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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Surdez, língua de sinais e culturas surdas;

Alguns ainda percebem a pessoa surda como um deficiente físico, onde a ela lhe falta o sentido da audição, acarretando em uma falha. Essa atitude faz do individuo surdo uma espécie de cobaia, onde médicos, na maioria ouvintes, pretendem encontrar através de implantes e cirurgias a cura para essa surdez, fazendo este individuo ser um cidadão ‘normal’. Aqui encontramos um ponto de luta de alguns Surdos e ouvintes que não concordam com esta atitude, para este outro grupo os indivíduos surdos apenas possuem uma característica linguística diferente dos ouvintes.
A surdez vista a partir do campo dos Estudos Surdos vê esta como uma característica, que faz deste individuo pertencente a uma cultura especifica, cultura muitas vezes sentida apenas por quem realmente é surdo, Lopes (2010) mostra que a surdez deve ser olhada de outra forma que não a da deficiência.  O reconhecimento da língua de sinais como meio legal de expressão desta comunidade no Brasil a partir da Lei 10.436/2002, fez com que mais pessoas se interessassem por este campo de estudo.
A língua de sinais, portanto é a língua utilizada pela comunidade surda e ela é composta por estrutura gramatical própria e assim como as línguas orais existem diferentes línguas de sinais ao redor do mundo. Esta estrutura própria pode ser percebida logo ao primeiro contato com a língua, como a característica da visualidade e a não necessidade da audição para sua compreensão, Quadros diz respeito sobre a língua em diversos materiais didáticos, explicitando sobre suas minúcias e sua complexidade gramatical, então fica claro que o aprendizado dela se dá de forma natural quando o individuo surdo tem contato, por isso ela é considerada a primeira língua dos surdos no país.
O uso da Língua de Sinais Brasileira – Libras, na esfera educacional proporciona ao aluno surdo diversas possibilidades de reflexão e compreensão do conteúdo. Há algum tempo o uso desta língua no meio educacional foi proibido, o que pode ser percebido quando nos deparamos com a história do Instituto Nacional de Educação dos Surdos que somente a partir da década de 1990 foi liberado o uso da língua de sinais entre professores e alunos, porém hoje com estudo referentes à surdez em alta é notório que o uso da Libras é primordial para que o aluno surdo seja alfabetizado, pois com a Libras mediando o ensino do português este passa a ser compreendido e o significado das palavras mais relevante. O português deve ser ensinado como segunda língua com metodologias adequadas ao aluno surdo.
 Mas apenas o uso nas escolas não caracteriza a Libras como língua oficial, para isso realmente acontecer existe uma cultura e comunidade que estão lutando por uma educação de qualidade aos surdos. A cultura surda possui algumas características não pertencentes às demais culturas.  A característica principal está ligada justamente ao fato de não ouvir, sendo assim os demais sentidos vistos de modo diferente, o surdo é capaz de ‘ouvir’ através da visão, do tato, olfato e paladar, com maior ênfase do que os que possuem a audição.
 A cultura surda na atualidade pode ser percebida através da internet, com a agilidade dos vídeos os surdos passaram a se comunicar através deles, e nela só está inclusa aqueles que são pertencentes à comunidade. Os surdos, são cômicos e acreditam não ter como traduzir uma piada, para eles é necessário que o espectador perceba os movimentos e expressões mas isso nem sempre é possível, pois na maioria das vezes os cidadãos ouvintes que não possuem contato com esta cultura também não estão com seus demais sentidos aguçados. O que de fato torna uma barreira na comunicação entre as culturas.
Com essa questão da barreira comunicativa, criou-se uma identidade surda, esta identidade está caracterizada pela escolha linguística que o sujeito surdo escolhe, quando este conhece a língua de sinais e faz dela sua forma de comunicação já pertence a uma comunidade, onde dentro dela estão pessoas ligadas aos surdos de maneira em geral, a característica principal desta comunidade é o uso da língua de sinais como forma de comunicação com surdos. 

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