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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A língua de Sinais e o seu papel no processo da construção da escrita e das práticas de letramento;

A língua de sinais hoje é reconhecida como a língua utilizada pela comunidade surda. Esta língua as vezes é confundida por gestos e mímicas, mas na realidade ela é composta por regras e estrutura gramatical própria, baseada na visualidade. O uso dela já foi proibido na esfera educacional, e isto pode ser comprovado quando nos deparamos com a história do Instituto Nacional de Educação de Surdos, onde apenas na década de 90 seu uso foi permitido entre professores e alunos, o reconhecimento linguístico obtido através da lei 10. 436/2002 é uma conquista enriquecedora para a comunidade surda. Portanto o cidadão surdo é um sujeito de direito detentor de uma língua e cultura diferente dos demais cidadãos.

A utilização desta língua para a construção da escrita é de suma importância, sabe-se que para exercer a comunicação e a linguagem é necessário à aquisição de uma língua, no caso das crianças surdas que em sua maioria são filhas de pais ouvintes, não conhecedores a respeito da cultura e identidade surda, sofrem uma privação de sua língua e quando chegam à escola por volta de seus três anos de idade ainda não possuem uma língua adquirida, Vygotsky revê o papel da linguagem na relação do individuo com a sociedade ela é, portanto parte constitutiva do individuo e a escola com seus profissionais capacitados no uso da Libras passam a ensinar aquela criança a língua de sinais e só a partir dai ela possui o contato e interações sociais que as complementam.
Dá-se então um grande desafio para a complexa engrenagem do processo educativo, tendo em vista que por diversas vezes o profissional que se depara com a criança surda também não possui conhecimento a respeito e só então passa e estudar e aprender com ela. Ainda para Vygostky a aprendizagem depende de uma relação entre o individuo e o meio, com isso o uso constante da Língua de sinais é necessário para que a criança desenvolva suas habilidades linguísticas o que impulsiona ao desenvolvimento humano, para isso acontecer além do envolvimento da escola é necessário que a família esteja sempre presente.
A aquisição tardia da língua de sinais por vezes pode atrasar o aprendizado da língua portuguesa escrita, pensando que para conseguir de fato concretizar o aprendizado em uma segunda língua é necessário o domínio em uma primeira língua, Fernandes (2000) estabelece uma relação sobre a identificação do mundo para os indivíduos surdos que adquiriram sua língua tardiamente e sua interação com o meio a partir da língua de sinais, essa interação é concreta e muitas vezes não é possível retardar todo o atraso adquirido pela falta da linguagem.
 O aprendizado do português deveria acontecer através de metodologias adequadas com características de segunda língua para o sujeito surdo onde o conhecimento se torna significativo porque existe a utilização de características da visualidade que fazem com que uma língua oral dependente da audição tome características visuais, sendo a Língua de Sinais utilizada como meio de instrução possibilitando o raciocínio diante de uma língua significativa, Vygotsky em 1935 já dizia que o problema da educação dos “deficientes” era apenas o baixo intercambio sociocultural.
O letramento a partir da língua materna traz uma gama de possibilidade ao individuo surdo, sendo ele capaz de utilizar da leitura em seus mais diversos contextos sociais, compreendendo o significado real da escrita. Para isso é preciso um contato direto com a língua, dá se então a dificuldade dos surdos, tendo em vista que quando nos lembramos de escrita automaticamente nos remetemos ao som, e este input auditivo não é obtido e por diversas vezes também não houve o input visual, por isso a necessidade de se pensar novas metodologias de ensino do português para surdos. Para Quadros (1997) a língua de sinais é adquirida naturalmente e a criança precisa do contato com ela o quanto antes.

Práticas retrógradas que focam o aprendizado da língua portuguesa relacionada ao som devem ser eliminadas, o ensino deve levar em consideração o entendimento a partir da forma das letras, dando ênfase em sua leitura, compreensão e produção; tornando o processo de letramento algo importante e prazeroso. Com metodologias adequadas voltadas para a visualidade e também a espacialidade que a Libras possui. Metodologias que para serem aplicadas exigem o conhecimento sobre a comunidade e cultura por diversas vezes não conhecido pela comunidade ouvinte em geral. O uso de recursos visuais como imagens e filmes. Sendo então a língua de sinais a mediadora do processo de ensino e aprendizagem e da construção da escrita.

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