” (BOAS, p.3), aqui então, o ensino das línguas estrangeiras priorizava a leitura. Ao final do século XIX o método Direto prevalece, onde as aulas passam a ser ministradas na língua alvo e abole-se o uso de traduções.
Surge então no século XX o método Audiolingual, utilizado pelo exercito para aprender rapidamente a língua dos inimigos, considerado um método eficaz e rápido, a intensidade das aulas faz do método muito eficaz, segundo BOAS, as aulas eram ministradas durante oito a dez semanas todos os dias de oito a doze horas por dia, e segundo ele foram ensinadas mais de cinquenta línguas com sucesso para soldados neste método.
Com as ideias Gerativistas de Chomsky, surgem alguns novos métodos de ensino após a década de setenta, destacando-se a relevância do caráter afetivo para a eficácia do aprendizado. Dentre esses métodos propostos a Abordagem Comunicativa, discute como a proficiência pode ser alcançada em alguma língua, a principal característica dessa abordagem é a importância dada para o significado da língua em seus diferentes contextos.
No caso do ensino de Língua de Sinais como segunda língua[1], deve- se observar essa característica do uso da língua em seus contextos. A língua de sinais é viva e como qualquer outra sofre alterações com relação ao uso de determinadas expressões ou palavras. O busca pelo contato e convívio do aprendiz de Libras com a comunidade surda é essencial para que esse uso seja aperfeiçoado a cada dia.




[1] Quando me refiro a Libras como segunda língua, expresso por parte da comunidade Ouvinte, pois sabemos que o surdo após ter contato com a língua de sinais ‘normalmente’ se identifica e assume a Libras como sua primeira língua e deixando o português para sua segunda língua.

Tecnologia e Educação



A utilização dos meios digitais para fins educacionais tem o objetivo de preparar o educando para desenvolver sua consciência critica através de metodologias mais atuais. No mundo contemporâneo onde o uso da tecnologia é constante, a abordagem faz uso dela, porém não a coloca como parte fundamental do processo e sim como mediador dele. O uso da linguagem digital colabora para a expressão critica do individuo, utilizando de sequencias lógicas de imagens para essa expressão. Na atualidade, os indivíduos convivem com a cultura digital diariamente, fazendo dessa cultura parte integrante de seu cotidiano, mas percebemos que o sistema midiático tem o objetivo de tornar o individuo manipulável e a utilização desse próprio sistema como instrumento torna a obtenção da autonomia e criticidade algo mais inerente fazendo deste cidadão um ser pensante, capaz de se utilizar de instrumentos dessa cultura para a expressão crítica, onde os valores e significados tomam sentido através da linguagem digital.  Portanto a educação digital vem para acrescentar as metodologias já utilizadas sem descaracterizar a função educacional.


“A educação digital crítica não tem como fim a instrumentalização, mas desenvolver a consciência do individuo para se expressar criticamente por meio da linguagem digital.”

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O que é tradução?


Quando nos remetemos ao termo tradução, leigamente entendemos como somente transmitir de um código para outro, mas sabemos que esse processo é mais complicado do que a própria palavra, quando vemos em um dicionário o significado da palavra traduzir, percebemos que ele diz que é um ato de “transladar”, ou seja, transpor de um lugar para outro, quando dizemos que estamos traduzindo, não é apenas o ato de dizer sinais da língua de sinais no lugar das palavras do português, é muito além, afinal a compreensão depende do nível de aproximação com a comunidade surda.
Bassnett logo no inicio do livro Estudos da Tradução esclarece:

Tradução envolve a transferência do “significado” contido em um conjunto de signos de linguagem em um outro conjunto de signos de linguagem através do uso competente do dicionário e da gramática, o processo envolve também um conjunto completo de critérios extralinguísticos. (2005, p. 35)

Portanto o tradutor precisa conhecer a língua alvo para conseguir transferir o conceito real para ela. O ato de traduzir se inicia quando começamos a conhecer determinada língua, por exemplo quando crianças que tentamos dizer o que esta em nossa mente mas ainda não conhecemos os significados de todas as palavras, o interessante é que começamos a traduzir o mundo a nossa maneira. (MASSUTTI, 2009).
A necessidade de conhecer a fundo as duas línguas é fundamental para que a tradução realizada seja alcançada, pois “Não existe nenhuma língua capaz de dar conta de outra língua, pois a língua se apresenta como uma formação que se fecha sobre si mesma”(ROSA, 2005, p.63), com isso a tradução não deve ser literal, contendo transferência apenas de significado palavra por palavra, mas sim com a transferência do conceito pretendido pela língua do autor a ser traduzido. As questões culturais também devem ser levadas em conta, assim como diversos fatores referentes as língua envolvidas na tradução, (ROSA, 2005). 


