Estudos
a respeito da surdez e do individuo surdo concebidos a partir do campo dos
Estudos Surdos, campo que percebe o cidadão surdo como um sujeito de direito analisando-o
no aspecto cultural e linguístico especifico a sua singularidade, porém Quadros
nos mostra que atualmente a criança surda vem sendo alfabetizadas com a
metodologia igual a de crianças ouvintes, sendo que estas percebem o mundo a
partir de outra forma que não a auditiva, relacionar as palavras ao som e não a
forma tornam o português uma língua complexa.
Essa
especificidade se torna real quando este indivíduo adquiri através da Lei
10.436/2002 o direito de possuir uma língua própria a sua comunidade, colocando
desta forma, a língua portuguesa no patamar de segunda língua para estes. O
decreto 5.626/2005 veio para colaborar com esta decisão, pois ele estipula a
criação de disciplinas de Libras e também estabelece sobre a formação destes
profissionais, também estipula pelo menos 5% dos funcionários públicos
capacitados para o uso da Libras.
Dá-se então o grande desafio para a efetiva educação das crianças
surdas em todo o país, pois a grande maioria dos profissionais do campo da
educação ainda não possuem conhecimento a respeito desta especificidade, quanto
menos sobre a língua de sinais. Existem diversos incentivos do governo para que
isso aconteça, mas a realidade mostra diversas carências no aspecto linguístico
destas crianças, que ao chegarem às escolas em muitas das vezes ainda não sabem
sobre a Libras ou como se utilizar dela.
Existe
por isso uma inversão de papéis da escola onde na prática ainda acontece de
surdos serem ensinados tardiamente por pessoas que diversas vezes também não
são fluentes na língua executando um papel
errôneo de professores das crianças surdas onde deveriam apenas interpretar o
que se passa em sala de aula. Quadros (1997) percebe que a aprendizagem da
Língua de sinais pelas crianças surdas deve acontecer de forma natural e a
interação social destas crianças o quanto antes com a comunidade surda é muito
importante para um processo de alfabetização e letramento adequado e
satisfatório.
A
língua de sinais deve, portanto, ser concebida como língua materna das crianças
surdas e estas deve ter contato com ela o quanto antes, a língua portuguesa é
aprendida para ser uma língua de acesso ao conhecimento, assim como as demais
línguas escritas. A língua portuguesa deve então, ser ensinada a partir da
língua de sinais, baseada em técnicas de segunda língua. Aqui podemos saber que
os surdos são visuais e os métodos devem estar de acordo a isso.
A escola possui um grande desafio, o de envolver a família do
educando para que este realmente seja incluído, pois o aprendizado efetivo e a
real comunicação a partir da Libras deve ser garantido a todo surdo. A escola
portanto, tem o papel de difundir e disseminar e com essa atitude o letramento
do individuo surdo deve ser de maneira realmente bilíngue, onde este consiga
refletir sobre o português compreendendo-o a partir de uma língua
significativa.
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