A
língua de sinais hoje é reconhecida como a língua utilizada pela comunidade
surda. Esta língua as vezes é confundida por gestos e mímicas, mas na realidade
ela é composta por regras e estrutura gramatical própria, baseada na
visualidade. O uso dela já foi proibido na esfera educacional, e isto pode ser
comprovado quando nos deparamos com a história do Instituto Nacional de Educação
de Surdos, onde apenas na década de 90 seu uso foi permitido entre professores
e alunos, o reconhecimento linguístico obtido através da lei 10. 436/2002 é uma
conquista enriquecedora para a comunidade surda. Portanto o cidadão surdo é um
sujeito de direito detentor de uma língua e cultura diferente dos demais
cidadãos.
A
utilização desta língua para a construção da escrita é de suma importância,
sabe-se que para exercer a comunicação e a linguagem é necessário à aquisição
de uma língua, no caso das crianças surdas que em sua maioria são filhas de
pais ouvintes, não conhecedores a respeito da cultura e identidade surda,
sofrem uma privação de sua língua e quando chegam à escola por volta de seus
três anos de idade ainda não possuem uma língua adquirida, Vygotsky revê o papel
da linguagem na relação do individuo com a sociedade ela é, portanto parte
constitutiva do individuo e a escola com seus profissionais capacitados no uso
da Libras passam a ensinar aquela criança a língua de sinais e só a partir dai
ela possui o contato e interações sociais que as complementam.
Dá-se então um grande desafio para a complexa engrenagem do processo educativo,
tendo em vista que por diversas vezes o profissional que se depara com a
criança surda também não possui conhecimento a respeito e só então passa e
estudar e aprender com ela. Ainda para Vygostky a aprendizagem depende de uma
relação entre o individuo e o meio, com isso o uso constante da Língua de
sinais é necessário para que a criança desenvolva suas habilidades linguísticas
o que impulsiona ao desenvolvimento humano, para isso acontecer além do
envolvimento da escola é necessário que a família esteja sempre presente.
A
aquisição tardia da língua de sinais por vezes pode atrasar o aprendizado da
língua portuguesa escrita, pensando que para conseguir de fato concretizar o
aprendizado em uma segunda língua é necessário o domínio em uma primeira língua,
Fernandes (2000) estabelece uma relação sobre a identificação do mundo para os
indivíduos surdos que adquiriram sua língua tardiamente e sua interação com o
meio a partir da língua de sinais, essa interação é concreta e muitas vezes não
é possível retardar todo o atraso adquirido pela falta da linguagem.
O aprendizado do português deveria acontecer
através de metodologias adequadas com características de segunda língua para o
sujeito surdo onde o conhecimento se torna significativo porque existe a
utilização de características da visualidade que fazem com que uma língua oral
dependente da audição tome características visuais, sendo a Língua de Sinais
utilizada como meio de instrução possibilitando o raciocínio diante de uma
língua significativa, Vygotsky em 1935 já dizia que o problema da educação dos
“deficientes” era apenas o baixo intercambio sociocultural.
O
letramento a partir da língua materna traz uma gama de possibilidade ao
individuo surdo, sendo ele capaz de utilizar da leitura em seus mais diversos
contextos sociais, compreendendo o significado real da escrita. Para isso é
preciso um contato direto com a língua, dá se então a dificuldade dos surdos,
tendo em vista que quando nos lembramos de escrita automaticamente nos
remetemos ao som, e este input auditivo não é obtido e por diversas vezes
também não houve o input visual, por isso a necessidade de se pensar novas
metodologias de ensino do português para surdos. Para Quadros (1997) a língua
de sinais é adquirida naturalmente e a criança precisa do contato com ela o
quanto antes.
Práticas
retrógradas que focam o aprendizado da língua portuguesa relacionada ao som
devem ser eliminadas, o ensino deve levar em consideração o entendimento a
partir da forma das letras, dando ênfase em sua leitura, compreensão e
produção; tornando o processo de letramento algo importante e prazeroso. Com
metodologias adequadas voltadas para a visualidade e também a espacialidade que
a Libras possui. Metodologias que para serem aplicadas exigem o conhecimento
sobre a comunidade e cultura por diversas vezes não conhecido pela comunidade
ouvinte em geral. O uso de recursos visuais como imagens e filmes. Sendo então a
língua de sinais a mediadora do processo de ensino e aprendizagem e da
construção da escrita.
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