domingo, 14 de fevereiro de 2016

Educação Bilíngue e políticas Educacionais para surdos;

A educação bilíngue propicia ao surdo a utilização do seu direito linguístico, com uma língua que não depende da audição para ser adquirida, na modalidade espaço-visual. A partir do uso constante da Libras, o surdo se torna crítico, capaz de ser um bom leitor e pensador. A educação bilíngue propõe a língua de sinais como primeira língua, portanto ela é a língua utilizada para acesso à informação e o ensino da língua portuguesa se dá como segunda língua, não se esquecendo das características visuais dos surdos.
A escola exerce papel fundamental no desenvolvimento das crianças surdas, tendo em vista que a maioria delas possui pais ouvintes não detentores da língua de sinais, o que dificulta o acesso dessas crianças a sua língua materna. Portanto o professor quando se depara com essa criança precisa se utilizar de diversos artifícios para que esta compreenda o conteúdo. Seria adequado que todos os profissionais envolvidos fossem fluentes em libras, para que assim auxilie o aluno a desenvolver a respeito de sua cultura e identidade.
O que de fato não acontece nas escolas inclusivas onde a Libras é utilizada apenas como acesso ao português, não existindo adaptações a cultura do aluno, onde na maioria das vezes os alunos são considerados incluídos, porém as metodologias apenas tentam iguala-lo ao ouvinte, não existindo um respeito as características linguísticas deste aluno. 
A Comunidade Surda e pesquisadores discutem a respeito da importância de ofertar uma educação bilíngue aos surdos, para a valorização da capacidade e singularidade do alunado surdo.
Cabe também a todos os envolvidos no processo educativo o conhecimento a respeito da especificidade com a qual se pretende trabalhar. As políticas educacionais adotadas no país colaboram para a difusão e propagação da Libras, porém de fato existem diversas falhas, pois a organização sobre o que deve ser ensinado, se quer foi discutida, portanto esta política exerce o papel de controlar, mas é a escola e o profissional da educação que são os agentes causadores desta revolução educacional. A política educacional da inclusão fez do surdo pertencente a comunidade mas é somente em sala de aula que o professor passa a perceber as singularidades deste individuo.
A criação da disciplina de Libras com caráter obrigatório nos cursos de licenciatura e formação de professores, também fonoaudiologia em todo o país é uma das políticas adotadas pelo governo na intenção de mudança desta realidade. A oferta da disciplina em cursos de formação pretende informar sobre a surdez e a libras para futuros profissionais da educação. Mas existem falhas no processo, pois o país não possui profissionais habilitados e capacitados para a docência no campo superior, de modo a suprir toda a carência nacional.
A falta de sistematização da disciplina, a carência de material didático e também teórico pedagógico sobre a questão é o maior impasse exercido por essa política nacional. Apesar das falhas o processo acontece de maneira gradual, com pesquisas surgindo de todas as esferas a respeito do tema, a criação de cursos para formação de professores habilitados em Libras, e vagas destinadas a estes cursos ofertadas apenas pelo SISU são metodologias implementadas no país para a formação destes profissionais habilitados.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

O processo histórico e as concepções de surdez, linguagem e educação de surdos;

O Grande Calvário dos Surdos, disponível em: falandocomasmaos.webnode.com.br, acesso:13/02/2016 as:11:25 a.m

A história dos surdos no Brasil e também no mundo, passou por diversas etapas e na maioria das vezes etapas de sofrimento e discriminação. As pessoas com diferenças de maneira geral sofrem ou sofreram algum tipo de discriminação, e o fato do surdo não ouvir é um grande problema para a aquisição da língua oral o que fazia do individuo surdo por muitas vezes ser confundido com uma pessoa desprovida de suas capacidades mentais. Desde 1880 no congresso de Milão a língua gestual é desaprovada e o método oral seria o mais adequado para a educação de surdos.
Em 1855 chega ao Brasil um professor surdo francês Ernest Huet, e em 1857 abriu uma escola para pessoas surdas. Esta história é rica de informações e pode ser conferida em diversos periódicos do próprio Instituto.( www.ines.gov.br )  É interessante que ele já possuía uma pequena observação a respeito da capacidade de aprendizagem ou não da língua oral e a disciplina ”Linguagem sobre os lábios” era ministrada apenas aos alunos que mostrassem aptidão para o ato.
Em todo o processo histórico do instituto podemos observar a tentativa de normatização e inclusão do surdo, oferecendo alternativas de educação e profissionalização para eles nas diversas localidades que passaram a possuir um órgão pertinente a educação destes indivíduos.  Apesar de todos os avanços trazidos ao Brasil para a educação de surdos, os métodos utilizados não colaboravam para o desenvolvimento dos alunos surdos, e muitos professores passaram a utilizar a língua de sinais para comunicar com os alunos.
 Ao término da década de 1970 o Brasil é invadido pela corrente filosófica da Comunicação total, onde varias formas de comunicação são possíveis para o entendimento, a mistura de gestos, mímicas com oralização.  Só então a metodologia educacional dos surdos passou a tomar características diferentes, pois a concepção de surdez passa a ser revista. E ao fim da década de 1990 o bilinguismo toma parte dos surdos no Brasil, que passam a lutar para se comunicarem em sua língua, uma língua de sinais que não depende do canal auditivo para ser compreendida.
A surdez como deficiência traz uma característica negativa ao individuo que apenas utiliza outro canal para se comunicar, existe, portanto apenas diferenças culturais distintas daqueles que são capazes de ouvir. A surdez vista a partir do campo dos Estudos Surdos vê esta como uma característica que faz deste individuo pertencente a uma cultura especifica, cultura muitas vezes sentida apenas por quem realmente é surdo, Lopes (2010) mostra que a surdez deve ser olhada de outra forma que não a da deficiência. 
A educação dos surdos passou por varias etapas, o oralismo, onde o maior objetivo era o de fazer com que o surdo aprendesse a língua oral dominante e por vezes proibiam os surdos de se comunicarem em sua língua; a comunicação total, onde todas as formas e atitudes para existir a comunicação era permitida e por fim o bilinguismo, onde os indivíduos surdos são visto de maneira a receberem uma instrução da língua oral majoritária em característica de segunda língua utilizando a língua de sinais como mediadora para alcançar o conhecimento.
O reconhecimento da língua de sinais como meio legal de expressão desta comunidade a partir da Lei 10.436/2002, trouxe ao aspecto linguístico uma nova característica para as concepções de linguagem e de educação dos surdos no Brasil. A caracterização oficial da Libras como língua primeira dos indivíduos surdos no Brasil, fez com que a escola e a educação revesse o papel desta na efetiva educação dos surdos nas escolas ditas inclusivas. 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Concepções de língua e linguagem e o processo de ensino-aprendizagem de libras;

A língua nada mais é do que um conjunto de elementos que possuem significados em uma determinada sociedade e constituem a comunicação destes a partir da linguagem. Saussure no inicio do século XX separava a língua da fala, para ele a linguagem é como se dá a parte social da fala.  A fala é como o individuo exterioriza a língua convencionada socialmente, sendo que o ato comunicativo se dá a partir de uma linguagem comum ao meio.
Quando adquirimos uma primeira língua em grande maioria não percebemos a aquisição, mas o processo para essa aquisição foi longo e as experiências externas ao individuo são fundamentais para a construção das significações mentais.  Essa primeira língua normalmente é adquirida em casa através dos pais.
Mas no caso de crianças surdas filhas de pais ouvintes, por vezes essa língua somente é adquirida quando a criança entra em idade escolar.  Sendo assim, por diversas vezes até a criança chegar a escola ela ainda não possui uma língua de acesso para comunicar e conviver socialmente, o que  torna tardio o desenvolvimento da consciência.
A Libras, portanto é a língua natural e primeira a ser adquirida pelos surdos, o processo de ensino e aprendizagem dela deve possuir metodologias adequadas e de características especificas para surdos, levando em consideração que para se ensinar ao publico ouvinte o ensino deve possuir características de segunda língua.
 A Libras possui especificidades que para os surdos podem parecer simples, porém como observado no cotidiano muitos ouvintes possuem dificuldade em aprender, Quadros (2009), mostra regras da estrutura gramatical própria da língua de sinais, como o uso das expressões faciais para caracterizar adjetivação do sinal.


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A língua de Sinais e o seu papel no processo da construção da escrita e das práticas de letramento;

A língua de sinais hoje é reconhecida como a língua utilizada pela comunidade surda. Esta língua as vezes é confundida por gestos e mímicas, mas na realidade ela é composta por regras e estrutura gramatical própria, baseada na visualidade. O uso dela já foi proibido na esfera educacional, e isto pode ser comprovado quando nos deparamos com a história do Instituto Nacional de Educação de Surdos, onde apenas na década de 90 seu uso foi permitido entre professores e alunos, o reconhecimento linguístico obtido através da lei 10. 436/2002 é uma conquista enriquecedora para a comunidade surda. Portanto o cidadão surdo é um sujeito de direito detentor de uma língua e cultura diferente dos demais cidadãos.

A utilização desta língua para a construção da escrita é de suma importância, sabe-se que para exercer a comunicação e a linguagem é necessário à aquisição de uma língua, no caso das crianças surdas que em sua maioria são filhas de pais ouvintes, não conhecedores a respeito da cultura e identidade surda, sofrem uma privação de sua língua e quando chegam à escola por volta de seus três anos de idade ainda não possuem uma língua adquirida, Vygotsky revê o papel da linguagem na relação do individuo com a sociedade ela é, portanto parte constitutiva do individuo e a escola com seus profissionais capacitados no uso da Libras passam a ensinar aquela criança a língua de sinais e só a partir dai ela possui o contato e interações sociais que as complementam.
Dá-se então um grande desafio para a complexa engrenagem do processo educativo, tendo em vista que por diversas vezes o profissional que se depara com a criança surda também não possui conhecimento a respeito e só então passa e estudar e aprender com ela. Ainda para Vygostky a aprendizagem depende de uma relação entre o individuo e o meio, com isso o uso constante da Língua de sinais é necessário para que a criança desenvolva suas habilidades linguísticas o que impulsiona ao desenvolvimento humano, para isso acontecer além do envolvimento da escola é necessário que a família esteja sempre presente.
A aquisição tardia da língua de sinais por vezes pode atrasar o aprendizado da língua portuguesa escrita, pensando que para conseguir de fato concretizar o aprendizado em uma segunda língua é necessário o domínio em uma primeira língua, Fernandes (2000) estabelece uma relação sobre a identificação do mundo para os indivíduos surdos que adquiriram sua língua tardiamente e sua interação com o meio a partir da língua de sinais, essa interação é concreta e muitas vezes não é possível retardar todo o atraso adquirido pela falta da linguagem.
 O aprendizado do português deveria acontecer através de metodologias adequadas com características de segunda língua para o sujeito surdo onde o conhecimento se torna significativo porque existe a utilização de características da visualidade que fazem com que uma língua oral dependente da audição tome características visuais, sendo a Língua de Sinais utilizada como meio de instrução possibilitando o raciocínio diante de uma língua significativa, Vygotsky em 1935 já dizia que o problema da educação dos “deficientes” era apenas o baixo intercambio sociocultural.
O letramento a partir da língua materna traz uma gama de possibilidade ao individuo surdo, sendo ele capaz de utilizar da leitura em seus mais diversos contextos sociais, compreendendo o significado real da escrita. Para isso é preciso um contato direto com a língua, dá se então a dificuldade dos surdos, tendo em vista que quando nos lembramos de escrita automaticamente nos remetemos ao som, e este input auditivo não é obtido e por diversas vezes também não houve o input visual, por isso a necessidade de se pensar novas metodologias de ensino do português para surdos. Para Quadros (1997) a língua de sinais é adquirida naturalmente e a criança precisa do contato com ela o quanto antes.

Práticas retrógradas que focam o aprendizado da língua portuguesa relacionada ao som devem ser eliminadas, o ensino deve levar em consideração o entendimento a partir da forma das letras, dando ênfase em sua leitura, compreensão e produção; tornando o processo de letramento algo importante e prazeroso. Com metodologias adequadas voltadas para a visualidade e também a espacialidade que a Libras possui. Metodologias que para serem aplicadas exigem o conhecimento sobre a comunidade e cultura por diversas vezes não conhecido pela comunidade ouvinte em geral. O uso de recursos visuais como imagens e filmes. Sendo então a língua de sinais a mediadora do processo de ensino e aprendizagem e da construção da escrita.